Licenciamento ambiental

Órgãos ambientais da União, estados e municípios enviam críticas a projeto de lei sobre licenciamento

Comissão Tripartite aponta riscos de fragilização da política ambiental com criação de rito acelerado para projetos estratégicos

Davi Alcolumbre e Hugo Motta durante sessão que inaugurou a 3ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura, em 3/2/2025 (Foto Jefferson Rudy/Agência Senado)
Plenário do Congresso durante sessão que inaugurou a 3ª Sessão Ordinária da 57ª Legislatura, em 3 de fevereiro de 2025 (Foto Jefferson Rudy/Agência Senado)

Representantes ambientais da União, estados e municípios aprovaram esta semana uma posição conjunta sobre o projeto de lei 2.159/2021, que propõe a criação de uma Lei Geral do Licenciamento Ambiental.

O texto, elaborado por integrantes da Comissão Tripartite Nacional do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), será encaminhado à Câmara dos Deputados como subsídio técnico ao processo legislativo, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Formada há mais de duas décadas, a comissão reúne gestores federais, estaduais e municipais para discutir a coordenação da política ambiental entre os entes.

A articulação é liderada pelo MMA, com participação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), além de gestores estaduais e municipais responsáveis pelos órgãos de Meio Ambiente, indicados pela Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) e pela Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma).

O documento defende que o texto da lei precisa garantir regras claras, segurança jurídica e agilidade administrativa, sem enfraquecer os mecanismos de controle ambiental.

Segundo o colegiado, as recomendações se baseiam em experiências acumuladas pelas diferentes esferas de governo na aplicação do licenciamento ambiental em todo o país, diz o MMA em nota.

Entre os pontos de alerta, o grupo critica a ausência de diretrizes nacionais mínimas, o que pode gerar desequilíbrios entre os estados e comprometer o funcionamento integrado do Sisnama. Essa função hoje é desempenhada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), responsável pela definição de normas gerais e pela mediação entre os entes federativos.

A comissão também manifesta preocupação com o uso ampliado da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), mecanismo voltado a projetos de baixo risco.

Para os signatários, sua aplicação a obras com maior potencial de impacto, como duplicações de rodovias e expansão de ferrovias, distorce o caráter declaratório do instrumento e enfraquece o modelo preventivo do licenciamento.

Outro ponto questionado é o Licenciamento Ambiental Especial (LAE), voltado a projetos classificados como “estratégicos”.

Embora reconheça o objetivo de acelerar processos, a Comissão Tripartite avalia que a tramitação em fase única, com prazos reduzidos, “pode comprometer gravemente a qualidade da análise e representa um sério risco à identificação e mitigação adequada dos impactos ambientais”.

O documento, que será entregue ao relator do projeto na Câmara, defende ajustes no texto para evitar retrocessos na governança ambiental e preservar o equilíbrio entre agilidade administrativa e rigor técnico.

Confira o posicionamento na íntegra.

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