Congresso

Mercado busca apoio no Congresso para resguardar agências e maior alcance da ANP no combate a fraudes

Frente parlamentar se mobiliza para se preservar agência de contingenciamento e abre diálogo com estados para articulação na fiscalização de combustíveis

Deputado Federal Julio Lopes fala ao Plenário da Câmara durante sessão solene em homenagem ao Dia Mundial das Doenças Raras, em 28/2/2024 (Foto Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
Deputado Julio Lopes (PP/RJ) fala ao Plenário da Câmara em 28 de fevereiro de 2024 (Foto Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

BRASÍLIA – Agentes regulados que sentiram os efeitos da crise orçamentária em 2024 buscaram apoio da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo para articular apoio às agências reguladoras e evitar que novos contingenciamentos voltem a paralisar atividades vitais.

Em dezembro, a Brasil Competitivo anunciou que estuda apresentar um projeto de lei para, ao menos, limitar o contingenciamento do orçamento pelo Poder Executivo a uma parcela do ano anterior. Inicialmente, fala-se em blindar ao menos 80% dos orçamentos das agências.

Ao cabo, trata-se de uma articulação empresarial e de parlamentares para empurrar a regulação como tema prioritário do ano.

A frente será presidida este ano pelo deputado do Rio, Julio Lopes (PP), autor do projeto de criação do Operador Nacional do Sistema de Combustíveis (ONSC), a tentativa de criação de uma entidade financiada com recursos privados para monitorar “em tempo real” a movimentação dos produtos, como defende o parlamentar.

“Todos os grandes investimentos estratégicos dependem de regulação”, ressaltou Lopes, em um evento em fevereiro que reuniu representantes de dez agências em Brasília.

O governo federal também estuda uma proposta para o ONSC, em discussão na Casa Civil, mas a criação de uma nova entidade enfrenta resistências na Esplanada e não é consenso no setor de downstream. A possibilidade de um ONS dos combustíveis servir para monitorar preços acendeu um alerta no mercado em 2024.

Na ANP, o caminho preferido é ampliar a colaboração com estados e com a Receita Federal, que já detém dados fiscais das operações realizadas desde o refino até os postos de combustíveis.

“A maior integração entre a ANP, órgãos fazendários, polícias e Ministérios Públicos é condição essencial para o combate à criminalidade nesse segmento em benefício da competitividade de diversos setores da economia do país”, diz Daniel Maia, que representou a ANP na reunião.

Maia é relator do caso Copape, formuladora de combustível investigada pela ANP e na operação Cassiopeia, acusada pelo Ministério Público de São Paulo de crimes como lavagem de dinheiro e suposta ligação com o PCC.

A ANP, com apoio da frente parlamentar, busca uma aproximação com os governos do Rio e de São Paulo, centros nervosos do mercado de combustíveis nacional. “Foi prontamente atendida pelo deputado Júlio Lopes, conhecedor dos temas regulados pela ANP, sugestão para que a Frente possa promover a necessária interlocução entre a agência e governadores de estados em busca de maior articulação entre as instituições frente a irregularidades no setor de combustíveis”.

ANP tem R$ 50 milhões em proposta orçamentária

Com orçamentos enxutos – o que tende a se repetir em 2025 – tanto a ANP (petróleo, gás e combustíveis), como a Aneel (energia elétrica) tiveram problemas para manter sistemas em funcionamento com os cortes determinados pelo governo federal.

No caso da ANP, o arrocho chegou a derrubar por dois meses o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC), que monitora os combustíveis no varejo e é termômetro de fraudes e adulterações na cadeia.

Na proposta do governo, o orçamento da ANP foi reduzido de R$ 2,487 para R$ 2,467 bilhões, variação pequena, mas agravada pelo fato que R$ 2 bilhões são reserva de contingência e boa parte do restante é alocado em despesas com pessoal.

São apenas R$ 51 milhões para as atividades fins de regulação, ante R$ 61 milhões em 2024.

O Congresso Nacional enfim definiu um calendário para aprovação do orçamento federal de 2025, com três meses de atraso e após chegar a um acordo mínimo com o Supremo Tribunal Federal para o pagamento de emendas. As negociações estão tomando forma esta semana.

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