Combustíveis e Bioenergia

O novo plano de Lira para reduzir o ICMS dos combustíveis e da energia

Presidente da Câmara garante para dia 24 a votação de um projeto que fixa o teto da alíquota de ICMS em 17%

Arthur Lira (PP/AL) preside sessão no plenário da Câmara dos Deputados (Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)
Arthur Lira (PP/AL) preside sessão no plenário da Câmara dos Deputados (Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)

RIO — O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), garantiu para a próxima terça-feira (24/5) a votação de um projeto que fixa o teto da alíquota dos combustíveis e da energia elétrica em 17% nos estados. 

Entenda: fixar um teto de 17% para todos os combustíveis teria efeito nulo sobre o diesel, mas pode forçar estados a desonerarem a gasolina — cuja tributação está, em média, em 27,1%. A cobrança de ICMS sobre o diesel, por sua vez, é de 13,8%, na média, enquanto no etanol a média é de 18,7% e no GNV, 14,3%.

“Esse não é um debate político ou ideológico. É um debate de país. Vou conclamar todos os Poderes para refletirmos sobre a realidade emergencial do mundo de hoje, que afeta o povo e exige ações institucionais com visão de nação”, publicou Lira, no Twitter.

Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência para o PLP 18/2022. O texto de Danilo Fortes (União/CE) classifica os combustíveis, energia elétrica, comunicações e o transporte coletivo como serviços essenciais e indispensáveis para fins tributários, o que impede a majoração das alíquotas de ICMS. 

Com isso, os estados ficariam impedidos de aumentar a alíquota além dos 17%.

Recentemente, o próprio Superior Tribunal Federal (STF) reconheceu essa tese para telecomunicações e energia, em ação movida pela Lojas Americanas. 

Neste caso específico, o STF reconheceu que seria inconstitucional a elevação das alíquotas para 25%, prevista pela legislação de Santa Catarina, e fixou o teto de 17%.

Contexto: A discussão ocorre após a tentativa frustrada do governo de desonerar os combustíveis dos impostos estaduais, por meio da lei complementar 192/2022. A legislação deu duas alternativas aos estados: congelar a base de cálculo do ICMS com base em uma média de cinco anos; ou reformar o tributo e passar a cobrar uma alíquota fixa sobre o preço do litro de diesel na origem (monofasia).

O Confaz decidiu adotar então uma alíquota fixa de R$ 1,006 por litro, a partir de 1º de julho. Na prática, esse patamar é maior do que o aplicado em parte dos estados e não houve a fixação de uma mesma cobrança em todo o país. Isso porque os estados definiram a possibilidade de aplicação de um desconto sobre a alíquota padrão – permitindo a alguns deles chegarem à alíquota atualmente praticada. A Advocacia-Geral da União entrou com uma ação no STF para suspender os efeitos do convênio do Confaz. O pedido foi prontamente acatado pelo ministro André Mendonça.

Novo plano para reduzir ICMS foi tratado com Sachsida

A nova estratégia para alterar o ICMS dos combustíveis – e, agora, o da energia – foi discutida ontem na reunião entre Lira, líderes partidários da base aliada e o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.

“Tivemos uma reunião bastante produtiva e o ministro Sachsida vai se reunir com a Aneel e distribuidoras para buscar uma saída equilibrada para diminuição desse repasse que, apesar de ser contratual, pode ser minimizado”, disse Arthur Lira, a jornalistas, após a reunião.

Entre os deputados que participaram do encontro, a avaliação é a de que a Câmara enviou um recado ao novo ministro: se o Executivo não trouxer nenhuma sugestão viável, os parlamentares vão votar o projeto de lei que suspende os reajustes aprovados pela Aneel.

A agência aprovou, em abril, reajuste médio de 17% para 13 distribuidoras em 11 estados.

Na semana passada, Danilo Fortes  reiterou que o PDL que suspende os reajustes das tarifas de energia é uma medida de pressão política. Ele defendeu, no entanto, um acordo negociado antes de a Câmara recorrer, de fato, à intervenção na Aneel.

A Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara realizou na semana passada uma audiência pública para tratar do tema.

No evento, o superintendente de Gestão Tarifária da Aneel, Davi Antunes Lima, afirmou que um terço da tarifa de energia é tributo. O ICMS responde por 20%da tarifa.

Se os governadores abdicarem de parte do crescimento da receita nominal, seria possível reduzir tarifas em 5%, defendeu. Também apoiou o uso dos créditos tributários referentes à cobrança de PIS/Cofins para abater reajustes.

Senador defende reabertura das revisões das tarifas

No Senado, Fábio Garcia (União Brasil/MT) quer colocar em pauta a utilização de créditos tributários para abater as tarifas de energia elétrica

A Aneel reconhece a possibilidade de usar os créditos e já aplicou essa solução em alguns casos.

A discussão é se há necessidade ou não de se levar o assunto à Câmara para garantir a aplicação este ano, no recálculo dos reajustes recentemente aprovados pela Aneel.

“O crédito pertence aos consumidores de energia elétrica porque foram eles que pagaram por isso”, afirma Garcia.

Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a retirada do ICMS dos estados da base de cálculo do PIS/Cofins federais sobre energia elétrica, por entender que se tratava de uma bitributação.

“A distribuidora simplesmente fez o papel de repassar isso ao fisco durante um tempo. E agora, com a decisão do Supremo, a distribuidora fica com crédito porque foi ela que repassou, mas quem pagou e a quem pertence esse crédito são os consumidores”, diz Fábio Garcia.