O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes trabalhou nos últimos anos para purificar sua imagem. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Maior estado produtor de petróleo do Brasil, o Rio de janeiro verá chegar ao governo estadual este ano, invariavelmente, um novo grupo político. O fim da hegemonia do MDB com a prisão de todos seus principais caciques estaduais pela Lava Jato abriu as portas para novas composições de forças na esteira do vácuo político. Mas o desafio do novo governador será recuperar as finanças de um estado em frangalhos e sob intervenção federal na segurança enquanto permanecem dúvidas sobre a recuperação econômica e a expectativa de valorização do preço do barril do petróleo, que gera a segunda maior receita do estado com royalties e participações especiais.
Egresso do MDB, embora tenha passado antes por outras quatro legendas, o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes trabalhou nos últimos anos para purificar sua imagem. Morou no exterior no período em que a Lava Jato fez suas piores vítimas no estado: seu antigo padrinho e ex-governador Sérgio Cabral, o ex-presidente do MDB no Rio Jorge Picciani e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Ao menos para angariar apoio político a estratégia deu certo.
+ O que o petróleo representa para o Rio?
+ Alerj instala frente parlamentar para acompanhar ANP em campos maduros
+ Alerj vai ao Supremo contra leilão do pré-sal
Paes voltou, aproximou-se de seu mais antigo desafeto na política, o também ex-prefeito César Maia, apresentou-se como pré-candidato ao governo vestido pela imagem de nova política que o antigo PFL trabalha para construir a partir de Brasília com Rodrigo Maia e ACM Neto, e angariou o maior número de apoiadores entre os pré-candidatos da corrida.
O ex-prefeito já tem declarados os apoios do PP, comandado pelo vice-governador Francisco Dornelles, do PTB, dominado no Rio pela família de Roberto Jefferson, e do PR, comandado no estado pelo deputado federal Altineu Côrtes e que indicou como vice na chapa o também deputado federal Marcelo Delaroli. Paes conta também com a simpatia de alguns dos maiores caciques do PSDB no Rio, entre eles o deputado estadual Carlos Osório, seu antigo secretário na prefeitura da capital.
Acostumado a formar grandes coligações, Paes ainda negocia com outros partidos, como o Solidariedade. Mas sem o apoio da máquina do MDB está longe de formar uma aliança do tamanho da sua base na reeleição à prefeitura do Rio em 2010, quando agrupou 20 siglas na coligação.
O desafio de Paes na corrida será conseguir descolar-se do MDB, seu antigo partido cuja imagem tornou-se radioativa no estado com as prisões e o desastre da gestão de Luiz Fernando Pezão, que governa sob a maior crise fiscal já enfrentada pelo estado. Com esse passivo, Paes pode ter dificuldades para apresentar-se como um gestor de sucesso na sua passagem pela prefeitura. Seu sucessor, Marcelo Crivella (PRB), governa entre dívidas que diz ter herdado de Paes.
O fim da hegemonia do MDB deu gás a um antigo opositor dos caciques do partido: o ex-governador Anthony Garotinho. Aliado ao atual prefeito da capital, Crivella, Garotinho vai tentar colar em Paes a imagem do MDB. Contra Garotinho e sua esposa, a ex-governadora Rosinha Garotinho, pesam denúncias de crimes eleitorais que acabaram levando os dois para a prisão no final do ano passado.
Ao receber o apoio do Patriotas à sua pré-candidatura, o ex-governador e pré-candidato agradeceu à militância da legenda e afirmou que “ela vai às ruas para lutar para reconstruir nosso estado, destruído por Cabral, Pezão, Picciani e Eduardo Paes”.
Abatido quando era grande força política do Rio, o MDB ainda chegou a esboçar uma candidatura própria ao Palácio Guanabara. O plano não foi adiante por falta de candidatos. Todos os três nomes ventilados declinaram do convite feito pelo presidente estadual, Leonardo Picciani, e preferiram lançar-se a cargos no legislativo. Nos bastidores, políticos fluminenses da chapa de Eduardo Paes afirmam que o MDB estará na sua base, mas apenas informalmente, para não atrapalhar suas chances de vitória.
Os dois principais grupos na disputa do Rio foram formados nos últimos dois anos, muito embora seus cabeças de chapa sejam velhos conhecidos do eleitorado fluminense. Mas o vácuo de poder no estado com a derrocada do MDB acalenta também os sonhos de outros candidatos. Na centro-direita, Índio da Costa (PSD), que já esteve nos governos de Cabral, Paes e até Crivella, lançou sua pré-candidatura independente; Romário ameaça fazer o mesmo, embora tenha desistido das duas últimas eleições majoritárias no estado para compor a base de Pezão e Crivella em troca de nomeações em secretarias.
Acéfalo desde a prisão do presidente Lula, o PT foi até agora incapaz de estruturar uma candidatura própria no terceiro maior estado da federação, mas optou pela filósofa Márcia Tiburi ao chanceler de Lula, Celso Amorim, enquanto a direção nacional não define a candidatura presidencial que poderá influenciar nas composições estaduais.
O PT há muito perdeu espaço na esquerda do Rio para o Psol, que este ano lançará mais uma vez o vereador e professor Tarcísio Motta, enquanto as estrelas da legenda, Chico Alencar e Marcelo Freixo se lançam ao Senado e à Câmara dos Deputados, respectivamente, pela primeira vez.
Ainda centro–esquerda, de olho nos 10,8 milhões de eleitores do estado, o PDT dará um palanque ao presidenciável Ciro Gomes com a candidatura de Pedro Fernandes, filho da vereadora mais votada da capital, Rosa Fernandes.
Na extrema-direita, o deputado fluminense e candidato à presidência, Jair Bolsonaro, não sinalizou ainda a formação de chapa no estado. Sem conseguir encontrar um vice para sua própria candidatura, Bolsonaro tampouco indicou candidato de seu partido ao governo do Rio.
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});