A definição do ministério do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) deverá se acelerar nos próximos dias, mas os primeiros nomes foram confirmados nesta segunda (29).
No poderoso ministério da Fazenda, que poderá ser renomeado para Economia, figura desde o início o economista Paulo Guedes.
Para a estratégica Casa Civil, foi escolhido o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
E para o Ministério da Defesa, a escolha recaiu sobre o general reformado Augusto Heleno.
Na pasta de Ciência e Tecnologia, o astronauta brasileiro Marcos Pontes, que é tenente-coronel da Aeronaútica, também foi confirmado por Bolsonaro e ele próprio admitiu que aceitaria a missão.
A meta máxima de 15 ministérios, por exemplo, já não é uma certeza.
A primeira polêmica surgiu com a tão anunciada e propagada pelo candidato fusão entre as pastas da Agricultura e Meio Ambiente. Após receber visitas de empresários, exportadores, e de representantes do agronegócio, ficou claro que é preciso analisar eventuais prejuízos na economia internacional com as possíveis mudanças.
Hoje, o principal discurso de Bolsonaro é afirmar que irá ouvir e avaliar todas as vertentes políticas e econômicas antes de tomar qualquer decisão.
Quem é Paulo Guedes?
Paulo Guedes é carioca, tem 69 anos, e é formado em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com mestrado pela Universidade de Chicago. É conhecido no meio acadêmico, tendo lecionado na PUC-Rio e na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi um dos fundadores, em 1983, do Banco Pactual.
Também foi sócio-fundador e diretor executivo da JGP Gestão de Recursos, onde era um dos responsáveis pela supervisão da gestão do Fundo JGP Hedge e pela estratégia das operações. Tornou-se membro do conselho diretor da PDG Realty Empreendimentos e Participações, da Abril Educação e da Localiza Rent a Car.
Ajudou a fundar o Instituto Millenium, um centro de pensamento econômico, e também foi sócio-fundador do grupo financeiro BR Investimentos, que se tornaria parte da Bozano Investimento.
Guedes garantiu que a prioridade de sua pasta será a retomada do crescimento com o controle dos gastos públicos e a segurança jurídica para atrair investimentos privados e reverter o cenário de desemprego.
Afirmou que vai construir um marco regulatório para os investimentos em infraestrutura. Segundo ele, o alto custo no Brasil é resultado da falta de segurança jurídica. Ao lamentar os resultados que atribuiu ao atual modelo econômico adotado no país, ele citou o endividamento “em bola de neve”, a estagnação do crescimento e os 13 milhões de desempregados atualmente no Brasil.
“Vamos ter 10 a 20 anos de entradas de investimentos privados que são o motor do crescimento econômico. A maior máquina de inclusão social são os investimentos e empregos privados”, afirmou
No rol das medidas a serem adotadas, ele ainda elencou a reforma da Previdência e as privatizações como forma de redução da despesa com juros. “Não é razoável o Brasil gastar US$ 100 bilhões por ano em juros da dívida. O Brasil reconstrói uma Europa todo ano sem conseguir tirar o Brasil da miséria”, disse, fazendo uma comparação com o Plano Marshall aplicado no pós-guerra para a reconstrução da economia europeia.
Quem é Onyx Lorenzoni?
O deputado gaúcho Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi escolhido para a Casa Civil pelo trabalho de articulação legislativa desempenhado com sucesso no Congresso, meses antes do início da campanha, arregimentando maioria parlamentar de sustentação a Bolsonaro.
Onyx tem 64 anos, nascido em Porto Alegre, formado em medicina veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Está em seu quarto mandato como deputado federal, depois de exercer dois mandatos como deputado estadual.
No Congresso, Onyx é apontado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) como um dos parlamentares mais influentes. Participou de 12 CPIs, com destaque para a dos Correios, e a da Petrobras. Em 2016, foi relator do projeto que transforma as 10 Medidas contra Corrupção, propostas pelo Ministério Público Federal (MPF), em lei.
Generais na Esplanada
O general Heleno tem 70 anos, é nascido em Curitiba e formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). É considerado uma das pessoas que gozam do maior prestígio e respeito por parte de Bolsonaro.
Heleno foi o primeiro comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), de junho de 2004 a setembro de 2005. Antes disso, no início de sua carreira, foi primeiro colocado de sua turma de cavalaria na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).
No posto de major, integrou a missão militar brasileira de instrução no Paraguai. Como coronel, comandou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas, e foi adido militar da Embaixada do Brasil em Paris, acreditado também em Bruxelas.
Como oficial-general, foi comandante da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada e do Centro de Capacitação Física do Exército, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército e do Gabinete do Comandante do Exército. O general também foi comandante militar da Amazônia.
Ministro astronauta
O tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Marcos Pontes tem 55 anos e é natural de Bauru (SP). Notabilizado como o primeiro astronauta brasileiro, que atingiu o espaço em março de 2006, à bordo de uma nave russa, após anos treinando na Nasa, irá comandar a pasta de Ciência e Tecnologia.
Formou-se no Colégio Liceu Noroeste, em Bauru em 1980. Em 1984, recebeu o bacharelado em tecnologia aeronáutica da Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga. Em 1989, iniciou o curso de engenharia aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, recebendo o título de engenheiro em 1993. Em 1998, obteve o mestrado em engenharia de sistemas pela Naval Postgraduate School, em Monterrey, Califórnia.
Em junho de 1998, foi selecionado para o programa espacial da Nasa, para a candidatura a que o país tinha direito no programa espacial do governo americano, pelo fato de integrar o esforço multinacional de construção da Estação Espacial Internacional.
Iniciou o treinamento obrigatório em agosto daquele ano no Centro Espacial Lyndon Johnson, em Houston. Em dezembro de 2000, ao concluir o curso, foi declarado oficialmente astronauta da Nasa.
Cotados
Também aparece cotado para um ministério da Infraestrutura o general da reserva Oswaldo de Jesus Ferreira, 64 anos, que atuou em Brasília como um dos coordenadores do plano de governo de Bolsonaro. O general, que chegou ao posto máximo da carreira como chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército, tem como meta retomar as obras paralisadas, o que exigirá aumento das verbas para investimentos, hoje reduzidas.
Na área de educação e comunicações, surge o nome do general Aléssio Ribeiro Souto, que tem coordenado esta área do programa de governo, mas há políticos do DEM cotados para ser ministro da Educação – como o próprio ex-ministro Mendonça Filho.
Durante a campanha, surgiram informações sobre as possibilidades de fusão entre os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, assim como Educação e Cultura, além de Fazenda e Indústria, Comércio Exterior e Serviço. Não houve confirmações. Alguns setores reagiram às alternativas.
Como Bolsonaro conta com apoio da bancada ruralista, vários nomes foram colocados como eventuais candidatos para comandar a Agricultura. Na lista, estão Airton Spies, atual secretário de Agricultura de Santa Catarina; Frederico D’Avila, eleito deputado estadual pelo PSL de São Paulo; e Luiz Antônio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR).