Combustíveis e Bioenergia

Câmara aprova PL que dá mais transparência aos preços dos combustíveis

Deputados retiram, contudo, proposta original que abria espaço para controle de preços da Petrobras

Na imagem, deputado Reginaldo Lopes, autor da proposta original, o PL 3677/21 (Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputado)
Reginaldo Lopes: "Eu não estou aqui propondo acabar com o PPI. Muito pelo contrário. Eu quero transparência" (Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputado)

RIO — A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (7/6) projeto de lei que cria mecanismos de transparência dos preços dos combustíveis no Brasil.

O texto segue para o Senado, mas sem os itens mais controversos. Do projeto original, foram rejeitadas as propostas que abriam espaço para limitar as exportações de petróleo e para o controle dos preços da Petrobras via ANP — que teria poder para definir o percentual máximo do markup (diferença entre o preço de venda e o preço de custo do produto).

De acordo com o PL aprovado, as empresas do setor — e não somente a Petrobras — serão obrigadas a enviar mensalmente à ANP os valores médios de onze parcelas integrantes dos preços ao consumidor dos combustíveis de sua responsabilidade — muitas delas já de conhecimento público:

  • custo médio de produção do petróleo de origem nacional;
  • custo médio de produção do gás natural de origem nacional;
  • custo de compra do petróleo, quando couber;
  • preço de faturamento na unidade produtora;
  • preço de faturamento dos importadores;
  • margem bruta de distribuição de combustíveis;
  • margem bruta de revenda de combustíveis automotivos;
  • tarifas dutoviárias até a base de distribuição, quando for o caso;
  • frete da unidade produtora até a base de distribuição ou, no caso do etanol, até o posto;
  • frete da base de distribuição até o posto revendedor;
  • e tributos.

Hoje, a Petrobras divulga apenas os preços nas refinarias e terminais e as margens consolidadas do segmento de refino e comercialização nos balanços financeiros;

O texto aprovado é um substitutivo do relator, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), para o Projeto de Lei nº 3677/21, de autoria do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) e da bancada do PT.

Dados mensais

A ANP deverá informar, mensalmente, pela internet, a composição dos preços médios ao consumidor, praticados nas capitais dos estados, de cinco combustíveis: a gasolina automotiva, o óleo diesel, o gás liquefeito de petróleo (GLP), o querosene de aviação (QAV) e o etanol hidratado.

Pela proposta, a agência terá de informar também, todo mês, a composição dos preços médios de venda de gás natural às distribuidoras de gás canalizado.

A medida não estabelece mecanismos de controle de preços, mas coloca pressão política sobre a Petrobras — alvo de críticas hoje tanto do governo quanto da oposição, por ter uma política de preços alinhada ao comportamento do mercado internacional.

Lopes justificou que a medida dará transparência à composição dos preços e provará a prática de lucros excessivos por parte dos agentes.

“A Petrobras tem lucros exorbitantes e, com a dolarização, coloca custos inexistentes no preço do combustível”, destacou Lopes.

O relator retirou do texto a proibição de a Petrobras exportar petróleo caso o mercado interno estivesse desabastecido. “Hoje, petróleo e derivados é o terceiro item de exportação do nosso País”, argumentou Arnaldo Jardim.