Zona Franca

Benefício mantido por Lula para refinaria de Manaus seria estímulo para novas refinarias, defende Refina Brasil

Decisão preserva estímulo ao investimento na Zona Franca, apesar de críticas sobre impacto fiscal; estimativas de perdas divergem entre estados e refinarias

Obras de modernização e ampliação na refinaria de Manaus (atual Ream), no Amazonas (Foto Divulgação PAC)
Obras de modernização e ampliação na refinaria de Manaus (atual Ream), no Amazonas | Foto Divulgação PAC

BRASÍLIA – Ao manter o artigo da regulamentação da reforma tributária que desonera as operações da refinaria de Manaus, o governo Lula preservou um estímulo para que outras refinarias se instalem na região, afirmou o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, em carta que comemora a decisões do Planalto na sanção do projeto.

“O incentivo fiscal ao refino na Zona Franca não é um benefício exclusivo à empresa e sim um estímulo para que outros players que desejarem investir na região o façam, especialmente no setor do refino privado”, diz.

A refinaria, única do estado, foi privatizada em 2022, quando a Petrobras vendeu a unidade para o grupo Atem, que já atuava na distribuição de combustíveis na região. A empresa é associada da Refina Brasil, criada para representar os interesses do setor, após a venda das refinarias, que incluiu também a unidade da Bahia, para a Acelen.

“Dois milhões de brasileiros dos cerca de 4 milhões que vivem na região estão em sistemas isolados que dependem exclusivamente de combustíveis para a geração elétrica. Fechar os olhos a isso seria negar segurança energética para uma parcela da população brasileira, algo injustificável para um país que pretende ser inclusivo e justo com seus cidadãos”, argumenta o executivo.

Concorrentes da Atem, incluindo a Petrobras, tentaram convencer o governo a vetar o artigo. Associadas do IBP, que representa petroleiras e grandes distribuidoras – entre elas, Raízen, Vibra e Ipiranga – argumentam que a desoneração na Zona Franca de Manaus leva a uma concorrência desleal.

A emenda no projeto da reforma tributária foi incluída por Omar Aziz (PSD) e defendida pelo relator Eduardo Braga (MDB), ambos do Amazonas e integrantes da base de Lula no Senado Federal. A Câmara manteve o texto.

“Essa é uma questão é simples: ou a refinaria tem o benefício da Zona Franca de Manaus ou a Petrobras recompra a refinaria“, disse o relator.

“O que não pode é a única refinaria da Amazônia Ocidental ser fechada porque o Brasil deu as costas para a Amazônia, que produz óleo e gás em terra firme. E um óleo que custa menos da metade do óleo do pré-sal”, afirmou o senador.

O artigo prevê a exclusão do petróleo e derivados dos benefícios da ZFM, com exceção do refino, “desde que cumprido o processo produtivo básico”. As duas determinações foram mantidas no mesmo item da lei – a exclusão e a exceção da exclusão – levando o governo a defender que um veto teria o efeito oposto.

Isto é, ao vetar o item que restringe ao refino, o texto da regulamentação estaria dando brecha para incluir toda a comercialização de petróleo e derivados destinados. Nesta tese, o impacto fiscal seria maior.

O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz) calcula que a emenda representará uma perda de arrecadação entre R$ 1,7 e R$ 3,5 bilhões anuais.

A Refina Brasil rebateu essas estimativas, a partir de cálculos feitos pelo professor da FGV Márcio Holland, ex-secretário de Política Econômica da Fazenda no governo Dilma. Ele estima que o incentivo deverá gerar um custo fiscal da ordem de R$ 298 milhões anuais.

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