NESTA EDIÇÃO.
CDE sofre pressão de combustíveis para sistemas isolados e subsídios
Usinas e linhas seguem fora de operação depois das chuvas no RS.
São Paulo quer expandir geração para atender data centers.
Ipiranga visa atender agronegócio com óleo diesel marítimo no Norte.
Os estímulos ao gás natural no Paten.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Combustíveis e subsídios na transmissão vão pressionar CDE em 2025
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) deve seguir como um ponto de pressão para as tarifas de energia elétrica no Brasil em 2025.
- A CDE reúne os subsídios destinados a políticas públicas nas contas de energia.
Um dos fatores que contribui para a alta no próximo ano é o custo do atendimento aos sistemas isolados, que não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Os combustíveis usados nos sistemas isolados são pagos pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que corresponde a mais de um terço da CDE.
Segundo projeções da EPE, o preço do diesel que atende a esses sistemas deve continuar próximo aos patamares elevados de 2024.
- O preço do óleo diesel deve chegar a outubro de 2025 em média a R$ 3,50 por litro, similar ao atual, que é de R$ 3,52 por litro.
- O biodiesel no mercado nacional deve chegar a R$ 5,14 por litro em outubro de 2025, aumento em relação ao preço médio de hoje, de R$ 4,49 por litro, segundo a EPE.
Outro fator que deve influenciar os preços é a alta no biodiesel, que é misturado ao diesel. Contribui ainda para a alta o crescimento dos custos logísticos do transporte desses combustíveis para os sistemas isolados, influenciados pelas secas.
Há, ainda, os subsídios a fontes específicas.
Entre eles, a MP 1212, editada em abril, com a ampliação de mais 36 meses para usinas renováveis entrarem em operação com descontos nas tarifas de transmissão (TUST) ou distribuição (TUSD).
- O governo estimou que a contratação de 34 GW com o desconto tarifário teria um impacto de R$ 10 bilhões anuais na CDE. Ao todo, usinas num total de 25,5 GW pediram enquadramento no subsídio.
- A diretoria da Aneel deve debater em reunião nesta terça (22/10) os prazos para que os projetos possam usufruir do benefício.
Chuvas no RS. Duas usinas hidrelétricas e uma linha de transmissão ainda seguem fora de operação depois das tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul em maio deste ano, segundo o ONS. A previsão é de retorno da linha Nova Santa Rita / Guaíba ao final de outubro, enquanto as UHEs Monte Claro e Jacuí devem voltar a operar ao fim do ano.
- O ONS concluiu a operação especial no estado devido à calamidade e informou que os ativos afetados não causam impactos no atendimento ao sistema.
Expansão em SP para data centers. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem intenção de expandir a oferta de energia fotovoltaica e bioeletricidade para suprir a demanda de data centers no estado, que devem atingir R$ 70 bilhões nos próximos meses. A capital do estado sofreu problemas de interrupção no suprimento de energia nos últimos dias, devido aos impactos de chuvas na rede.
- Segundo o governador, a chave para atrair investidores internacionais está na capacidade de São Paulo de fornecer “energia limpa, relativamente barata, oferta de água, boa infraestrutura e mão de obra qualificada”.
Opinião: A negociação algorítmica tem desempenhado um papel fundamental na maior eficiência na comercialização de energia. Pode-se dizer que, atualmente, ela é praticamente indispensável até mesmo para pequenas mesas de negociação, escreve o sócio-líder de Utilities da NTT DATA, Raphael Bueno
Pegada de carbono das baterias. Na tentativa de abordar os desafios sobre os impactos causados pela fabricação das baterias diante de um consumo exponencial, a União Europeia está desenvolvendo o conceito de “passaporte das baterias”, uma iniciativa que visa rastrear a sustentabilidade e a pegada de carbono de baterias durante todo seu ciclo de vida. Leia na coluna do Gauto.
Rnest. A Petrobras informou que a licitação das obras do segundo trem de refino da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) foi conduzida de acordo com a Lei das Estatais, o regulamento de licitações da companhia e os padrões corporativos. Relatório de fiscalização de obras públicas do TCU apontou “risco às licitações” em contratos.
Comando da Cosan e Raízen. O atual presidente da Cosan, Nelson Gomes, foi indicado para assumir o cargo de diretor presidente da Raízen a partir de 1º de novembro. Gomes irá substituir Ricardo Mussa, que ocupará a posição de presidente da Cosan Investimentos e será indicado ao conselho de administração da Raízen.
Óleo diesel marítimo no Norte. A Ipiranga pretende entrar no mercado de óleo diesel marítimo no Norte do país para atender ao crescimento do agronegócio na região. As vendas do combustível pela empresa hoje estão concentradas sobretudo no Rio de Janeiro, com o atendimento às embarcações que atuam na exploração e produção de óleo e gás.
Combustíveis marítimos alternativos. A urgência de reduzir emissões e migrar do bunker derivado de petróleo para outros combustíveis tem motivado a encomenda de embarcações a combustíveis com menor intensidade de carbono, mas os fósseis continuarão abastecendo o setor, indicam dados da Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês).
- O gás natural é o principal combustível alternativo para a frota encomendada, com 9,07% dos pedidos de navios novos movidos a GNL.
- O hidrogênio e a amônia representam, juntos, apenas 0,9% das encomendas.
Opinião: A recente suspensão do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) pela ANP, devido a cortes orçamentários, levanta sérias preocupações sobre o impacto no mercado de combustíveis. escreve o diretor de Relações Externas da Eneva e ex-diretor da ANP, Aurélio Amaral.
Gás no Paten. O capítulo reservado ao fomento da indústria de gás natural, incluído pelo senador Laércio Oliveira (PP/SE) no relatório do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), apresenta um pacote amplo de políticas de incentivo ao setor. Entenda os incentivos ao gás incluídos na proposta.
Opinião: A transformação energética e a descarbonização não são problemas das elites, e nem uma questão para ser discutida apenas por especialistas. O envolvimento da sociedade é elemento essencial para movimentar os tomadores de decisão que exercerão pressão em direção às políticas públicas benfazejas ao meio ambiente, escreve a diretora executiva da Associação Brasileira do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado.