Abertura do Brics

Brics é peça-chave para o Acordo de Paris e resultados na COP30, diz Lula

Agenda da presidência do Brasil no Brics possui dois eixos principais: reforma da governança global e cooperação Sul-Sul

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Abertura da Primeira Reunião de Sherpas da presidência brasileira do BRICS. Palácio do Itamaraty | Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Abertura da Primeira Reunião de Sherpas da presidência brasileira do BRICS. Palácio do Itamaraty | Foto: Ricardo Stuckert/PR

RIO — Em discurso, nesta quarta (26/2), na abertura da primeira reunião de Sherpas da presidência brasileira da Cúpula do Brics, o presidente Lula (PT) disse que o grupo é peça-chave para os compromissos do Acordo de Paris e garantir resultados ambiciosos na COP30, no fim do ano em Belém. 

“O BRICS também continuará a ser peça-chave para que os ideais da Agenda 2030, do Acordo de Paris e do Pacto para o Futuro possam ser cumpridos”, discursou. 

O presidente, que também tem defendido o direito de o Brasil seguir explorando petróleo, reconheceu que crise climática se agrava rapidamente, com o ano passado registrando as temperaturas mais altas da história — excedendo o limite crítico de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais — e um aumento sem precedentes na concentração de gases do efeito estufa.

“A omissão custa caro e não poupará ninguém”, pontuou.

“Enchentes, secas e incêndios drenaram mais de 2 trilhões de dólares da economia global na última década, além das milhares de vidas humanas tragicamente perdidas nesses desastres. O Acordo de Paris e todo o regime do clima estão sob ameaça”, completou.

Atualmente, o Brics é um grupo de países do Sul Global formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e, mais recentemente, Indonésia.

Juntos, reúnem 48,5% da população mundial e respondem por mais da metade do crescimento da economia global, com taxas médias de crescimento entre 3% e 5% (a média global é de 2,5% a 3%).

São economias grandes, posicionadas entre os maiores emissores atuais de gases de efeito estufa.

Pouco compromisso com a redução de emissões 

Lula também ressaltou que apenas 17 dos 198 signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima apresentaram novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), e entre eles estão o Brasil e os Emirados Árabes Unidos.

“O BRICS tem a força política necessária para mobilizar resultados ambiciosos para a COP30, garantindo que o crescimento econômico caminhe lado a lado com a justiça social e ambiental”, disse o presidente.

O papel do Novo Banco de Desenvolvimento 

Dentre os principais desafios da agenda climática está o financiamento de projetos sustentáveis. Lula aproveitou para destacar o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado pelo Brics, como uma alternativa mais eficiente aos sistemas financeiros tradicionais.

“Na Cúpula de Fortaleza, em 2014, decidimos criar um Banco desenhado para ser bem-sucedido onde as instituições de Bretton Woods continuam falhando”, afirmou o presidente.

Ele ressaltou que o NDB, com mais de 33 bilhões de dólares investidos, tem sido essencial para financiar projetos de desenvolvimento sustentável no Sul Global, e cobrou comprometimento dos líderes mundiais durante a COP30 na questão do financiamento climático.

“Na COP de Belém, os líderes mundiais terão o imperativo de equacionar ambição e financiamento no enfrentamento à crise climática”.

Agenda brasileira

A agenda da presidência do Brasil possui dois eixos principais: a reforma da governança global e a cooperação Sul-Sul.

Esses eixos serão o alicerce para avançar em cinco prioridades, que incluem a mudança do clima e as transições energéticas, além da reforma do sistema financeiro e monetário internacional; a governança da inteligência artificial; a cooperação em saúde pública; e o desenvolvimento institucional do Brics.

A ideia é fazer uma ponte entre os acordos alcançados durante a presidência do G20, este ano, e a COP30.

Como presidente do fórum de países ricos em 2024, o Brasil conseguiu colocar foco em discussões que o interessa, como reconhecimento do papel da bioenergia na descarbonização dos transportes e a transição justa e acessível — acolhendo diferentes rotas.

Agora, o país quer estender esse diálogo para o bloco de emergentes.

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