Skaf quer terminal de gás natural no Porto de Santos

Candidato do MDB de Michel Temer é o único entre os principais postulantes ao Palácio dos Bandeirantes a trazer propostas concretas para o setor de óleo e gás

Paulo Skaf (MDB) quer retomar a estabilidade regulatória do setor de gás / Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil
Paulo Skaf (MDB) quer retomar a estabilidade regulatória do setor de gás / Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil

Líder nas pesquisas para conquistar o governo de São Paulo, o candidato do MDB ao Palácio dos Bandeirantes, Paulo Skaf, é o único dos principais postulantes ao cargo a incluir em seu plano de governo propostas para o setor de óleo e gás. O ex-presidente da Fiesp promete implantar um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Porto de Santos e viabilizar uma nova rota de escoamento para o gás natural do pré-sal.

De olho no potencial de produção do pré-sal da Bacia de Santos, Skaf quer ampliar o papel do gás na matriz energética do estado, tornando-a mais limpa.

O candidato pretende também licitar termelétricas a gás natural próximas à capital para garantir a segurança de abastecimento de energia para o maior centro industrial do país, e expandir a rede de distribuição de gás natural canalizado para mais municípios do interior.

Sem detalhar a proposta, o plano de Skaf fala ainda em “retomar a estabilidade regulatória do setor de gás”, para promover um ambiente propício à retomada de investimentos em distribuição do insumo e garantir a previsibilidade tarifária aos consumidores.

Pesquisas mostram Skaf e Doria empatados na disputa pelo governo
Skaf, cuja candidatura foi uma aposta bancada pelo MDB de São Paulo sob a liderança do presidente Temer vem crescendo nas pesquisas e hoje aparece tecnicamente empatado com o tucano João Doria, candidato até pouco tempo visto como favorito por contar com o apoio do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Com uma chapa puro sangue por não ter conseguido coligar com qualquer partido, Skaf apareceu com  22% das intenções de voto no último Ibope, divulgado em 10 de setembro, à frente de Doria, com 21%. No Datafolha publicado no dia 9, Skaf figurou com 23% da preferência dos eleitores, enquanto Doria teve 25%.

Nas duas sondagens os dois candidatos estão tecnicamente empatados. A diferença, porém é que Skaf subiu em ambas as pesquisas sobre as sondagens anteriores dos dois institutos. Doria oscilou na margem de erro.

Com números idênticos, Datafolha e Ibope apresentaram ainda os nomes de Marcio França (PSB), com 8%; e Luiz Marinho (PT), com 5%, como candidatos relevantes na disputa.

Com margem de erro de 3 pontos percentuais, a pesquisa Ibope de 10 de setembro foi encomendada pela TV Globo e pelo O Estado de S. Paulo.

Foram ouvidos 1.512 eleitores de todas as regiões do estado entre os dias 7 e 9 de setembro. A sondagem foi registrada no TSE com o número BR-07387/2018 e tem nível de confiança de 95%.

O Datafolha ouviu 2.030 pessoas no estado entre os dias 4 e 6 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. A pesquisa, encomendada pela Folha e a TV Globo, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob nº SP 07990/2018.

São Paulo pode ser “novo Abu Dhabi”, mas candidatos não elaboram planos para o setor
Com uma produção crescente de petróleo nos últimos anos, São Paulo deve desbancar definitivamente o Espírito Santo do posto de segundo maior produtor de óleo do país no futuro próximo. Segundo a ANP, a produção diária nos campos que pagam royalties no estado deve saltar de cerca de 330 mil barris para 1,1 milhão em nove anos, até 2027.

As perspectivas com os novos leilões no pré-sal realizados recentemente são tão positivas que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) comparou no ano passado a riqueza que deve ser gerada aos Emirados Árabes. Para ele, “quem for governador de São Paulo daqui a dez ou quinze anos vai governar Abu Dhabi”, disse em evento citando a capital do país árabe.

Exageradas ou não, as perspectivas de um futuro tão próspero não animaram o candidato do seu partido a traçar planos concretos para o ramo de óleo e gás. O programa de governo de Dória sequer cita a palavra petróleo em suas 21 páginas.

Doria quer combater guerra de ICMS entre estados
No que diz respeito à gestão econômica o texto do tucano centra sua atenção na necessidade de manter o equilíbrio fiscal em tempos de crise.

Um dos pontos levantados no programa nesse sentido é o combate à guerra fiscal, o debate acerca das alíquotas de ICMS cobradas pelos diferentes entes da federação que são constantemente criticadas por governadores e administradores como um fator que mina a competitividade econômica dos estados.

Ironicamente, no vizinho Rio de Janeiro o debate mobiliza há décadas governadores e candidatos com sucessivas tentativas de alterar a tributação do imposto sobre petróleo e gás. Maior produtor do Brasil, o Rio reclama constantemente da regra criada na constituinte de 1988 que impediu a tributação de ICMS nas operações entre estados.

Os sucessivos governos fluminenses afirmam que o estado é lesado anualmente em bilhões de reais com a tributação diferenciada. Nesta eleição, o debate acerca da alteração de ICMS sobre petróleo está novamente nos programas de candidatos ao governo do Rio como novas promessas de embate na guerra tributária.

França busca promover biomassa de cana
Atual governador em exercício, Márcio França também não cita o setor de petróleo em seu programa de governo. Quanto à produção energética no maior estado consumidor do país, o candidato do PSB sugere aumentar a diversificação da matriz energética, “com ampliação da eletricidade, redução do consumo absoluto de combustíveis fósseis e aumento da proporção de energias renováveis”, dentre as quais menciona a biomassa a partir da cana-de-açúcar. São Paulo é o maior produtor de cana do país.

França quer ainda estimular o uso de etanol e gás natural no setor de transporte e na indústria e, na construção civil, propõe estimular o uso da energia solar. A proposta de ampliar o investimento na produção de energia relacionada às reservas de gás natural na bacia de Santos é o último ponto entre os mencionados no programa no que diz respeito à geração de energia.

Marinho quer controle social sobre abastecimento de energia
Candidato do PT ao governo paulista, o ex-prefeito de São Bernardo do Campo tem sugestões também genéricas para energia. O setor de óleo e gás é mencionado apenas uma vez nas 18 páginas de seu programa de governo e aparece como uma das atividades econômicas que devem ser estimuladas, ao lado do setor têxtil, calçadista, moveleiro, químico e aeroespacial.

Na temática de geração e abastecimento de energia, o candidato quer ampliar o controle social com a criação do Conselho Estadual de Controle Social dos Serviços de abastecimento de água e  energia.

O programa de Marinho sugere incentivar a instalação de energia solar nos equipamentos públicos e apoiar municípios com programas de energia limpa e uso eficiente do recurso, além de promover  programas de acesso à energia em áreas vulneráveis e para agricultores familiares e assentamentos.