Baleia Rossi (MDB/SP) afirmou em reunião com integrantes da bancada do PT de São Paulo, na segunda (25), que o debate sobre as privatizações é inútil enquanto o próprio governo Bolsonaro não apresenta iniciativas concretas para a venda de empresas públicas.
Baleia é candidato a presidente da Câmara dos Deputados, com apoio de Rodrigo Maia (DEM/RJ), que já foi acusado por Paulo Guedes de ter feito um “acordo com a esquerda” para barra as privatizações.
O próprio Maia costuma repassar a responsabilidade pela falta de avanço nas privatizações para o Planalto.
As “privatizações” prioritárias de Paulo Guedes
- Eletrobras: projeto de capitalização (com venda do controle da União) está na Câmara. Presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, pediu demissão depois de candidato de Bolsonaro no Senado fazer pouco caso da urgência da privatização;
- Correios: não tem projeto. Governo fala há dois anos em vender a estatal, mas projeto de lei não foi enviado ao Congresso Nacional.
- Porto de Santos: não tem projeto, mas privatização está prevista apenas para 2022.
- Óleo da partilha: não tem projeto. Governo quer “monetizar” o óleo e gás da partilha de produção para antecipar receitas da produção futura. As reservas são contratadas por empresas pelo modelo de partilha e quando o óleo é produzido a estatal PPSA fica responsável pela comercialização da parte que cabe à União. O modelo para venda do óleo não foi apresentado.
Wilson Ferreira Júnior saiu afirmando que não há apoio no Congresso à proposta de capitalização da companhia, mas também levantou dúvidas quanto ao empenho do próprio governo nesse foco, o que contaminou até a percepção do mercado acerca da real possibilidade de venda da empresa.
Após a renúncia, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que a privatização da companhia é fundamental.
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Candidato do MDB foca em garantir votos da oposição
Nos últimos dias, Baleia Rossi tem investido na manutenção da promessa de votos da oposição, sobretudo do PT e PSB, as maiores bancadas no grupo. Na segunda ele foi ao Recife, onde ouviu a promessa de apoio do vice-presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco Paulo Câmara.
O PSB está junto conosco na caminhada por uma Câmara independente. Quem dá o recado é o governador de Pernambucano, @PauloCamara40 com quem estive hoje. #CamaraLivre #DemocraciaViva pic.twitter.com/5eakFNDCLF
— Baleia Rossi (@Baleia_Rossi) January 26, 2021
Já na reunião com integrantes da bancada do PT, voltou a se comprometer em analisar pedidos de impeachment contra Bolsonaro. O pedido é a principal condição imposta pelo PT para fechar apoio a Rossi, mas afasta declarações de apoio públicas de deputados da base governista.
Eleição na Câmara gera racha no DEM
A divisão do DEM na Câmara é inédita nos anos recentes. Negociando de forma unida, o partido conseguiu por três vezes consecutivas a presidência da Casa, desde julho de 2016, sempre a partir da influência de Maia e ACM Neto. O trabalho em conjunto também permitiu que o partido fosse o mais influente em temas da área de energia no período e mantivesse grande relevância em debates da área econômica.
Coube ao DEM a autoria e relatoria do projeto da cessão onerosa, além da relatoria do primeiro projeto de privatização da Eletrobras, ainda no governo de Michel Temer.
Já sob Bolsonaro, o partido comandou as propostas de emendas levadas ao texto da Lei do Gás – desta vez sob a liderança de Elmar Nascimento, com autorização do próprio Maia. O DEM também relatou o Plano Mansueto, com Pedro Paulo, em 2020.
Agora a divisão ameaça reduzir o protagonismo da legenda. Se votar separado, o DEM terá menor poder de barganha com o próximo presidente da casa, seja quem for.
A seis dias da eleição à sucessão, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), atua para segurar a debandada dentro do seu partido, onde 13 dos 29 integrantes declararam apoio ao candidato do governo, Arthur Lira (PP/AL).
Nesta terça-feira (26), Maia reclamou diretamente com o presidente da legenda, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que a divisão interna pode tornar o DEM em mais uma legenda de adesão orgânica à base governista, o que chamou de “partido da boquinha”.
ACM exerce forte influência na bancada federal do partido na Bahia, cujos cinco integrantes, liderados por Elmar Nascimento, declararam apoio a Lira nesta semana. O DEM também conta com dois ministros do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (DEM/MS) e Onyx Lorenzoni (DEM/RS), que vão retornar à Câmara para votar no candidato do governo.
Em outra frente, o presidente da Câmara reuniu em um café da manhã o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), e deputados da bancada fluminense com seu candidato à sucessão, Baleia Rossi (MDB/SP).
No encontro, Maia afirmou que a bancada do Rio deve voltar dividida “pau a pau” na eleição de 1º de fevereiro. Paes se comprometeu a exonerar dois secretários da Prefeitura do Rio para votar como deputados federais em Rossi: Marcelo Calero (Cidadania), da Secretaria de Governo, e Pedro Paulo (DEM), da Fazenda.
Estou à disposição do meu partido. Nesse momento delicado da economia do país, é importante que a Câmara siga uma harmonia para que os projetos e as reformas necessárias sejam pautadas e votadas.https://t.co/LpWxqka1Sv
— Pedro Paulo (@pedropaulo) January 22, 2021
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