Maior estado produtor de petróleo do Nordeste, a Bahia pode dar uma vitória fácil ao atual governador Rui Costa na briga pela reeleição. Com altos índices de popularidade, o governador foi favorecido com a súbita decisão de seu principal adversário no estado, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), de não renunciar à prefeitura de Salvador para concorrer ao Palácio de Ondina.
Herdeiro do maior cacique político da história recente da Bahia, ACM Neto anunciou em abril, no palanque, a desistência da disputa. Deixou aliados enraivecidos, alguns, e sem horizonte real de vitória na disputa, todos. A desistência fragmentou a oposição.
Mas, mesmo que estivesse junta, a oposição não faria frente hoje à força de Rui Costa, como é conhecido o governador, sem a liderança de ACM Neto. Na mais recente sondagem, realizada no final de maio pelo Instituto P & A, o governador Rui Costa lidera com 47,9% da preferência do eleitorado no pior cenário para ele, e ganharia em primeiro turno. Em segundo lugar, muito atrás, vem José Ronaldo (DEM), com 6,5%. Na pesquisa espontânea Costa também lidera, com 19% dos votos, ACM Neto, em segundo, teria 3,2%.
Hoje, DEM e PSDB formam uma chapa de oposição, encabeçada pelo ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo. O MDB concorre separado com o ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula João Santana. Ambos tentam atrair os votos evangélicos do deputado federal Irmão Lázaro (PSC). Ainda são pré-candidatos Marcos Mendes (Psol) e João Henrique Carneiro (PRTB), ex-prefeito de Salvador por dois mandatos.
Mas os tucanos podem afastar os evangélicos da coligação do DEM. O PSDB quer que Lázaro concorra a vice-governador na chapa que tem poucas chances de vitória e deixe o caminho ao Senado aberto para o também deputado federal Jutahy Magalhães (PSDB). O plano não agradou ao PSC, que recentemente prometeu conversar também com outros pré-candidatos da oposição.
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Hegemonia do PT já dura dez anos e desbancou o DEM do governo estadual depois de seis mandados consecutivos
Jaques Wagner é o grande responsável por desbancar o PLF (hoje Democratas) do governo da Bahia, ainda na eleição de 2007, quando Lula foi reeleito presidente. Até aquele ano, o antigo PLF manteve a hegemonia estadual por 6 mandatos consecutivos e mais de quinze anos, desde 1991, sempre sob a liderança do velho ACM.
Com Wagner o PT baiano tornou-se uma das principais forças nacionais do partido, posição que levou o ex-governador a ser sondado como plano B da legenda no provável caso de o ex-presidente Lula não conseguir se candidatar ao Palácio do Planalto.
Mas ao contrário da direção nacional do PT, Wagner soube fazer seu sucessor mantendo seu grupo no poder. Em 2014 elegeu Pimenta, que chegou ao Palácio de Ondina depois de ser secretário de Relações Internacionais no primeiro mandato de Wagner, deputado federal, e secretário da Casa Civil no segundo.
Mais uma vez neste ano a política nacional deve influir nas alianças estaduais do partido. O PT anunciou no dia 19 uma coligação com PP e PSD, deixando de lado os socialistas do PSB, que nacionalmente discutem uma aliança com o PDT, de Ciro Gomes. O governador Rui Costa também já afirmou algumas vezes que o partido não dará apoio a Ciro na corrida nacional.
Mesmo dividida esquerda lidera disputa também no Senado
Ainda que divididos, os partidos da esquerda devem impedir a vitória da centro-direita também na disputa pelas duas vagas do Senado pela Bahia. Na mesma sondagem do Instituto P & A de maio, Jaques Wagner (PT), que anunciou sua candidatura a senador, aparece com 36% das intenções de voto no pior cenário para ele. A socialista Lídice da Mata (PSB) vem em segundo, com 26,1%. Jutahy Magalhães tinha apenas 13,2% da preferência dos eleitores na pesquisa.
Desde a chegada de Wagner ao poder, o DEM foi delegado à oposição no estado e mantém na prefeitura de Salvador sua fortaleza. Com o cenário político ainda favorável aos petistas este ano, ACM Neto optou por não perder seu reduto eleitoral na capital em nome de uma corrida incerta. Ao invés disso, abraçou a presidência nacional do seu partido e as articulações para derrotar o PT nacionalmente – o principal argumento do DEM para negociar recentemente com o PDT de Ciro Gomes era impedir a chegada do PT novamente ao Planalto, mesmo que para isso precisasse se unir a um candidato de esquerda.
Não precisou. O Centrão optou na última semana por uma coligação com o tucano Geraldo Alckmin no plano nacional. Incapaz de vencer em casa, ACM Neto preferiu buscar a vitória em Brasília.
A sondagem do instituto P & A ouviu 1120 eleitores entre 24 e 30 de abril. O nível de confiança da pesquisa é de 95,5%. O levantamento foi registrado no TRE- BA (Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia) com o nº BA- 04607/2018.
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