A Executiva Nacional do PTB anunciou nesta quarta-feira que aprovou por unanimidade a indicação de uma coligação com o PSDB para apoiar o nome de Geraldo Alkmin na disputa pela Presidência da República. A coligação, que vem sendo costurada desde 2016, ainda precisa ser ratificada na convenção nacional do partido, que será realizada no próximo dia 28, em Brasília.
“O próximo presidente do Brasil encontrará uma bomba-relógio, e a monstruosidade da crise exige um gestor experiente, preparado e moderado, com discernimento e respeito à coisa pública. O Brasil precisa de construtores como Geraldo Alckmin, e não de gladiadores. E o PTB não constrói barreiras, o PTB constrói pontes”, afirma a indicação da coligação feita pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, um dos pilares do escândalo do mensalão no governo do ex-presidente Lula.
PTB e PSDB já são bastante próximos nos temas de energia. Em 2016, quando os dois partidos começaram a discutir a aliança para a corrida eleitoral deste ano, o PTB fechou questão para votar a favor do projeto do senador José Serra (PSDB/SP) que acabou com operação única da Petrobras no pré-sal e deixou a empresa com direito de preferência. Apenas três dos 12 deputados da bancada do PTB votaram contra: Arnaldo Faria de Sá (SP), Arnon Bezerra (CE) e Wilson Filho (PB).
Nas votações recentes no Congresso Nacional estiveram do mesmo lado em temas importantes. Na votação do projeto de lei do deputado José Carlos Aleluia (DEM/BA) que libera a Petrobras para vender até 70% dos campos da cessão onerosa, no pré-sal da Bacia de Santos, os dois partidos orientaram pela aprovação do projeto. O PTB votou fechado no tema, e PSDB acabou traído pelos deputados Rocha e Geovania de Sá.
Os dois partidos também votaram em massa a favor do PLC 77/2018 na Câmara, que libera a venda das seis distribuidoras da Eletrobras. Desta vez, contudo, o PTB – por não haver acordo na bancada – orientou por obstrução. Mas o partido novamente garantiu 100% dos seus votos para o projeto do governo, que tem enfrentado bastante resistência, até mesmo dentro da base aliada.
Ontem, o presidente do TRF2, desembargador federal André Fontes, suspendeu a liminar que impedia o leilão das distribuidoras. A liminar fora concedida pela 19ª Vara Federal do Rio de Janeiro, em ação ajuizada pela Associação dos Empregados da Eletrobrás (AEEL), cujo mérito ainda será julgado pela primeira instância. Na petição, a AEEL pretendia suspender, “em especial a fase de entrega de documentos pelos proponentes para habilitação no processo licitatório no próximo dia 19 de julho”, conforme previsto no edital do leilão.
Na última segunda-feira, o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, disse para a Reuters que o governo manterá o leilão da Cepisa, distribuidora da Eletrobras no Piauí, para o próximo dia 26 de julho, e prorrogará para 30 de agosto o leilão das outras cinco distribuidoras subsidiárias da estatal. Agora, com a queda da liminar, a decisão pode ser revista.
O PTB já apoiou não só a privatização da distribuidoras como também da própria Eletrobras. Roberto Jefferson, que virou crítico da gestão do PT depois de ser preso no escândalo do mensalão, por diversas vezes afirmou que o PT quebrou a empresa. “Desde 2002 a União perdeu R$ 228 bi com a ocupação política e a má gestão da Eletrobrás, principalmente na era Dilma. PT dilapidou a estatal”, disse no Twitter em 28 de agosto do ano passado.
Na Câmara, os dois partidos também votaram fechados – aliás, como quase todos os partidos – a favor da aprovação do PDS 61/2018, que libera a venda de etanol direto das usinas para os postos de combustíveis, sem passar pelas distribuidoras. Apenas o MDB registrou votos contrários para a matéria, que continua em debate nas duas casas legislativas.