Em Alagoas, clã de Renan lidera corrida com PT; tucanos não têm palanque

Sem oposição, o governador REnan Filho corre sozinho para reeleição com apoio do PT / Foto: Cruz, Agência Brasil
Sem oposição, o governador REnan Filho corre sozinho para reeleição com apoio do PT / Foto: Cruz, Agência Brasil

Sem oposição, o governador REnan Filho corre sozinho para reeleição com apoio do PT / Foto: Cruz, Agência Brasil

Envolto em uma grave recessão econômica, Alagoas não deve ver uma guinada política este ano. Governador do estado, Renan Filho (MDB), aparece na liderança nas duas mais recentes pesquisas divulgadas este ano e pode ganhar o pleito ainda no primeiro turno.
Em maio, Renan Filho somava 49% das intenções de voto na sondagem da TDL Pesquisa e Marketing. O segundo colocado era o ex-presidente Fernando Collor (15%), que na época ainda pensava em se candidatar ao Planalto. João Henrique Caldas, o deputado JHC (PSB), tinha 7%. Dois meses depois, em julho, o governador continuava na liderança com 37% da preferência do eleitorado na pesquisa da Compset Marketing e Treinamento. Dessa vez era seguido pelo prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), com 26%. Indecisos somavam 22% e brancos e nulos eram 16%. Ambas as pesquisas foram registradas na justiça eleitoral.
A vantagem de Renan Filho na corrida é tamanha que afasta eventuais adversários. Nenhum dos oponentes que mais pontuaram nas duas pesquisas consolidou uma candidatura. Em abril, o tucano Rui Palmeira, prefeito da capital Maceió, já anunciava que não disputaria o pleito. Palmeira era apontado como principal adversário de Renan Filho desde sua eleição à prefeitura de Maceió, há dois anos. O prefeito da capital era também a chance do presidenciável Geraldo Alckmin ter um palanque no estado.
A hegemonia do clã Calheiros, que chegou pela primeira vez ao governo com a eleição de Renan Filho em 2015 desbancou exatamente os tucanos no estado, pondo fim ao domínio de Teotônio Vilela Filho (PSDB), que governou por dois mandatos desde a eleição de 2006.
 
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A liderança do clã Calheiros é confirmada na disputa para o Senado Federal. Renan lidera a corrida com 35% da preferência do eleitorado, segundo a pesquisa do TDL Pesquisa e Marketing de maio, seguido pelo também senador Benedito Lira (PP), com 24%, e Marx Beltrão (PSD), 20%. O tucano Rodrigo Cunha vem apenas na quarta posição, com 12% das intenções de votos.
MDB local contra Meirelles
O quadro no estado é um resumo das dificuldades que Meirelles terá para fazer campanha em boa parte do Nordeste se confirmar seu nome na convenção nacional do MDB no dia 2. A região é dominada por políticos que permanecem na base da candidatura do ex-presidente Lula ou mantêm-se em partidos de centro-esquerda. O MDB mantém hoje apenas o governo de Alagoas, mas o principal cacique do partido no estado, Renan, declara abertamente sua oposição ao governo Temer e à candidatura de Meirelles.
“Eu apoio Lula como candidato mas o PMDB tem outras lideranças que apoiam outros candidatos. O fundamental é que nós, no dia 2, estejamos juntos para impedir essa candidatura do Meirelles que é transformar a nossa legenda em uma legenda de aluguel”, disse Renan à imprensa no último dia 17. “Nós temos que nos preocupar em reconstruir o PMDB no pós-Michel Temer que é um governo tenebroso com resultados terríveis”, concluiu. Na ocasião ele estava na sede da Polícia Federal em Curitiba, após visitar o ex-presidente Lula.
Embora declare apoio a Lula, Renan votou no Senado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A postura lhe garantiu a pecha de golpista entre petistas. No último domingo Renan e seu filho foram recebidos com vaias na convenção estadual do PT. O evento formalizou apoio do PT à reeleição de Renan Filho em troca da manutenção do clã na frente de apoio à candidatura de Lula. Pai e filho foram socorridos pelo deputado federal Paulão (PT/AL), único eleito pelo partido no estado, que os defendeu no microfone contra os militantes que chamavam o senador de golpista.
O PT voltou à base aliada de Renan Filho em outubro do ano passado e há um mês integra o governo com a Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos.
Enquanto Renan Filho angarai apoio, a oposição ainda não lançou um nome de unidade para a disputa. Com a desistência do prefeito de Maceió, o PSDB trabalha com a possibilidade de lançar o deputado estadual Rodrigo Cunha, que pretendia disputar o Senado. Cunha pode atrair o apoio do PP, liderado pelo senador Benedito de Lira. Os dois partidos de oposição farão suas convenções estaduais até domingo.
Desafio do governador será levantar economia atingida por crise fiscal e redução da produção de cana e petróleo
O principal desafio do governador eleito será recuperar a economia e o emprego no estado. Alagoas vê suas contas se degradarem desde 2015 em decorrência da crise nacional. A economia estadual encolhe desde então. Levantamento da consultoria Tendências mostra Alagoas como o estado que terá o pior resultado do PIB em 2019 na comparação com 2015. No ano que vem o estado ainda terá uma economia 8,4% menor ao PIB apresentado naquele ano.
Concomitantemente à crise fiscal, a produção de cana perde competitividade no estado. Ao longo dos últimos 18 anos Alagoas caiu de segundo maior produtor de cana do país para a sexta posição. Entre 2004 e 2014 o estado viu sua produção reduzida de 28,7 milhões de toneladas de cana para 21,6 milhões de toneladas. A produção de etanol recuou de 510.434 metros cúbicos na safra 2013/2014 para 331.067 metros cúbicos na safra 2017/2018.
A crise no principal setor produtivo do estado fechou diversas fábricas e custou o emprego de 31 mil pessoas. Entre 2013 e 2017 a economia do estado perdeu 41 mil postos de trabalho. Com a degradação da economia da cana, hoje 44% do PIB estadual está concentrado em Maceió. Arapiraca, que permanece como um importante polo produtor de cana é o segundo maior município em produção econômica, com 8,4% do PIB.
O estado é um dos menores produtores de petróleo do país mas também viu sua produção da commodity recuar recentemente. Entre 2015 e 2017 a produção de petróleo caiu de 262.801 metros cúbicos para 189.100 metros cúbicos, no pior patamar desde 2013.
Hoje a administração pública é o setor que mais emprega no estado com 30,5% da mão de obra sobre uma população total de 3,3 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério do Trabalho compilados pela própria Secretaria de Planejamento do estado em 2017.
A pesquisa da TDL Pesquisa e Marketing ouviu 1.067 eleitores em 53 municípios alagoanos dos dias 15 a 17 de maio por telefone. O nível de confiança do levantamento é de 95% com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TRE – AL (Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Alagoas) sob o nº AL- 03220/2018.
 
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