Corrida ao Senado mostra força do bolsonarismo em estados produtores

Maiores estados produtores de petróleo podem eleger até três senadores da base de Jair Bolsonaro (PSL); sigla que mais perde nas disputas deste ano é o MDB, que começará 2019 com quatro senadores a menos

Senado verá influência da corrida eleitoral em pautas sob votação ainda este ano
Senado verá influência da corrida eleitoral em pautas sob votação ainda este ano

Os três maiores estados produtores de petróleo e gás do Brasil podem eleger até três candidatos da base do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ao Senado na eleição deste ano. De acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto, um apoiador do presidenciável lidera a corrida ao Senado no Espírito Santo enquanto outros dois correligionários do capitão reformado estão na briga por uma das vagas em disputa também em São Paulo e no Rio de Janeiro. Provável adversário de Bolsonaro no segundo turno com a candidatura de Fernando Haddad, o PT lidera a corrida paulista ao senado e pode eleger um senador também no Rio.

O balanço das disputas nos três estados indica a resiliência da nova força política que emerge neste ano, o bolsonarismo, como está sendo chamada a aliança de forças políticas formada no entorno do candidato do PSL. Com menos verba de campanha e menos tempo de TV que as siglas mais tradicionais do cenário político nacional, como PT e PSDB, os candidatos da base de Bolsonaro ganham espaço com a força da candidatura presidencial. No total, a sigla que mais perde nas disputas é o MDB de Michel Temer, que começará 2019 com quatro senadores a menos na comparação com 2015 somente nos três estados.

 

Com pauta de energia, Senado que deve ser influenciado pela eleição presidencial ainda este ano

Antes mesmo da próxima legislatura, o Senado já deve sofrer a influência da eleição presidencial, como indicou o vice-presidente da casa, Cássio Cunha Lima (PSDB/PB) em agosto ao se opor à votação em regime de urgência dos projetos de venda da cessão onerosa, PLC 78/2018, e da venda de distribuidoras da Eletrobras, PLC 77/2018. Na ocasião, Lima afirmou que o melhor seria votar ambas as pautas após a escolha do novo presidente.

“Nada que tenha qualquer polêmica, e esses dois temas são polêmicos, será submetido a votação. Recomenda o bom senso que possamos esperar a vontade soberana do povo. Aí sim, teremos a pauta desse novo governo”, disse Cunha Lima. “O quórum está baixo; estamos há dois meses da eleição de um novo presidente e o atual governo tem baixíssima ou nenhuma legitimidade para tocar temas que interessam ao Brasil. Este é um governo moribundo”, concluiu o senador.

Na última semana, a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, afirmou que o Planalto espera votar ainda este ano no Senado o projeto da cessão onerosa, após a conclusão das negociações envolvendo Petrobras e governo.

Rio tem disputa tríplice entre DEM, PT e filho de Bolsonaro

Maior produtor de petróleo, o Rio de Janeiro viu uma mudança de posições na liderança da corrida ao Senado desde o começo da disputa, com Flávio Bolsonaro (PSL) perdendo paulatinamente a vantagem que chegou a nove pontos de diferença do segundo colocado entre julho e agosto no agregador de pesquisas do site Poder 360 – sistema que congrega todas as pesquisas registradas no TSE com divulgação na mídia.

O filho do presidenciável do PSL hoje aparece em segundo lugar na disputa, atrás do ex-prefeito da capital Cesar Maia (DEM), de acordo com os últimos levantamentos do Ibope e Datafolha, mas empatado dentro da margem de erro. O quadro sugere que o estado pode ver uma renovação completa nas duas vagas do Senado em disputa este ano. Mas em terceiro lugar o atual senador Lindbergh Farias (PT) também vem reduzindo a diferença para a liderança e aparece em empate técnico com Flávio Bolsonaro.

O Ibope divulgado em 3 de outubro também mostra um cenário embolado, com Cesar Maia na liderança com 27% da preferência dos eleitores. Flávio Bolsonaro aparece em segundo com 26% e Lindbergh em terceiro com  22%. Há empate na marge de erro entre Cesar e Flávio Bolsonaro e entre Flávio e Lindbergh.

No Datafolha divulgado em 28 de setembro, Cesar Maia aparece com 26% das intenções de voto; Flávio Bolsonaro tem 25%; e Lindbergh, 22%. Cesar está portanto empatado com Flávio Bolsonaro na margem de erro. O filho do presidenciável Bolsonaro também empata com Lindbergh dentro da margem de erro.

As pesquisas mostram que o PRB, do prefeito da capital Marcelo Crivella, deve perder sua vaga no Senado. Candidato a reeleição, Eduardo Lopes, eleito suplente de Crivella em 2010, está entre os candidatos nanicos. Ele obteve 4% na pesquisa do Datafolha e 3% no Ibope.

O Ibope ouviu 2002 eleitores entre 30 de setembro e 2 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais. A sondagem foi registrada no TSE com o número BR-02726/2018. O nível de confiança das duas sondagens é de 95%. Já o Datafolha ouviu 1414 eleitores de 26 a 28 de setembro. A pesquisa tem margem de erro de 3 pontos percentuais e foi registrada no TSE com o número RJ-00977/2018.

Espírito Santo deve reconduzir eleitos em 2010: um tucano e um aliado de Bolsonaro

Segundo maior estado produtor, o Espírito Santo deve reconduzir ao Senado sem dificuldades dois nomes conhecidos da política estadual. Líder nas pesquisas de intenção de voto, o senador Magno Malta (PR) vem aumentando sua vantagem sobre o segundo colocado, o também senador Ricardo Ferraço (PSDB), de acordo com o agregador de pesquisas do Poder 360.

Embora no PR -partido que oficialmente apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa presidencial -, Malta é um antigo aliado de Bolsonaro e integra o núcleo mais próximo de apoiadores do presidenciável. O senador foi o primeiro nome a ser cotado como candidato à vice-presidência na chapa do PSL.

A última pesquisa para o Senado realizada no estado, o Ibope divulgado em 8 de setembro mostra Magno Malta (PR) com 48% das intenções de voto, seguido de Ricardo Ferraço (PSDB) com 40%. Em terceiro lugar fica Fabiano Contarato, do Rede, com 16% da preferência dos eleitores.

Com margem de erro de 3 pontos percentuais, a pesquisa ouviu 812 eleitores entre os dias 5 e 7 de setembro. A sondagem foi registrada no TSE sob o número BR‐08894/2018 e tem nível de confiança de 95%.

A reeleição dos dois nomes reflete a pouca polarização política no estado, influenciada pela decisão do governador Paulo Hartung (MDB) de não concorrer à reeleição. Hartung era a principal liderança política do grupo pluripartidário de centro-direita composto por siglas como MDB e PSDB e sua desistência anunciada no primeiro semestre facilitou a formação de uma ampla coligação no entorno da candidatura do ex-governador Renato Casagrande, com a aproximação inclusive do tucano Ferraço.

Derrotado no estado ficou o MDB. Nos últimos anos o partido perdeu dois senadores depois de elegê-los: Ferraço, que migrou para o PSDB após ser eleito pelo MDB em 2010; e Rose de Freitas, que trocou a legenda pelo Podemos para disputar o governo estadual este ano. Recentemente o governador Hartung avisou que também se desfiliará da legenda de Michel Temer devido às investigações por corrupção que envolvem a cúpula do governo federal.

São Paulo vê liderança de Suplicy e disputa entre tucana, bolsonarista e ex-tucano pela segunda vaga

São Paulo é o único dos três maiores estados produtores onde o PT lidera a disputa ao senado. Ex-senador que perdeu a vaga na disputa de 2014 para José Serra, Suplicy hoje tem uma vantagem confortável sobre a segunda colocação, que é disputada entre três candidatos: Mara Gabrilli (PSDB), Mário Covas Neto (Pode) e Major Olímpio (PSL).

Pesquisa bope divulgada em 3 de outubro, Suplicy obteve 26%; Gabrilli, 17%; Olimpio e Covas, 14%. Já no Datafolha divulgado em 28 de setembro mostra Suplicy com 26% da preferência dos eleitores. Gabrilli tem 17%; Covas, 15% e Olimpio, 14%.

No estado, a principal força política a perder com a eleição ao Senado é também o MDB. Comandado por Michel Temer e pelo candidato ao governo Paulo Skaf, o partido deve perder as duas vagas de senadores que mantinha com Martha Suplicy e Airton Sandoval. A terceira vaga, que não será renovada este ano, pertence a José Serra (PSDB).

O Ibope ouviu 2002 eleitores entre 30 de setembro e 2 de outubro e tem margem de erro também de 2 pontos percentuais. A sondagem registrada no TSE com o número BR-07211/2018 tem 95% de nível de confiança. O Datafolha ouviu no estado 2101 eleitores entre os dias 26 e 28 de setembro. Com margem de erro de 2 pontos percentuais, a pesquisa tem nível de confiança de 95% e foi registrada no TSE com o número SP-07221/2018.