Política Nacional de Circularidade das Baterias

Projeto institui política para reciclagem de baterias de veículos elétricos

Proposta de Jaques Wagner estabelece rastreamento e metas de reaproveitamento para atender ao boom de eletrificados

Jaques Wagner, à bancada, fala durante reunião da CTIA no Senado sobre regulação da inteligência artificial, em 18 de junho de 2024 (Foto Pedro França/Agência Senado)
Com a popularização dos carros eletrificados, é preciso pensar no destino adequado das baterias, diz Jaques Wagner (Foto Pedro França/Agência Senado)

A rápida popularização dos carros eletrificados — 177 mil unidades emplacadas só em 2024, 80% acima do ano anterior, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) — começa a expor um desafio importante da mobilidade limpa: o destino das baterias dos veículos no fim da vida útil. 

Para prevenir o problema, o senador Jaques Wagner (PT/BA) apresentou um projeto de lei que cria a Política Nacional de Circularidade das Baterias e estabelece regras para reaproveitamento, rastreabilidade e reciclagem dos acumuladores usados em veículos híbridos e elétricos (PL 2.132/2025) . 

A proposta tem objetivo de garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva desses componentes, considerados estratégicos para a transição energética e a descarbonização da economia. 

Pelo texto, a política nacional se aplicará a todo o ciclo de vida das baterias utilizadas em veículos elétricos, desde a fabricação até o descarte final.

Entre os objetivos, estão a promoção da economia circular, o incentivo à reutilização e à reciclagem, a rastreabilidade dos componentes e a extração sustentável de materiais críticos, como o lítio e o cobalto

A proposta define princípios como a precaução ambiental, a responsabilidade compartilhada entre fabricantes e usuários, a transparência sobre a origem dos materiais e a inclusão de trabalhadores da reciclagem, como as cooperativas, no processo de reaproveitamento dos resíduos. 

Instrumentos e obrigações 

O projeto estabelece como instrumentos da nova política: 

  • o passaporte da bateria, com informações obrigatórias sobre composição, origem e reaproveitamento;
  • metas de rastreabilidade e de circularidade;
  • incentivos fiscais e creditícios;
  • critérios de sustentabilidade para compras públicas;
  • certificações técnicas e socioambientais. 

Fabricantes, importadores, distribuidores e recicladores deverão assegurar o cumprimento das normas de sustentabilidade, com garantia de transparência quanto à origem dos materiais, respeito aos direitos humanos e informações técnicas adequadas ao reuso, reparo ou reciclagem das baterias. 

O poder público também terá papel relevante, com a responsabilidade de definir metas de recuperação de valor, credenciar certificadoras independentes, fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico e apoiar a capacitação de pequenos empreendimentos e cooperativas de reciclagem. 

Justificativa 

Na justificativa da proposta, Wagner argumenta que o Brasil precisa se antecipar aos impactos do aumento no uso de veículos elétricos, com o estabelecimento de um marco legal que promova o reaproveitamento de componentes e reduza os danos ambientais decorrentes do descarte inadequado.

O senador cita experiências internacionais e o Acordo de Paris como referências para a formulação do projeto. 

“A proposta pretende reduzir as emissões de gases de efeito estufa na fabricação de baterias, diminuir a dependência de matérias-primas virgens e mitigar os riscos de contaminação do solo e da água”, explica. 

O projeto foi apresentado no dia 6 de maio de 2025 e aguarda despacho da Presidência do Senado para encaminhamento às comissões responsáveis pela análise da matéria. 

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