BRASÍLIA — A Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado aprovou na quinta (19/5) o projeto de lei 6.020/2019 da senadora Leila Barros (PDT/DF) que cria uma política de incentivo tributário à pesquisa de desenvolvimento da mobilidade elétrica no Brasil.
A análise do projeto segue agora para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O projeto determina que as empresas beneficiadas por renúncias fiscais no programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, deverão aplicar 1,5% do benefício tributário em pesquisas sobre o desenvolvimento da tecnologia para veículos elétricos.
O projeto também condiciona investimentos na geração de energia elétrica no interior de veículos a partir do etanol. De acordo com o texto, nos primeiros dez anos de vigência da política, a cota de 1,5% dos benefícios tributários deve ser investida em instituições públicas de pesquisa, ou em pesquisas por elas supervisionadas.
O relator foi o presidente da CCT, Rodrigo Cunha (União/AL). Para ele, o Brasil precisa priorizar mais seus investimentos em mobilidade elétrica.
“Na China e na Alemanha por exemplo, tem havido um rápido avanço na venda de carros elétricos. Na Alemanha esses veículos representaram 26% das vendas de carros em 2021. O avanço dos veículos elétricos é um processo em rápida aceleração, e é global. Então o Brasil precisa planejar o futuro de nossa indústria automotiva, que é 20% do PIB industrial. Precisamos investir muito mais em pesquisa e desenvolvimento”, ressaltou o senador.
Cunha ainda lembrou que o Brasil é dotado de riquezas minerais e portanto deveria buscar novas formulações químicas de baterias que usem os recursos de que o país dispõe em abundância.
“Assim, poderemos fabricar as baterias aqui mesmo e então exportá-las para mercados de fora, em vez de simplesmente enviar esses recursos para que outros países façam a manufatura das baterias. E ainda há um importante mercado que poderia se abrir para nossos biocombustíveis, que podem servir até para motores de aeronaves“.
Na justificativa do PL, Leila destaca que o Rota 2030 possibilita renúncias fiscais que chegam hoje a R$ 9 bilhões para as empresas. Portanto os incentivos à pesquisa de mobilidade elétrica poderiam atingir hoje R$ 135 milhões ao ano. Nos primeiros 10 anos, caso a proposta seja aprovada e sancionada, os aportes para pesquisa chegariam pelo menos a R$ 1,3 bilhão.
- Empresas se unem para impulsionar carros elétricos no Brasil Grupo liderado pela 99 traça como meta criar 10 mil pontos de recarga até 2025
Imposto de importação
Também aguarda avaliação da CAE o PL 403/2022, do senador Irajá (PSD/TO), que isenta veículos elétricos e híbridos do Imposto de Importação até 31 de dezembro de 2025.
A proposta tenta estender os incentivos de uma resolução de setembro de 2020, do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), que zerou a alíquota de 35% para a maioria dos casos de importação de veículos elétricos ou híbridos, e reduziu a 2% ou 4% em algumas situações.
Segundo o senador, o objetivo do PL é aumentar a abrangência do benefício já concedido pelo Poder Executivo e dar segurança jurídica para as empresas, já que, uma vez em lei, o incentivo não poderá ser retirado sem o aval do Congresso Nacional.
A expectativa com a proposta é reduzir em até 20% o preço final dos eletrificados no Brasil.
“O impacto no custo final poderia reduzir da ordem de 10 a 20% o preço dos veículos elétricos e híbridos para o consumidor final brasileiro. Existe ainda uma distância muito grande até a viabilidade econômica, porque a frota a combustível fóssil é infinitamente menor o preço”, justifica o autor do projeto.
Se aprovado na CAE, o PL segue direto para a Câmara dos Deputados, sem precisar passar pelo plenário do Senado.
Híbridos flex a etanol ampliam vantagem no Brasil
As vendas de veículos eletrificados leves no Brasil cresceram 115% no primeiro trimestre de 2022, chegando a 9.844 unidades, contra 4.582 no mesmo período de 2021, mostra levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
E os híbridos flex a etanol (HEV) fabricados no Brasil pela Toyota ampliaram a liderança do mercado brasileiro de eletrificados, respondendo por 65% das vendas em março, com 2.504 unidades.
Somados, os HEV a etanol, gasolina e diesel chegaram a 73% das vendas do segmento em março e a 68% no primeiro trimestre.
Foi também o melhor mês de março e o terceiro melhor mês da série histórica, só superado por dezembro e agosto de 2021.
O mês passado registrou 3.851 emplacamentos de eletrificados, aumento de 106% sobre março do ano anterior, e de 12% sobre fevereiro de 2022.
Elétricos e híbridos seguem uma tendência inversa à do mercado doméstico de automóveis e comerciais leves em geral, cujas vendas caíram 25% na comparação entre os primeiros trimestres de 2022 e 2021.
O primeiro trimestre de 2022 registrou 374.533 emplacamentos, contra 497.812 em 2021, segundo a Fenabrave.