Como a eleição de Pernambuco mudou o xadrez da sucessão no Ministério de Minas e Energia

Como a eleição de Pernambuco mudou o xadrez da sucessão no Ministério de Minas e Energia
Fernando Coelho Filho, exonerado nesta sexta-feira do cargo de ministro de Minas e Energia, na sua última reunião com secretários. Foto: Saulo Cruz/MME

A decisão do ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, de se desfiliar do MDB e migrar para outra legenda – provavelmente o DEM – reduziu a quase zero as chances do secretário-executivo do MME, Paulo Pedrosa, sucedê-lo na pasta. Com a mudança, Pedrosa acertou sua saída do MME. Quem também já pediu demissão foi o presidente da EPE, Luiz Barroso. Nesta sexta-feira, Coelho Filho e o presidente de Itaipu Binacional, Luiz Vianna, foram exonerados do cargo.

A sucessão no MME segue indefinida. Tende a ser resolvida no fim de semana e a posse do novo ministro acontecer na próxima terça-feira (10/4). 

Nos últimos meses, a principal previsão para a sucessão ministerial marcada para este fim de semana, no fim da janela de mudança partidária, era que o presidente Michel Temer deixaria o MME a cargo de um indicado de Coelho Filho para dar seguimento às políticas adotadas pela sua gestão sem surpresas ao setor e, não menos importante, manter inalterado o equilíbrio de forças dentro do Congresso nos últimos meses do governo. Essa tem sido a linha mestra nas trocas de ministros em toda a esplanada este ano.

O nome mais apontado em especulações era o de Pedrosa, que disputava a vaga com os secretários de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, Márcio Félix, e Energia Elétrica, Fábio Alves. Qualquer um dos três nomes agradava o setor e manteria a harmonia com Coelho Filho, cuja migração para o MDB estava agendada há meses. Coelho Filho chegou a se filiar ao MDB em cerimônia em Brasília em 21 de março. Mas uma reviravolta na política pernambucana, no entanto, jogou água em seus planos.

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O ministro negociou sua mudança para o partido com a presidência nacional do MDB, diretamente com o senador Romero Jucá, que estava desalojando da direção pernambucana da legenda o grupo político do dissidente Jarbas Vasconcellos. Jarbas recorreu à Justiça e já ganhou três liminares contra a decisão do MDB nacional.

MDB pernambucano deve ficar sem os grupos dos Bezerra Coelho e de Jarbas Vasconcelos

Ocorre que com a proximidade do fim da janela partidária – que obriga políticos com mandato de deputado estadual e federal a definir até amanhã (7/4) seu futuro – e a instabilidade da decisão judicial por liminar, ambos os grupos políticos definiram sua saída do MDB pernambucano. De olho na eleição de outubro e sem grande simpatia recíproca, ninguém pretende pagar para ver quem ganha o cabo de guerra.

Jarbas Vasconcelos deve sair do MDB e, segundo a revista Veja, abrigar-se em uma legenda que lhe permita concorrer ao Senado em outubro e apoiar o governador Paulo Câmara (PSB) à reeleição.

No outro extremo, Coelho Filho voltou a negociar com o DEM sua migração para a legenda. Sua mudança é dada como certa entre ex-correligionários e aliados do ministro que deixaram com ele o PSB e migraram para o DEM em meados do ano passado, quando o partido migrou da base de Temer para a oposição. O objetivo do ministro e de seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho, é criar uma chapa capaz de disputar o governo do estado contra Câmara, seu ex-aliado e líder do PSB em Pernambuco.

Governo cogita nomes do MDB para sucessão

Embora o tempo seja curto, as negociações de Coelho Filho permanecem abertas em busca da melhor proposta. Ele e seu pai querem ter destaque em uma possível chapa contra Câmara. Mas enquanto trabalha contra o tempo para se abrigar em uma legenda até sábado, Coelho Filho desagradou a direção nacional do MDB. O partido acreditava na sua permanência na legenda e agora cogita nomear o ministro Moreira Franco, fiel aliado de Temer, na pasta de Minas e Energia, mantendo o importante ministério em casa.

Privatização da Eletrobras 

Outra possibilidade é tentar aplacar a dissidência do MDB mineiro nomeando para a pasta o deputado Saraiva Felipe (MDB/MG). Sua nomeação, contudo, traria dúvidas quanto à possibilidade do plano de privatização da Eletrobras seguir a diante. Próximo do senador tucano Aécio Neves (PSDB/MG), Saraiva poderia se opor à privatização de Furnas seguindo a linha da bancada mineira do seu partido que em setembro aprovou uma moção contra a privatização da estatal mineira.

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