diálogos da transição

Flexibilização das metas CO2 para carros novos avança na Europa

Proposta é permitir que montadoras possam comprovar alcance da meta por meio da média de suas emissões entre 2025 e 2027

Ursula von der Leyen (Foto: EC Audiovisual Service)
Ursula von der Leyen (Foto: EC Audiovisual Service)

NESTA EDIÇÃO. Teto de emissões para veículos novos começou a valer em 2025, mas montadoras apontam custo bilionário em multas.

Nova proposta enviada para votação do Parlamento dá mais prazo para cumprir as metas, a partir de uma média de três anos.


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Países membros da União Europeia concordaram em flexibilizar as metas de emissões de CO2 do bloco para carros e vans, atendendo a um apelo das montadoras que chegaram a estimar um custo de 15 bilhões de euros em multas caso tivessem que cumprir a regra prevista já para 2025.
 
A mudança na regulação ainda precisa da aprovação do Parlamento. A expectativa é que a votação ocorra na quinta (8/5), dada a urgência da decisão. (Reuters)
 
Em março deste ano, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, havia anunciado os planos de dar às montadoras três anos para atingir os novos limites de CO2. 
 
Pela regulação em vigor, os fabricantes são obrigados a atingir a média de 93,6 g/km de CO2 para todas as entregas de carros novos em 2025 e 49,5 g/km até 2030, antes de atingir zero emissões até 2035.
 
As vans devem atingir uma média de frota de 153,9 g/km até 2025 e 90,6 g/km até 2030.
 
Agora a proposta é permitir que as montadoras possam comprovar o alcance da meta por meio da média de suas emissões no período de 2025 a 2027.
 
Quando apresentou a proposta em março, von der Leyen disse que a comissão manteria as metas acordadas, mas mostraria “mais pragmatismo nestes tempos difíceis” e neutralidade tecnológica. 
 
“As metas permanecem as mesmas; eles precisam cumpri-las. Isso significa mais espaço para a indústria respirar e mais clareza, sem alterar as metas acordadas”, discursou a presidente.



São tempos difíceis em todo o mundo, com guerras tarifárias, crise climática, conflitos armados e inflação acirrando medidas protecionistas e em busca de segurança energética.

Nesta segunda (5/5), a Comissão Europeia apresentou um novo roteiro do plano REPowerEU, com medidas para eliminar totalmente a dependência do bloco em relação à energia russa. O objetivo é encerrar as importações de gás, petróleo e energia nuclear provenientes da Rússia até 2027.

  • Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, a UE já reduziu as importações de gás russo de 150 bilhões de metros cúbicos em 2021 para 52 bcm em 2024, baixando a participação russa no mercado europeu de gás de 45% para 19%. 
  • As importações de carvão russo foram totalmente banidas por sanções, e o petróleo russo representa agora apenas 3% das compras do bloco, ante 27% no início de 2022. 

Em outra frente, a indústria tem encontrado dificuldades em competir com a produção chinesa de veículos elétricos. O início de 2025 também foi marcado por uma disputa tarifária que foi parar na Organização Mundial do Comércio (OMC)
 
Outras montadoras também foram afetadas pela política do bloco que visa fortalecer a indústria regional.
 
Em janeiro, a norte-americana Tesla e a alemã BMW entraram com ações no Tribunal Geral da União Europeia e se juntaram a BYD, Geely e SAIC – fabricantes de automóveis da China – que se opõem às tarifas sobre veículos elétricos.
 
O grupo questionava tarifas de até 45% sobre os carros elétricos chineses, 7 8% sobre os modelos da Tesla fabricados no país e de  20,7% nos alemães.

Outra indústria que tem demonstrado dificuldade em atingir os objetivos de descarbonização do bloco é a de hidrogênio.
 
A preferência da UE pela rota da eletrólise com renováveis e a exclusão de outras rotas como o gás natural com captura de carbono de programas de incentivo tem levantado críticas entre alguns setores preocupados com o custo da transição.
 
Recentemente, pressões para flexibilizar as regras de certificação e incluir o hidrogênio de baixo carbono em subsídios governamentais ganharam força, demonstrando a complexidade em balancear metas ambientais ambiciosas e viabilidade econômica e tecnológica.
 
Entre as demandas estão o adiamento da regra de adicionalidade de 2028 para 2035 e a ampliação do prazo para cumprimento da regra que exige correlação temporal entre a produção de hidrogênio e a geração de energia renovável. 


COP30. Presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o Brasil quer liderar pelo exemplo e fazer o fórum ficar conhecido como a COP da implementação. Mas, para alcançar esse objetivo, precisará lidar com contradições domésticas e mostrar compromisso com a transição energética, disse na terça (6/5) a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede).
 
Ainda sobre COP30. A economista Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), será a enviada especial para energia na conferência climática da ONU que será realizada em Belém, no Pará, em novembro. A informação foi confirmada pela própria executiva.
 
Eólica offshore. O Ministério de Minas e Energia (MME) pretende publicar até o fim do primeiro semestre um cronograma com os principais marcos para regulamentar a lei das eólicas offshore, sancionada em janeiro deste ano. O anúncio foi feito na terça (6/5) pela diretora de Transição Energética da pasta, Karina Sousa.
 
Hidrogênio no Nordeste. O MME receberá da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até dezembro, os estudos que devem destravar os gargalos na rede de transmissão do Nordeste, passo considerado crucial visando à instalação de plantas de produção de hidrogênio verde, projetos eletrointensivos que têm tido seus pedidos de conexão rejeitados.
 
Data centers. A capacidade do sistema elétrico brasileiro de absorver com rapidez as grandes cargas que os data centers podem trazer para o país vai ser uma medida estruturante para a atração desses investimentos, aponta o diretor sênior da A&M Infra, Juan Landeira. Nesse contexto, as recentes negações de pareceres de acesso à rede geram insegurança jurídica, afirma o especialista.
 
Contratação de térmicas. O Ministério de Minas e Energia abriu, nesta quarta-feira (7/5), uma consulta pública para regulamentar o regime de contratação diferenciada de termelétricas, destinado ao atendimento da ponta da carga. Agentes do setor podem enviar contribuições em um prazo de 15 dias. 
 
Foz do Amazonas. O governador do Amapá, Clécio Luís, anunciou a criação de um plano de governança para os recursos da exploração de petróleo na região. A proposta inclui um fundo soberano e investimentos em preservação ambiental, infraestrutura, povos tradicionais e pesquisa. A declaração foi feita à agência eixos, durante a OTC 2025, em Houston.
 
Brasil cai em ranking solar. O Brasil foi o quarto país que mais acrescentou capacidade solar em 2024, segundo relatório da SolarPower Europe. Em 2023, o país estava na terceira posição global. Ao todo, o Brasil adicionou 18,9 GW em 2024, volume recorde. 
 
Troca na Petrobras. A presidente da estatal, Magda Chambriard, confirmou que o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Maurício Tolmasquim, está deixando o cargo. A decisão ocorre após a indicação dele para o conselho de administração da Eletrobras.
 
Substituição do diesel. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que o estado está na dianteira da transição energética e será o primeiro do Brasil a substituir o uso do diesel, começando pelo agronegócio. Segundo ele, a biomassa da cana é uma das principais apostas para um modelo de energia limpa, com múltiplas aplicações.

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