NESTA EDIÇÃO.
Brasil e Argentina assinam acordo no G20 para importação de gás.
Cidades pedem US$ 800 bilhões anuais em financiamento para adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
Cidades nos EUA seguem comprometidas com metas do Acordo de Paris.
Lula e a primeira-ministra da Itália falam sobre a crise da Enel.
Estatais defendem exploração responsável de petróleo.
Presidência da COP29 lança acordo por hidrogênio.
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Cúpula do G20 começa com acordo para importação de gás argentino
Brasil e Argentina vão aproveitar a Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro nos próximos dias para assinar um memorando de entendimento para viabilizar a importação do gás natural da região de Vaca Muerta.
Os países vão criar um grupo de trabalho para avaliar cinco rotas para a ampliação da entrada do gás argentino no Brasil. As possibilidades são:
- Importação pela Bolívia, com a inversão do Gasbol
- Importação pelo Paraguai, com a construção de um novo gasoduto pelo Chaco Paraguaio
- Interligação direta entre o Rio Grande do Sul e a Argentina, pela cidade de Uruguaiana
- Interligação entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai
- Importação de gás natural liquefeito (GNL)
A expectativa é de início da importação já em 2025 do gás produzido nas províncias de Neuquén e Rio Negro de empresas como TotalEnergies, Pluspetrol e Pan American.
- Os volumes podem chegar a 30 milhões de m³/dia até 2030. Como comparação, hoje o Brasil consome de 70 a 100 milhões de m³/dia (em épocas de alto acionamento de usinas termelétricas).
- Segundo fontes, a expectativa é que o gás argentino chegue ao Brasil a um custo entre US$ 7 e 8 por milhão de BTU.
“Essas políticas de integração da América do Sul são muito importantes para a segurança energética e para a diminuição de custo em toda a cadeia de energia”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista à CNN.
Falando em integração regional… Presente no Rio de Janeiro para participar do G20, o presidente do Chile, Gabriel Boric, lembrou que o enfrentamento às mudanças climáticas traz oportunidades para a modernização das cidades na região.
- Boric elogiou os esforços do Brasil este ano para a reforma do financiamento climático e a melhoria no acesso aos fundos globais.
O tema da adaptação e financiamento às cidades no combate ao aquecimento global ganhou espaço nos dias que antecederam a Cúpula de Líderes. Confira abaixo os destaques.
Lula reconhece papel urbano no combate às mudanças climáticas. O presidente defendeu que as cidades precisam ser contempladas nos mecanismos de financiamento da transição climática. Em discurso na abertura do Urban 20, grupo de engajamento do G20 sobre cidades, Lula lembrou que as cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases de efeito de estufa e por 75% do consumo global de energia.
Cidades pedem fundo para adaptação. Representantes de mais de cem cidades ao redor do mundo entregaram, no domingo (17/11), uma carta ao presidente Lula, com a proposta de criação de um fundo garantidor para facilitar a chegada de US$ 800 bilhões anuais em financiamento às cidades, direcionados a projetos de adaptação e mitigação climática.
- A proposta, que deve ser levada pela presidência do Brasil às discussões do G20 nesta semana, foi feita durante a realização do U20, iniciativa que reúne cidades dos países membros durante a presidência brasileira do G20, no Rio de Janeiro.
Enfrentamento às mudanças do clima nos EUA. As cidades dos Estados Unidos seguirão comprometidas com as metas do Acordo de Paris, independentemente das possíveis mudanças nas políticas com a volta de Donald Trump à presidência, disse a prefeita de Phoenix (Arizona), Kate Gallego, durante o U20.
Crise da Enel. A necessidade de avanços na melhoria dos serviços prestados pela distribuidora foi um dos temas debatidos pelo presidente Lula com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. A Enel é uma empresa de capital mista com participação do estado italiano. No mês passado, um apagão afetou 3 milhões de consumidores na região metropolitana de São Paulo, que é atendida pela concessionária.
Exploração responsável. Uma carta elaborada pelas estatais Petrobras, Itaipu Binacional, Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES com propostas para os chefes de estado que compõem o G20 defende a importância da exploração de petróleo e gás eficiente em custo e emissões para assegurar que a transição energética seja justa e inclusiva.
- As estatais defendem que a exploração responsável vai ser importante para assegurar a segurança energética global com menores emissões.
Noruega defende tratamento diferenciado. O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, destacou a urgência da transição energética e defendeu o tratamento diferenciado entre países ricos e pobres neste processo.
- Neste domingo, o país anunciou a doação de mais US$ 60 milhões (cerca de R$ 350 milhões) ao Fundo Amazônia, de combate ao desmatamento no bioma.
Redução da dependência dos fósseis. O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, defendeu que os países desenvolvidos devem liderar a transição para o fim dos combustíveis fósseis. E destacou que o Brasil pode fazer este processo mais rápido, com ajuda dos biocombustíveis.
Agricultura familiar. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, afirmou que a pasta vem trabalhando para maior inclusão dos agricultores familiares na produção de etanol, combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), e energia solar. O tema faz parte da agenda do Brasil no G20, de defesa de uma transição energética justa.
Hidrogênio na COP29. O lançamento da Hydrogen Declaration pela presidência da conferência é um passo, ainda tímido, mas importante para o desenvolvimento de um mercado global de hidrogênio limpo, em mais uma COP marcada pela presença intensa de representantes do setor de óleo e gás. A iniciativa, apresentada durante a reunião ministerial sobre iniciativas energéticas, busca acelerar a produção de hidrogênio de baixo carbono e renovável. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Fósseis na COP29. Pelo menos 1.773 lobistas do carvão, petróleo e gás participam das negociações climáticas em Baku, no Azerbaijão, e representam cerca de 1,5% dos quase 70 mil inscritos, de acordo com levantamento da coalizão Kick Big Polluters Out (KBPO) divulgado na sexta (15/11), o dia da energia na COP29. Leia na Diálogos da Transição.
O futuro das COPs. Ex-secretários das Nações Unidas publicaram uma carta aberta pedindo uma revisão urgente de como as COPs são conduzidas. O documento é endereçado aos Estados-Membros da ONU e ao Secretário Executivo do Secretariado da UNFCCC, Simon Stiell, e aponta que o processo de política climática global não é mais adequado. Defende a necessidade de uma revisão abrangente para garantir a estabilidade e um futuro habitável para a humanidade.
Créditos de carbono. O Integrity Council for the Voluntary Carbon Market (ICVCM) aprovou três metodologias para emitir créditos de carbono de alta integridade para reduzir emissões de desmatamento e degradação florestal em países em desenvolvimento (REDD+). Nenhum crédito foi emitido ainda. A expectativa é que os títulos sejam rotulados com o selo CCP a partir do início de 2025.
Riscos no mercado livre de energia. A aplicação de instrumentos do mercado financeiro no mercado livre de energia no Brasil vai ajudar a reduzir os riscos das negociações no país, na visão do chefe de Risco e Análises Estratégicas da N5X, Erick Takarabe. A companhia pretende estabelecer uma câmara de liquidação e compensação no país com uma contraparte central, o que deve ajudar a fazer uma gestão mais eficiente dos riscos do mercado.
Militares migram para o mercado livre. A abertura do mercado livre de energia está atraindo bases da Marinha, Exército e Aeronáutica. Em outubro, a Marinha do Brasil assinou contratos para a migração de 18 bases e organizações militares. A Matrix Energia foi a vencedora das licitações de sete das bases. Recentemente, a Urca Trading também arrematou uma das bases nas licitações da Marinha.
Tarifas de gasodutos. Diretores da ANP sinalizaram manifestações favoráveis ao aumento da transparência no setor. Ao menos três membros do colegiado já manifestaram apoio ao pedido de usuários para abertura da base de ativos das transportadoras. Leia na gas week.