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CDE ultrapassa R$ 50 bi pela primeira vez em 2026

Orçamento da conta paga pelos consumidores está na pauta da reunião de diretoria da Aneel

Consumidora segura conta de luz da Celesc, distribuidora de Santa Catarina (Foto Júlio Cavalheiro/Celesc)
Consumidora atendida pela Celesc, distribuidora catarinense, segura conta de luz | Foto Júlio Cavalheiro/Celesc

NESTA EDIÇÃO. Proposta de orçamento da CDE totaliza R$ 52,7 bi para o próximo ano. 
 
Com a chegada de data centers e do hidrogênio, acesso de grandes cargas ao sistema elétrico terá mecanismo de concorrência. 
 
Petrobras indica que vai participar do leilão de baterias
 
Governo dá 60 dias para MME, MMA, Fazenda e Casa Civil proporem diretrizes para o mapa do caminho para transição.


EDIÇÃO APRESENTADA POR:

A proposta de orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para 2026 é de R$ 52,7 bilhões, sinalizando um novo aumento de encargos em 2026, em meio à expansão da tarifa social e do peso dos subsídios para a geração distribuída.  

  • O valor foi apresentado pela área técnica da Aneel e está na pauta da reunião de diretoria da agência de terça -feira (9/12). 
  • A CDE reúne os subsídios destinados a políticas públicas nas contas de energia e é paga por todos os consumidores. 

Em relação a 2025, o aumento será de R$ 3,4 bilhões

  • A maior parte do incremento vem dos subsídios para a geração distribuída, que vai demandar R$ 3,2 bilhões a mais no próximo ano. 
  • Também contribuem para a pressão inflacionária os descontos nas tarifas de transmissão e distribuição para fontes renováveis
  • Relembre a proposta de 2025: CDE vai ultrapassar R$ 40 bilhões em 2025: entenda os motivos do aumento

Vale lembrar ainda que 2026 será o primeiro ano completo sob o novo modelo da tarifa social de energia, o que deu gratuidade no consumo de até 80 kWh por mês para famílias de baixa renda por meio do programa Luz do Povo. 

  • O custo da medida totaliza R$ 10,4 bilhões e será integralmente coberto pela CDE. 

Por outro lado, alguns subsídios tiveram alívios, como as usinas a carvão, devido ao ajuste já previsto no contrato da termelétrica Jorge Lacerda.   

  • Também é o caso do programa Luz para Todos, de universalização do acesso à energia, que terá orçamento 33% menor.
  • Está prevista ainda uma redução das despesas com combustíveis em áreas não conectadas ao sistema, devido à interligação de Roraima

O aumento na CDE é um alerta vermelho para a inflação no ano eleitoral, sobretudo num contexto em que as contas de luz já vêm pesando no bolso do consumidor. 

  • Em 2025, o efeito médio da alta tarifária está projetado para encerrar 2025 em 7%, superando as estimativas dos índices inflacionários. Como comparação, o IGP-M está em 1,03%, e o IPCA em 4,68% em 12 meses. 
  • Os maiores custos com encargos setoriais e financeiros também são a justificativa para o incremento na conta de luz já este ano. 

Além disso, o valor total previsto para 2026 já é uma indicação do que esperar para 2027, ano que será a base para o mecanismo de teto no aumento da CDE aprovado a partir da medida provisória 1304/2025, já convertida em lei. 



Disputa pela conexão. O governo editou um decreto na segunda-feira (8) com os critérios para a conexão de grandes projetos ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Na prática, foi criado um mecanismo de concorrência com base em critérios técnicos, em meio à expectativa corrida pelo acesso de projetos de maior carga, como data centers e plantas de hidrogênio.

  • As concorrências vão ocorrer ao menos duas vezes ao ano, para os pontos da rede onde houver mais demanda do que capacidade de escoamento. 

Petrobras no leilão de baterias. A petroleira estuda participar do primeiro leilão de baterias do país, previsto para abril de 2026, com entrega dos empreendimentos em 2028. A companhia vê no certame a porta de entrada para atuar no segmento de baterias. 

Da Fiesp à Faria Lima, entidades empresariais de diversos setores assinaram um manifesto conjunto em apoio à aprovação integral do PLP 125/2022, que tipifica o devedor contumaz, tema prioritário do governo federal e do mercado de combustíveis. 

Preço do barril. O petróleo caiu na segunda (8), enquanto investidores seguem monitorando negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, apesar de nova troca de ataques entre os dois países.

  • O Brent para fevereiro recuou 1,98% (US$ 1,26), a US$ 62,49 o barril

Preço do etanol. Os preços médios do etanol hidratado subiram em 14 estados, caíram em outros sete e no Distrito Federal e ficaram estáveis em cinco na semana encerrada no sábado (6). 

  • O preço médio do etanol subiu 0,69% na comparação com a semana anterior, a R$ 4,36 o litro

Mercado livre de gás. A migração de indústrias para o ambiente de contratação livre ganhou tração em 2025 e já movimenta mais de 13 milhões de m3/dia, estima a Wood Mackenzie

  • De acordo com levantamento, Petrobras, Galp e Edge capturaram, juntas, 68% dos contratos assinados até setembro.

Comitê do SBCE. O governo publicou o decreto que cria o Comitê Técnico Consultivo Permanente do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa

Mapa do caminho para transição. O governo deu 60 dias para os ministérios de Minas e Energia, Fazenda e Meio Ambiente, além da Casa Civil, proporem diretrizes para elaboração do mapa do caminho para transição, que será submetida ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

  • É o início formal dos trabalhos para a criação do Fundo para a Transição Energética. A iniciativa havia sido anunciada pelo presidente Lula (PT) durante a COP30.
  • O problema é que o CNPE não tem competências para criação do fundo. O projeto de lei de diretrizes orçamentárias (LDO) proíbe a criação, em 2026, de “quaisquer espécies de fundos para financiamento de políticas públicas”. Veja os detalhes na newsletter diálogos da transição

Opinião: Não há escolha do consumidor pelo mercado livre sem entender de onde vem a energia que se consome, quanto ela custa de fato e como esse custo varia ao longo do dia, escreve o CEO da LUZ, Rafael Szarf.

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