PARIS — “Ninguém no mundo vem dar lição para gente de descarbonizar o planeta”, disse o presidente Lula (PT) nesta sexta-feira (6/6), no encerramento do Fórum Econômico Brasil-França, em Paris. O líder cumpre agenda na França até segunda-feira (9/6).
“O Brasil tem uma gasolina que utiliza 30% de etanol na mistura. E o Brasil tem um óleo diesel que usa 15% de biodiesel no óleo diesel”, justificou.
O país utiliza, hoje, 27% de etanol anidro adicionado à gasolina. A elevação para 30%, o E30, prevista na lei do Combustível do Futuro ainda depende de uma decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Há uma expectativa de que o colegiado se reúna no final deste mês ou meados de julho para decidir sobre a mistura. O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), assumiu o compromisso de que a elevação da mistura obrigatória de etanol à gasolina iria de 27,5% (E27) para 30% até o final do ano.
Já o acréscimo de 15% de biodiesel e óleos vegetais ao diesel (B15) deveria ter ocorrido em março deste ano. Entretanto, foi adiado devido aumento no preço do diesel e do óleo de soja, e preocupações com fraudes na mistura do biocombustível na cadeia de distribuição. A mistura mínima obrigatória atual é de 14% (B14).
Acordo entre União Europeia e Mercosul
Lula contou, ainda, que, em reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron, disse ao líder francês: “antes de eu terminar a presidência do Mercosul, esteja preparado, porque nós vamos assinar o acordo União Europeia e Mercosul”.
O presidente brasileiro assume a presidência do Mercosul em julho e fica no posto até dezembro.
Durante coletiva de imprensa na quinta-feira (5/6), Macron criticou o acordo entre os dois blocos por comportar “um risco para os agricultores europeus”. Na visão dos franceses, “os países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação” que a imposta na Europa.
Lula rebateu dizendo que nenhum outro presidente no mundo defende mais o meio ambiente que ele.
Ainda durante o fórum econômico desta sexta, o presidente brasileiro aproveitou a oportunidade para alfinetar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“É um acordo [Mercosul-UE] que é uma demonstração a quem está tentando derrotar o multilateralismo, a quem está tentando voltar a fazer o protecionismo, de que o mundo não quer xerife”.
“O mundo não tem dono, cada país é soberano, e de acordo com sua soberania, faz aquilo que quiser sem que ninguém de outro país dê palpite ou imponha taxação de forma desordenada a quebrar a harmonia de uma economia que já havia funcionado bem”, completou.
Além de adotar políticas contra as energias renováveis e a favor dos combustíveis fósseis neste segundo mandato, Trump impôs taxas para importações de diversos países. Para os produtos brasileiros, a tarifa foi de 10%, a menor adotada pelo governo. O principal item exportado do Brasil para os EUA é o petróleo bruto.
O governo brasileiro afirma que o país está violando os compromissos assumidos com a Organização Mundial do Comércio (OMC).
R$ 100 bi em investimentos franceses
Segundo o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, empresários franceses anunciaram, durante reunião com Lula, que planejam investir cerca de R$ 100 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos.
Atualmente, o comércio bilateral é de cerca de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 63 bilhões).