Energia

Equilibrando os interesses no setor de energia

Profissional de Relações Institucionais que atua no setor energético enfrenta desafios antagônicos, temas complexos e diversidade de atores e interesses, escreve Fernando Teixeirense

Na imagem: Parlamentares discutem durante sessão no Plenário do Senado Federal (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
Sessão no Plenário do Senado Federal (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

O profissional de Relações Institucionais que atua no setor energético enfrenta desafios antagônicos, não só pela complexidade dos temas, mas principalmente na diversidade de atores e interesses que envolvem as pautas do setor.

Se pegarmos apenas dois grandes segmentos, por exemplo, como o setor elétrico e o de gás natural, já vamos nos deparar com cenários completamente adversos e desafiadores.

No setor elétrico o jogo é mais claro. Fica mais fácil mapear “quem e como” e, assim, definir as ações de acordo com esses atores. A regulação é clara, as regras são nacionais e o relacionamento é a base do trabalho para explicar seus argumentos e os pontos que cada entidade defende.

No setor de gás natural o jogo muda drasticamente. Vamos usar como exemplo a Lei do Gás, que foi aprovada há dois anos num enorme esforço de todos os envolvidos para garantir que o mercado de gás tivesse mais competitividade e garantisse, entre outras coisas, a entrada de novos supridores.

A esperança pela aprovação deu lugar ao desânimo quando alguns estados começaram a descumprir a Lei Federal e a criar novas regulações em suas Assembleias.

Esse é um problema com base na Constituição, que concentrou na União o poder de legislar e regular a energia elétrica, mas dividiu essas atribuições com os estados no setor de gás, multiplicando a complexidade e os atores envolvidos.

Esse fato é um ótimo exemplo para entender o papel do RI e como ele precisa se moldar a cada novo acontecimento e de forma totalmente diferente para cada setor.

Após a aprovação da Lei, e a interferência dos estados para descumpri-la, foi necessário mapear cenários regionais absolutamente diversos. Identificar mais atores nas assembleias estaduais, nas prefeituras, na imprensa regional e até no ambiente digital, buscando microinfluenciadores locais.

E, nesse caso, o desafio é ainda maior porque a União não está disposta a brigar com os estados. E assim, com tantas pautas e tantos interesses divergentes, os RIs vão tentando atuar num varejo gigantesco e buscando, no final das contas, equilibrar todos os interesses para tentar vencer, ou ao menos garantir, algumas vitórias nesse campo que é uma verdadeira guerra de narrativas.

Este artigo expressa exclusivamente a posição do autor e não necessariamente da instituição para a qual trabalha ou está vinculado.