A demanda por gás natural das distribuidoras caiu 21% em julho deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados compilados pela Abegás e publicados nesta terça (6). Na comparação com 2019, a demanda pelo energético voltou a cair no mês, após a recuperação observada em junho.
A demanda total, incluindo para geração de energia, foi de 52 milhões de m³/dia em julho, frente a 65 milhões de m³/dia em 2019. Com isso, a demanda média em 2020, até julho, foi a 54 milhões de m³/dia, 9% menor na comparação com os 7 meses do ano passado (59 milhões de m³/dia).
O resultado é fortemente impactado pela demanda termoelétrica, que foi menor no primeiro semestre durante os meses em que atividade econômica foi mais afetada pela pandemia, e ainda inverteu a tendência de crescimento em julho, observada em 2019.
Entre junho e julho deste ano, a demanda de gás para geração de energia caiu de 18 milhões de m³/dia para 15 milhões de m³/dia (-17%). Ano passado, cresceu entre os meses de 16 milhões de m³/dia para 25 milhões de m³/dia (+56%). Na comparação anual, a demanda caiu 40% em julho.
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Demanda industrial cresce desde abril
Em julho, o segmento industrial cresceu 11% em relação a junho, saindo de 24 milhões de m³/dia para 26 milhões de m³/dia. Na comparação anual, caiu 6,2%. O pior momento do mercado industrial foi em abril, com consumo de 19 milhões de m³/dia.
“A pandemia teve um impacto brutal na demanda de gás natural nos meses de abril e maio, principalmente, mas os números de julho confirmam o movimento de recuperação já observado em junho. Isso é resultado da reabertura gradual das atividades econômicas em todo o país e da progressiva retomada da mobilidade”, analisa o presidente executivo da Abegás, Augusto Salomon.
O executivo voltou a defender, em nota, a alteração do projeto de Lei do Gás aprovado na Câmara e atualmente em tramitação no Senado Federal. Salomon afirma que é necessário criar as âncoras de gás natural, por meio de térmicas inflexíveis (a chamada geração na base) e contratas em regiões sem infraestrutura, para justificar investimentos na construção de gasodutos.
“O PL do Gás também precisa de medidas que garantam uma âncora de consumo (térmicas a gás na base do sistema elétrico) para estimular a produção de gás e, ao mesmo tempo, interiorizar o gás natural para cidades como Brasília, Goiânia e Teresina, entre outras tantas capitais e cidades de Estados que ainda não dispõem de gasodutos”, afirma Salomon.
O senador Eduardo Braga (MDB/AM), apontado como possível relator da Lei do Gás no Senado, vem defendendo medidas na mesma linha.
“Esperamos que o Senado Federal tenha sensibilidade para não desperdiçar essa janela de oportunidade”, conclui Salomon.
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