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Unigel deve buscar solução de mercado para preços do gás, indica Petrobras

Petroquímica paralisou, em abril, a unidade sergipana para manutenção, já afirmando ao governo que precisaria de subsídio para retomar operação

Na imagem: Unidade de fertilizantes nitrogenados em Laranjeiras, Sergipe (Foto: Divulgação Unigel)
Unidade de fertilizantes nitrogenados em Laranjeiras, Sergipe (Foto: Divulgação Unigel)

RIO – A Petrobras entende que Unigel, com suas operações em crise em razão dos preços do gás natural, deve buscar soluções de mercado. Equipes da companhia têm reforçado nos bastidores que a estatal nem sequer é a fornecedora majoritária de gás natural da Unigel.

A Unigel arrendou as plantas de fertilizantes da Petrobras na Bahia e em Sergipe. Em abril, paralisou a unidade sergipana para uma manutenção que estava programada, mas já dizia ao governo que precisaria de subsídio para retomar a operação.

Em junho, a companhia abriu a negociação de um lay-off com o sindicato do estado, mediada pela estrutura local do Ministério do Trabalho. Paralelamente, iniciou a parada da operação na Bahia, inicialmente também para manutenção.

As plantas são da Petrobras e, segundo o presidente da companhia, Jean Paul Prates, esse é o único motivo para participar das negociações.

“Não somos obrigados a resolver a questão da Unigel. Estamos fazendo isso [participando das conversas] porque nos interessa, porque a planta é nossa”, disse nesta quinta (22/6).

A companhia tem sofrido uma pressão interna, mas pública também. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), verbalizou o entendimento da pasta que o gás da Petrobras é mais caro do que deveria.

Fontes da Petrobras, contudo, asseguraram à agência epbr que não há um pedido explícito do governo Lula para concessão de um subsídio à Unigel.

Foi assunto na primeira reunião do Confert, após a reestruturação do conselho pelo governo Lula. O conselho foi criado para propor políticas para o setor de fertilizantes.

Em meses recentes, a Unigel levantou a possibilidade de o governo autorizar o subsídio com recursos do Tesouro Nacional, executando a proteção criada sobre a Petrobras na gestão de Pedro Parente.

Prevê a compensação da União, caso a estatal seja usada como instrumento de política pública, com perda de rentabilidade.

A crise alegada pela Unigel se dá pelos contratos de gás natural terem uma flexibilidade menor em comparação ao preço do nitrogenado no mercado internacional, que disparam no primeiro ano da invasão russa na Ucrânia.

Isso leva a críticas, em especial dos sindicatos preocupados com o efeito sobre os trabalhadores: a companhia atravessou um período de bonança, com alta rentabilidade – um deslocamento do preço do produto, em relação ao insumo.

E agora, com o recuo nos preços do fertilizante, e a perda de margem, buscam amparo no governo federal.

Procurada pela epbr, a Unigel não respondeu imediatamente nesta quinta (22/6). O espaço segue aberto.

Prates descarta subsídio para retomada de plantas sob controle da Unigel

Não é ordem de ninguém dar subsídio a empresa privada nesse sentido. Quem comprou ativos privatizados por outros governos têm que lidar com essa realidade, isso vale para vários ativos”, disse Prates, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta (22/6).

Prates disse que as empresas voltaram a se reunir hoje para debater uma solução para o ativo.

Questionado sobre a possibilidade de a Petrobras retomar as plantas, Prates foi evasivo. “Vamos ver”, respondeu.

Na gestão passada, a petroleira tinha planos de sair do segmento de fertilizantes e o executivo reforçou o interesse em retomar as atividades na área.

Ele mencionou o interesse da companhia em continuar com as obras da unidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. “É viável, tem VPL positivo”.

Ele citou também o interesse na retomada da unidade que opera a base de resíduo asfáltico, no Paraná – projeto que a companhia tentou vender, sem sucesso, na gestão passada.