Opinião

E30 e B15 estão “maduros” para acelerar a transição energética

Medida prevista na Lei do Combustível do Futuro pode reduzir preço da gasolina enquanto corta 1,7 mi de toneladas de CO2, escreve Arnaldo Jardim

Deputado Arnaldo Jardim quer debater impactos da venda direta de etanol (Foto Agência Câmara)
Deputado Arnaldo Jardim quer debater impactos da venda direta de etanol (Foto Agência Câmara)

Na próxima reunião, dia 25/06, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) discutirá a ampliação da mistura do biodiesel, de 14 para 15%, e do etanol anidro à gasolina, de 27 para 30%. O aumento dos percentuais, aprovado na Lei do Combustível do futuro, da qual fui relator na Câmara dos Deputados, é a forma mais custo-efetiva de descarbonizar a matriz brasileira de transporte.

O aumento da mistura do biodiesel programado para entrar em vigor em março, foi suspenso no último dia 18 de fevereiro, após a alegação do elevado grau de adulteração do combustível.

De lá para cá, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), convocou uma reunião com a Polícia Federal (PF) para abordar as fraudes, o setor se comprometeu a doar equipamentos à ANP para auxiliar na fiscalização e o Congresso Nacional aprovou mudanças legislativas para endurecer as punições.

Entendo que avançamos na fiscalização e destravamos o caminho para o B15.

Outro fator que nos deixa confortável para a adoção do B15 é a safra recorde de soja em 2025, com 170 milhões de toneladas da oleaginosa, o que reduz a pressão sobre os preços do grão.

Além disso, o aumento do esmagamento da leguminosa — serão 58 milhões de toneladas processadas — ampliará, ainda mais, a oferta de farelo no mercado interno, com consequente redução do preço da proteína animal.

Com uma participação média de 22% na fabricação das rações para animais, o farelo garante uma economia de 3,5 bilhões em despesas com proteínas animais, equivalente a uma redução de 0,05% no Índice de Preços ao Consumidor (IPCA). 

No caso do etanol, os três pontos percentuais representam um aumento da demanda de 1,5 bilhão de litros por ano, o que tornará o Brasil livre da importação de 760 milhões de litros de gasolina.

Além disso, o novo percentual poderá reduzir em até R$ 0,13 o preço do combustível para o consumidor final, bem como reduzir em 1,7 milhão de toneladas a emissão de gases de efeito estufa (GGE’s) — o mesmo que retirar 720 mil veículos das ruas.

Segundo o Ranking de Veículos em Emissões de CO2 por km rodado, um carro movido à gasolina emite, em média, 148 gramas de dióxido de carbono (CO2) por quilômetro rodado, frente a 83 g CO2 por quilômetro rodado, quando se utiliza a mistura com 27% de Álcool Anidro.

Em novembro de 2024, Lei do Combustível do Futuro (nº 14993/24) foi sancionada em uma grande cerimônia. As estimativas é que o novo marco traga mais de 200 bilhões de investimentos para o Brasil.

A demora na implementação dos novos percentuais manda uma mensagem negativa para o investidor, sugerindo que pode haver uma mudança de rota a qualquer momento e o país deixe de investir em combustíveis renováveis. 

Os Mandatos de Teor de Biocombustíveis são uma política assertiva. Ao invés de conceder subsídios, estimula a produção por meio da garantia de uma demanda firme.

Assim, conseguimos desenvolver um dos programas mais eficientes do mundo para substituir os combustíveis fósseis, sem alterações substancias nos motores e com redução substancialmente na emissão de GEE’s.

Assim, reconhecendo e saudando o papel da liderança do Ministro Alexandre Silveira neste processo, espero que o CNPE referende estas decisões e assim caminharemos ainda mais na implantação do “Combustível do Futuro”.

O setor produtivo está mobilizado por esta pauta que agrega valor, gera renda e coloca o Brasil como protagonista da Economia de Baixo Carbono.

Este artigo expressa exclusivamente a posição do autor e não necessariamente da instituição para a qual trabalha ou está vinculado.


Arnaldo Jardim é deputado federal, foi relator da Lei do Combustível do Futuro e presidente da Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio e vice-presidente da FPA.

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