Combustíveis e dólar explicam o aumento dos preços das passagens aéreas no Brasil, segundo Jurema Monteiro, da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
“Enquanto o combustível aqui pesa 40%, no mercado americano esse peso é de 20%. O mesmo ocorre com mercados da região, como Chile e Colômbia”, ressaltou.
Em reunião da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, Jurema Monteiro afirmou ainda que o impacto do preço do combustível no valor das passagens era de 30% há três anos. Por isso, ela defende uma nova política de preços para combustíveis, o que poderia diminuir em até 17% o preço das passagens.
Ainda assim, ela não considera os preços excessivos.
“Apenas 5% dos bilhetes têm tarifas superiores a R$ 1.500. A maioria dos passageiros que se organiza consegue com planejamento e compras antecipadas encontrar tarifas competitivas abaixo de R$ 500, na maior parte das vezes.”
Aumento da concorrência
Diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Eduardo Catanant explica por que uma pessoa paga, por exemplo, R$ 200 em uma passagem e outra paga R$ 1.200 para viajar no mesmo voo, com as mesmas condições, no mesmo horário.
“A questão é a antecedência na compra. Aquela pessoa que pagou mais barato conseguiu se programar, comprou a passagem com muita antecedência. E essas tarifas tendem a subir porque são aqueles últimos lugares do voo e correspondem muitas vezes ao lucro que a empresa tem.”
Para Catanant, a solução passa pela entrada de novas companhias no mercado.
“A gente sabe que numa indústria concorrencial, em que a entrada de novos players é livre, os ganhos de eficiência são traduzidos em melhores preços.”
Já o deputado Neto Carletto (PP/BA), que pediu a audiência pública, cobrou mais benefícios para o consumidor em resposta aos incentivos que as empresas têm recebido.
“É importante que haja um compromisso das empresas para com os consumidores porque esta Casa vem fazendo sinalizações com o setor aéreo, isenções, como do ICMS, e autorização para cobrança da bagagem, e não tem sido feito nenhum gesto de lá pra cá das empresas para com os consumidores.”
Segundo a Anac, em 2002, 38 milhões de brasileiros viajavam e 0,1% das passagens era vendida abaixo de R$ 100. Hoje, são 98 milhões de passageiros, e 11% de passagens saem a menos de R$ 200.