Por que Alckmin recuou sobre privatização da Petrobras?

Geraldo Alckmin defende aumento da mistura do biodiesel. Na imagem: O governador Geraldo Alckmin durante o encerramento do Conselho Empresarial Brasil-Suécia, a presença do Rei Carlos XVI Gustavo, em São Paulo (Foto: Beto Barata/PR)
Geraldo Alckmin durante o encerramento do Conselho Empresarial Brasil-Suécia, em São Paulo (Foto: Beto Barata/PR)

O ex-governador de São Paulo e pré-candidato à presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, descartou na última semana uma possível privatização da Petrobras caso seja eleito. Alckmin participou de um seminário promovido pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) com presidenciáveis.

“Não vou privatizar nem o Banco do Brasil, nem a Petrobras. O ex-presidente Lula estava enganando as pessoas, na época, quando dizia isso de mim”, afirmou o tucano, que também disse não pretender privatizar a Caixa Econômica Federal (CEF).

Alckmin mudou o próprio discurso em relação ao tema. Em fevereiro, durante participação no programa Canal Livre, na Band, afirmou que é favorável à privatização da Petrobras. Defendeu, contudo, que era preciso discutir a modelagem para a realizar a operação. 

Antes, Alckmin já havia afirmado que vários setores da Petrobras poderiam ser privatizados caso ele fosse eleito presidente da República. “Muitos setores da Petrobras podem ser privatizados. Inúmeras áreas que não são o ‘core’, o centro objetivo da empresa, tudo [isso] pode ser privatizado. Se tivermos um bom marco regulatório, até pode, no futuro, privatizar tudo”, afirmou o ex-governador após reunião na sede do Sinduscon, em Brasília.

E qual a razão da mudança?

A estratégia de mudança sobre a privatização da Petrobras – que estará no centro da corrida eleitoral assim como a privatização da Eletrobras – cola o discurso de Alckmim com o Marina Silva, pré-candidata à presidência da República pela Rede Sustentabilidade. A ex-ministra do Meio Ambiente de Lula e ex-senadora pelo Acre defendeu recentemente privatizações, excluindo Petrobras, Banco do Brasil e CEF.

“A gente tem que ter claro que CEF, BB, Petrobras não têm que entrar em absoluto nesse debate de privatização. São fundamentais e estratégicas para país que se tirarmos a ineficiência e a corrupção vão muito bem”, disse em entrevista à Reuters.

A mudança no discurso de Alckmin também aproxima seu discurso com o do deputado-federal Jair Bolsonaro, que é pré-candidato à presidência da República pelo PSL. Bolsonaro defendeu, durante participação no programa RedeTV! News, da Rede TV  a privatização da Petrobras com uma cláusula de golden share.

“De acordo com o modelo você pode ser favorável a isso. A questão é ter golden share. E você tem que ver sim para que capital você vai passar aquela empresa. Tem certos países que não admitem a livre iniciativa e estão comprando grande parte do Brasil”, disse o parlamentar, numa referência  a investimentos chineses no país.

Pesquisa do Datafolha divulgada no último dia 16 mostra que o ex-presidente Lula – atualmente preso em Curitiba e praticamente fora das eleições – continua liderando as pesquisas na corrida eleitoral, mas que os cenários sem o ex-presidente apontam Bolsonaro e Marina Silva em empate técnico na liderança da disputa.

Joaquim Barbosa, que recentemente se filiou ao PSB, que estuda uma possível aliança com o PDT de Ciro Gomes, ainda de acordo com a pesquisa, está em terceiro lugar na preferência dos eleitores à frente, de Geraldo Alckmin e do próprio Ciro Gomes, ambos ex-governadores e com disputas presidenciais no currículo. 

Outra pesquisa do Datafolha, esta divulgada em dezembro, também deve ter pesado na mudança do discurso de Alckmin. Na véspera do presidente Michel Temer promulgar uma Medida Provisória autorizando a privatização da Eletrobras, a pesquisa mostrou que sete em cada dez brasileiros são contra a privatização de empresas estatais.

A pesquisa foi realizada nos dias 29 e 30 de novembro de 2017, quando foram realizadas 2.765 entrevistas presenciais em 192 municípios, com margem de erro máxima 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Isto significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.