Esquerda busca posição comum em política energética para eleição presidencial

Esquerda busca posição comum em política energética para eleição presidencial

Em um movimento improvável no fragmentado cenário pré-eleitoral, as fundações ligadas a cinco dos principais partidos de esquerda da política nacional, PT, PSB, PDT, PSOL e PCdoB, lançaram há uma semana um manifesto que sugere o diálogo das legendas em torno de “uma base programática convergente”. Intitulado “unidade para reconstruir o Brasil”, o texto reconhece a dificuldade de união das siglas em torno de uma candidatura única, mas sugere diretrizes para a criação do que chama de “um novo projeto nacional de desenvolvimento” e propõe posturas para as legendas na campanha de 2018, inclusive na área de política energética, ainda que sigam com múltiplos candidatos à corrida presidencial.

Dentre as orientações listadas como de necessidade imediata, estão a “defesa da soberania nacional e do patrimônio do Brasil, contra as privatizações e concessões”, item que põe a defesa da Petrobras e da Eletrobrás como prioritárias enquanto “empresas estratégicas ao desenvolvimento”.

Buscando a construção de um estado nacional forte, o texto prega a defesa da soberania nacional e da soberania energética e aponta como “decisivo” o papel das estatais, dentre as quais destaca a Petrobras, para a retomada do crescimento econômico.

De acordo com o documento, “a Petrobras deve ser fortalecida, o regime de partilha na área do pré-sal deve ser mantido, bem como a política de conteúdo local” para fortalecer a economia e a indústria nacional.

O manifesto, assinado pelos presidentes das fundações Lauro Campos, ligada ao PSOL, Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, do PDT, Perseu Abramo, ligada ao PT, João Mangabeira, do PSB e Maurício Grabois, do PC do B, também afirma que uma política industrial nacional requer “a produção em grande escala de energia a partir de fontes limpas, uma vez que o país as possui em elevado potencial”.

Hoje o principal nome da esquerda para a corrida presidencial segue sendo o ex-presidente Lula. Ameaçado de não conseguir disputar com Lula a eleição caso sejam esgotados seus recursos contra a condenação em segunda instância dada pelo TRF-4 no caso do tríplex do Guarujá, o PT tem evitado sinalizar que postura tomaria, mas especulações há muito tempo apontam para dois prováveis nomes: o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador baiano, Jacques Wagner.

Com a indefinição o PT demora em conquistar aliados para sua candidatura. O PDT lançou ainda no ano passado o nome do ex-governador cearense Ciro Gomes ao Planalto e busca hoje formar uma chapa com alianças da esquerda, mas também sem sucesso. Em novembro também o PC do B lançou uma pré-candidatura própria à presidência com o nome da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila.

Enquanto busca um reposicionamento à esquerda depois da sápida do governo Temer e da expulsão do ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho e de uma dúzia de deputados alinhados a ele, o PSB ainda não anunciou que caminho tomará na corrida presidencial. A mesma indefinição vive o PSOL que flerta com a possibilidade de levar às urnas o nome do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos.