Combate ao crime organizado

Haddad, Lewandowski e Andrei Rodrigues falarão às 11h sobre operações no setor de combustíveis

Governo vai detalhar operações da PF e e Receita para desarticular esquema de lavagem de dinheiro e fraudes no setor de combustíveis que movimentaram R$ 23 bi

Os ministros da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e da Fazenda, Fernando Haddad, concedem entrevista coletiva às 11h desta quinta-feira (28/8) para detalhar duas operações da Polícia Federal para combater a atuação do crime organizado no setor de combustíveis.

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e a subsecretária de fiscalização da Receita Federal, Andrea Costa Chaves, também falarão com a imprensa.

As operações foram deflagradas nesta quinta (28). O Ministério da Fazenda destacou que as ações têm o “objetivo de desarticular operações criminosas especializadas em lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituições financeiras. As investigações expõem movimentações ilícitas que ultrapassam R$ 23 bilhões em rede criminosa nacional”.

Megaoperação mira PCC

A Operação Carbono Oculto, considerada a maior já realizada contra a infiltração do crime organizado na economia formal, mobilizou 1.400 agentes nesta quinta-feira (28/8) para cumprir 200 mandados de busca e apreensão em dez estados. O foco é um esquema que teria capturado parte da cadeia produtiva de combustíveis, envolvendo 350 alvos, incluindo corretoras, fundos e fintechs.

Segundo a Receita Federal, o grupo movimentou R$ 17,7 bilhões em operações suspeitas por meio da instituição BK Bank e sonegou R$ 1,4 bilhão em tributos federais. O Ministério Público de São Paulo estima perdas adicionais de R$ 7,6 bilhões em impostos estaduais. Entre os alvos estão usinas de álcool, distribuidoras, transportadoras, refinadoras, postos e até uma rede de padarias.

As investigações revelam crimes como lavagem de dinheiro, adulteração de combustíveis, fraude fiscal, crimes ambientais e estelionato. O esquema seria ligado ao PCC e teria operado com ocultação de patrimônio e importações fraudulentas de metanol pelo Porto de Paranaguá, usado para adulterar combustíveis e gerar lucros bilionários.

E atinge Faria Lima

O grupo criminoso usou o setor de combustíveis — responsável por 10% do PIB, R$ 420 bilhões em faturamento e R$ 130 bilhões em impostos — para ampliar sua presença no mercado financeiro e blindar patrimônio.

Na avenida Faria Lima, foco da operação, foram alvos escritórios de fundos imobiliários e de investimento, além de outros endereços na capital e no interior, envolvendo cinco núcleos da organização.

O principal núcleo é formado por Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Loco”, e Mohamad Hussein Mourad, ligados ao antigo grupo Aster/Copape, associados ao Grupo Refit.

Segundo a PF e o Gaeco, eles teriam usado dinheiro ilícito para dominar a cadeia de combustíveis, financiar lobistas em Brasília e expandir negócios por meio de empresas de fachada, transportadoras e aquisição de usinas sucroalcooleiras em São Paulo.

Receita estima R$ 52 bi em fraudes

A Receita Federal calcula que a organização criminosa investigada pela Operação Carbono Oculto movimentou R$ 52 bilhões em postos de combustíveis entre 2020 e 2024, com recolhimento de tributos muito abaixo do esperado, gerando perdas de R$ 8,6 bilhões aos cofres públicos.

O esquema, que envolvia importação de combustíveis, adulteração de produtos e sonegação, foi identificado em mais de 1.000 postos de combustíveis distribuídos em 10 estados (SP, BA, GO, PR, RS, MG, MA, PI, RJ e TO).

Parte desses postos recebia dinheiro vivo para lavar recursos do grupo, enquanto cerca de 140 funcionavam apenas como fachada, emitindo notas fiscais falsas que somaram R$ 2 bilhões.

O grupo também usava fintechs como “bancos paralelos” para movimentar valores fora do alcance dos órgãos de controle. Uma delas sozinha girou mais de R$ 46 bilhões em quatro anos, inclusive com depósitos em espécie, prática considerada irregular.

Para blindar o patrimônio, foram estruturados ao menos 40 fundos de investimento com ativos de R$ 30 bilhões, que controlavam usinas de álcool, caminhões, imóveis e até um terminal portuário. A PGFN já pediu o bloqueio judicial de mais de R$ 1 bilhão em bens ligados aos acusados.

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