Biocombustíveis na COP

Biocombustíveis são tema central para o Brasil na COP30, afirma Corrêa do Lago

Presidente da COP30 defende que agenda do clima precisa avançar independentemente de circunstâncias geopolíticas e econômicas

Conteúdo Especial

LYON (FR) — Os biocombustíveis serão um tema central na agenda brasileira à frente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), afirmou nesta segunda (2/6) o presidente da cúpula, André Corrêa do Lago.

Em entrevista exclusiva à agência eixos, durante o Encontro sobre Transição Energética do Fórum Econômico Mundial, no Rio de Janeiro, Corrêa do Lago disse que o evento marcado para novembro de 2025, em Belém (PA), é uma forma de mostrar ao mundo soluções de diferentes regiões para a transição energética.

“Os biocombustíveis são um tema central, porque o Brasil tem mostrado que o mundo tem que encontrar soluções compatíveis com as circunstâncias de cada país, e, no caso do Brasil, nós sabemos que um carro híbrido brasileiro, que é com etanol e elétrico, emite menos do que um carro elétrico na Europa, porque nós temos uma matriz elétrica mais limpa do que a europeia”.

O Brasil tem tentado, em fóruns internacionais como o G20, o Brics e a Organização Marítima Internacional (IMO), derrubar barreiras aos biocombustíveis de origem agrícola e conquistar reconhecimento como solução climática.

Entretanto, o projeto da Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 2159/2021), já aprovado pelo Senado, facilita a licença a empreendimentos de grande impacto e beneficia segmentos do agronegócio e da indústria energética, o que pode gerar desconfiança internacional sobre a produção brasileira.

Questionado sobre essas possíveis repercussões, o embaixador foi diplomático: “O Brasil é uma democracia. Esses debates internos são necessários, mas tem que ser preservada a forma. (…) Existem formas de fazer as coisas e as formas são extremamente importantes de mantermos”.

Clima tenso

Fora do Brasil, guerras tarifárias e violentas, além de inflação, adicionam dificuldades ao multilateralismo.

Corrêa do Lago reconhece que o cenário geopolítico e econômico de diversos países está desfavorável para discussões sobre o clima, mas defende que é preciso diálogo para construir acordos em Belém e cumpri-los. 

“Como nós podemos integrar o clima, por exemplo, à economia? Esse eu acho que é o grande tema. (…) Nós temos que integrar o clima e tornar natural o combate à mudança do clima em tudo que está sendo feito.”, continuou.

Agenda das ações da COP30

O embaixador pretende apresentar até o dia 15 de junho a agenda das ações da COP30. Será a quarta Carta Aberta da Presidência Brasileira.

“Estamos ouvindo muito os outros países também, do que eles esperam, porque a agenda de ação é (…) uma forma de você mostrar como você vai implementar o que você assinou e há, eu acho, uma grande frustração do mundo com relação à implementação, então, vamos ter que mostrar isso”, disse.

Na primeira carta, a presidência propõe um “mutirão” global contra a mudança do clima, ao mesmo tempo em que reforça a visão brasileira sobre transição justa. Já na segunda, ela propõe um novo modelo de governança a partir de “círculos de liderança”.

Na terceira carta, houve, enfim, a primeira menção explícita de uma agenda para a transição dos combustíveis fósseis.

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias