No dia em que o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, deixou o cargo acusando a falta de prioridade do Congresso Nacional para com o projeto de privatização da companhia, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ) repassou ao presidente da República, Jair Bolsonaro, a responsabilidade pela não condução do projeto.
“Bolsonaro nunca nos pediu que alguma privatização avançasse”, disse Maia, que ainda acusou o presidente de não priorizar a pauta de reformas e ser contra a reforma tributária para não perder popularidade.
Em teleconferência nesta segunda, Ferreira Júnior reconheceu que o projeto que previa a capitalização da Eletrobras – e é esperado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para este ano – não está nas prioridades dos candidatos à presidência da Câmara e do Senado e nem da bancada do próprio governo.
Ferreira Júnior vai presidir a BR Distribuidora, substituindo Rafael Grisolia.
Além da falta de prioridade na agenda econômica, Maia ainda afirmou que os erros do Executivo na condução da pandemia e a demora em providenciar a vacinação vão impactar no crescimento do país em 2021. Enxerga que o país deve crescer, no máximo, 3% no ano, o que ainda representará uma redução do tamanho da economia brasileira em relação a 2019.
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Traição no DEM esquenta disputa na Câmara
A uma semana da votação para a presidência da Câmara, marcada para 1º de fevereiro, cinco deputados da bancada do DEM da Bahia anunciaram o rompimento com a orientação dos partidos para apoiar a candidatura de Arthur Lira (PP/AL). Paulo Azi (DEM-BA), Leur Lomanto Júnior (DEM-BA), Igor Kannário (DEM-BA), Arthur Oliveira Maia (DEM-BA) e Elmar Nascimento (DEM-BA) posaram com o candidato em sinal de apoio.
O rompimento gera uma crise dentro do DEM, que atuou na construção da candidatura do Baleia Rossi (MDB/SP) desde o início da disputa. Nascimento é próximo do presidente da Câmara e recebeu dele a incumbência, no ano passado, de comandar propostas de alteração no texto da Lei do Gás durante votação na Câmara. Na época, Nascimento e Maia discordavam da redação final do relator, Laércio Oliveira (PP/SE).
Nascimento também foi contato no DEM como candidato à sucessão na Câmara. Mas prevaleceu o acordo da legenda com o MDB pela alternância de poder, apoiado até pelo presidente nacional do DEM, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, muito ligado à bancada federal do DEM no estado.
Nesta segunda, Baleia Rossi divulgou um vídeo de redes sociais em que afirma que afirma que sua eleição é necessária para manter a independência da Câmara frente ao Executivo. O material de campanha diz que “para um Brasil sem projeto de áis, a gente precisa de uma Câmara com agenda clara”.
Quer saber por que me chamo Baleia? Por que acredito que uma #CamaraLivre é o melhor para o País neste momento? Como vou fazer para cada deputado e deputada ser mais respeitado e valorizado? Assista a este vídeo, saiba mais sobre minhas ideias e minha história. #DemocraciaViva pic.twitter.com/W6IlVrA62q
— Baleia Rossi (@Baleia_Rossi) January 25, 2021
Tebet descarta impeachment e faz aceno ao governo
No Senado, a candidata do MDB à presidência da Casa, Simone Tebet, baixou o tom das críticas contra o governo e afirmou não haver apoio popular suficiente para abrir um processo de impeachment contra Bolsonaro.
Em entrevistas ao Valor e à Folha no domingo, ela reconheceu que o país vive um momento excepcional durante a pandemia da Covid-19 e criticou a postura do governo no combate à doença, mas disse que “ainda não temos ruas, não temos apoio popular” para abrir um processo de afastamento do presidente.
Tebet concorre contra Rodrigo Pacheco (DEM/MG), favorito na disputa e que tem o apoio do Planalto e da oposição. Para ela, Pacheco terá “muito mais dificuldade de dizer não” ao governo. Mas a candidata disse não entender a preferência do governo pelo seu adversário, quando ambos os candidatos “votam com o governo na pauta econômica”.
#SouSimoneSim #SimoneTebet #FrenteDemocrática https://t.co/JKqhp9vPzT
— Simone Tebet (@SimoneTebetms) January 25, 2021
Supremo terá inquérito para investigar ministro da Saúde
O ministro Ricardo Lewandowki, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de inquérito contra o ministro da Saúde, Ricardo Pazuello, para investigar sua conduta na resposta federal à crise de saúde pública provocada no Amazonas pela pandemia da Covid-19. Nos últimos nove dias, 1.103 pessoas morreram no estado vítimas da doença.
A situação do ministro ficou mais delicada depois da revelação, no fim de semana, de que o CEO global da Pfizer disse ter pedido ao governo brasileiro para negociar a venda de vacinas em setembro.
Hoje, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), defendeu a abertura de uma CPI para investigar a conduta de Pazuello. “Se o ministro não tiver respondido a Pfizer, é crime. Por isso eu defendo a CPI”, disse Maia.
A abertura do inquérito no STF atende a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, próximo do governo de Jair Bolsonaro.
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