A Edge, comercializadora de gás natural da Compass, mira o Leilão de Reserva de Capacidade, marcado para junho, como uma oportunidade para ampliar suas vendas a partir do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP).
O CEO da Compass, Antônio Simões, afirmou nesta quarta (26/2) que o certame traz uma série de “projetos e possibilidades” para a companhia – que quer se posicionar como supridora de gás para termelétricas.
A comercializadora aposta, para isso, na flexibilidade de seu portfólio para atender à demanda das usinas 100% flexíveis requeridas no leilão.
O gás natural liquefeito (GNL) importado pelo TRSP é a principal fonte de gás da Edge, mas a companhia vem recorrendo também ao gás boliviano e pré-sal para ampliar sua carteira.
“A gente chegou no passado, em anos anteriores, a considerar investimento em projetos de térmicas. Não é o que a gente está olhando agora. A gente está, de fato, com a materialização do mercado livre, da flexibilidade do terminal, a gente está se colocando como um supridor viável com uma série de vantagens competitivas”, disse o executivo, ao participar de teleconferência com analistas e investidores.
Simões conta que a empresa vem discutindo com uma série de potenciais parceiros interessados em participar do leilão.
O Leilão de Reserva promete ser um leilão bastante diverso, com muitos projetos em jogo e com diferentes fontes de gás: Argentina, Bolívia, mas também gás nacional (do pré-sal ao biometano) e GNL importado.
Edge foi multada pela ANP
O TRSP, localizado no Porto de Santos (SP), tem uma capacidade de regaseificação licenciada de 14 milhões de m³/dia.
A agência eixos apurou que as movimentações mais recentes de gás do terminal, que opera conectado à rede da Comgás, foram de:
- Outubro/2024: 2,770 milhões m³/dia
- Novembro/2024: 2,642 milhões m³/dia
- Dezembro/2024: 2,456 milhões m³/dia
- Janeiro/2025: 1,806 milhões m³/dia
Conforme antecipado pelo eixos pro, serviço de assinatura exclusivo para empresas (teste grátis por 7 dias), a Edge pagou recentemente uma multa de R$ 85 mil, aplicada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), porque a terminal de GNL entrou em operação sem autorização do regulador federal.
A operação começou em abril de 2024, mas a licença foi emitida em julho.
A Edge afirma que o valor foi pago para evitar consequências da inadimplência, e que “não configura aceitação da penalidade imposta pela ANP, remanescendo o interesse do TRSP na análise e julgamento do recurso administrativo pela Diretoria Colegiada”.
Enquanto isso, ANP e Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) discutem a competência pela regulação do Subida da Serra, mediados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Edson Fachin.
Otimismo com Subida da Serra
Simões comentou sobre o imbróglio e disse estar confiante num acordo.
“A confiança é grande tanto no caso quanto na possibilidade de um acordo entre as partes. Um acordo que não prejudique o Estado de São Paulo, a estratégia do Estado de São Paulo, o consumidor paulista, nem as concessionárias envolvidas, mas que também atenda a alguns requisitos que a ANP tem trazido”, comentou.
A pedido da ANP e Arsesp, o prazo da negociação foi adiado para 19 de março. O regulador federal se comprometeu a não tomar medidas restritivas à operação do gasoduto durante as tratativas.
Simões disse, ainda, que a discussão no STF não tem prejudicado o andamento da Revisão Tarifária da Comgás.
Na segunda (24/2), ao participar do aquecimento gas week 2025, evento organizado pela agência eixos no escritório Mattos Filho, na Faria Lima, o diretor-presidente da Arsesp, Thiago Nunes, já havia afirmado que a revisão tarifária seguirá seu cronograma independente das negociações sobre a disputa pela regulação do gasoduto.
E citou que um eventual revés do estado de São Paulo no STF pode exigir, no futuro, ajustes compensatórios aos consumidores locais. A revisão está prevista para ser concluída em junho.