Relatório do Paten inclui grandes hidrelétricas no Fundo Verde

Inclusão atende a pleito da Abrage, que visa participar do leilão de potência

Marisete Dadald, presidente de Abrage, diz que hidrelétricas podem aumentar potência com contratos do leilão de capacidade
Marisete Dadald, presidente de Abrage, diz que hidrelétricas podem aumentar potência com contratos do leilão de capacidade

BRASÍLIA – A geração de energia hidroelétrica sem limite de potência e a modernização de parques energéticos de matriz sustentável foram contempladas no terceiro relatório do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), apresentado nesta terça (22/10) pelo relator do projeto no Senado, Laércio Oliveira (PP/SE). O novo texto também considerou as obras de modernização como projetos de desenvolvimento sustentável, com mais oportunidades de financiamento.

O texto que veio da Câmara dos Deputados incluía hidrelétricas, mas limitada à geração de 50 MW. A expansão e modernização sem limite contempla o aumento da potência existente, com a instalação de turbinas nos poços vazios, e a repotenciação, que atende ao conceito de modernização.

A inclusão das emendas ao relatório representa uma vitória para o setor, que está de olho no leilão de potência. A presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Marisete Pereira (acima), classificou a inclusão das hidrelétricas no Paten como “mais um passo para valorizar os requisitos que as hidroelétricas disponibilizam para o sistema”.

Ela vinha defendendo, no Senado, que as usinas têm longa vida útil, podendo passar de 100 anos atendendo ao sistema. Também reforçou que hidrelétricas são fontes firmes, flexíveis e não intermitentes.

“As hidrelétricas são fundamentais para garantir uma transição energética sustentável, assegurando geração de energia renovável e de baixo carbono no Brasil. Com sua capacidade de armazenamento, flexibilidade operativa e custos módicos, as hidrelétricas proporcionam condições vantajosas para a expansão renovável da matriz, fortalecendo a segurança e a eficiência do sistema elétrico”, comentou Pereira.

Potencial em hidrelétricas existentes 

Segundo a Abrage, apenas nos chamados “poços vazios”, há potencial para adicionar 7,5 GW no sistema. São hidrelétricas com quedas d’água sem turbina, em que bastaria instalar os motores.

Com a repotenciação das unidades geradoras existentes, investimentos em modernização de UHEs, outros 11 GW estariam disponíveis. A entidade defende também as hidrelétricas reversíveis, em que a água é bombeada novamente nos reservatórios. 

De um lado, são iniciativas que poderiam elevar a capacidade das usinas, sem a necessidade de construção de novos reservatórios.

O setor conta com a participação das hidrelétricas no próximo leilão de reserva de capacidade.

Visados pelo segmento termelétrico, a proposta colocada em consulta pública em abril pelo Ministério de Minas e Energia (MME) abriu a possibilidade de inclusão de hidrelétricas existentes, com expansão de capacidade.

Originalmente previsto para agosto, a concorrência está sem data e aguarda uma definição do ministério.