BRASÍLIA e ARACAJU – O presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), Márcio Félix, disse entender que Sergipe representa hoje um “sinônimo” da expansão da indústria de gás no país.
Para ele, o progresso do estado no setor está associado ao projeto Sergipe Águas Profundas (I e II). E também à “flexibilidade” proporcionada pela inauguração do gasoduto de conexão do terminal de regaseificação da Eneva, em Barra dos Coqueiros (SE), à malha de transporte de gás natural – um investimento de R$ 340 milhões feito pela TAG.
“Sergipe passou a ser sinônimo de um contexto nacional da indústria do gás”, declarou Félix durante entrevista ao estúdio Abpip, nesta quinta (25/7), em Aracaju, durante a Sergipe Oil & Gas.
“Qualquer lugar no Brasil estaria falando desses 200 mil barris [em referência à produção de óleo estimada para o projeto Sergipe Águas Profundas I e II], e não dos 15 milhões ou mais de metros cúbicos por dia de gás. Então, aqui só está se falando do gás”, completou Félix.
“Sergipe assume um protagonismo na indústria de óleo e gás do país, principalmente de gás. Não só pelas perspectivas de produção de águas profundas aqui, mas também pela inauguração que está acontecendo agora nesses dias da interligação do terminal de GNL com a malha de gasodutos de transporte operada pela TAG.”
O gasoduto inaugurado pela TAG tem 25 km de extensão e capacidade para transportar 14 milhões de m³/dia de gás natural. É um marco para a abertura do mercado de gás no Brasil, porque permitirá à Eneva comercializar o gás importado para outros clientes.
Félix destacou, por outro lado, que o desenvolvimento local da oferta de gás precisa estar acompanhado de perspectivas de crescimento do consumo. Na visão dele, essa é uma demanda que precisa ser “organizada”, em paralelo com as perspectivas de avanços legislativos e ajustes regulatórios.
“Aqui tem um futuro já definido. A gente está escorregando um pouco, mas precisa organizar”, comentou o presidente da Abpip.
“Sergipe está se preparando para atrair indústrias e para utilizar esse gás. Chegando esse gás aqui não tem mercado e não tem infraestrutura de escoamento. Precisa nascer a oferta de gás já com o consumo definido.”
Oportunidade para as petroleiras independentes
Félix afirma que, dado o contexto local de melhorias de infraestrutura do gás e a possibilidade de comercializar o GNL fracionado, Sergipe já pode ser visto como uma oportunidade para as petroleiras independentes em operação no Nordeste.
“Os independentes aqui no Nordeste já ocupam uma boa parte do mercado. Não é um mercado tão grande, mas o Nordeste tem campos maduros. (…) Está começando a ter venda de GNL fracionado. O mercado vai se transformando. E, para os independentes, é uma oportunidade de chegar de forma mais competitiva aos consumidores.”
Na visão do dirigente da Abpip, o gasoduto da TAG surge para dar, sobretudo, “mais flexibilidade”. “Não só para receber GNL na malha, mas também para eventualmente vender gás para a termelétrica de Sergipe.”
País precisa de novas descobertas
Para Félix, o Brasil necessita avançar no sentido de aumentar a oferta permanente de blocos em bacias terrestres ou marítimas. Do ponto de vista dos produtores independentes, esse é um passo fundamental para fortalecer a indústria e subsidiar o progresso das “economias locais”, gerando mais emprego e renda.
“A economia local, envolvendo a sociedade em torno dos projetos, é o que acaba trazendo a chamada licença social. As pessoas percebem exatamente a forma de trabalhar, as oportunidades de emprego, a geração de renda, o efeito na economia com empregos indiretos, o efeito renda. E não só para o onshore, quando isso é mais forte, mas até para o offshore.”
Além de aproveitar os campos já maduros, Félix defende que o país aposte em novas descobertas. Ele cita o contexto sergipano, ao qual chama de “exemplo patente”.
“Tem áreas em estudo já há alguns anos para oferta permanente que não saíram do estudo para oferta efetiva. Essa é uma potencial novidade muito importante. A gente tem no entorno do polo Carmópolis… Ter mais blocos exploratórios e certamente descobertas de pequeno e médio porte. Elas se tornam comerciais pela proximidade da infraestrutura.”
Assista a cobertura completa do estúdio Abpip na Sergipe Oil & Gas
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