A capacidade instalada de energia solar fotovoltaica no estado de Minas Gerais ultrapassou os 6 GW, sendo geração centralizada (3,08 GW), e geração distribuída (2,99 GW). Somente de 2019 a 2023, foram cerca de R$ 84 bilhões em empreendimentos de geração solar no estado.
Além de incentivos fiscais, o governo trabalhou na simplificação do ambiente de negócios e na celeridade do licenciamento ambiental, como explica o superintendente de política minerária, energética e logística de Minas Gerais, Pedro Sena. Ele conversou com o estúdio epbr nesta quarta-feira (20/9) durante os Diálogos da Transição 2023 da epbr, que acontece ao longo desta semana (veja a íntegra da entrevista acima).
“Adotamos políticas públicas eficientes dessa cadeia produtiva. Políticas públicas essas que consideram incentivos, sobretudo fiscais, que foram renovados agora por mais 10 anos, até 2032, e isso permitiu que os investimentos se aflorassem aqui (…) Tanto na geração centralizada quanto na distribuída, Minas Gerais é líder”.
Segundo Sena, a redução da burocracia fez com que os empreendimentos fossem licenciados de forma mais célere.
“Empreendimentos desses de energia renovável, energia limpa, energia barata. E isso deu um salto. Fez com que a energia solar fotovoltaica saísse de menos de 4 % da nossa matriz para aproximadamente agora quase 20%”, diz Sena.
O governo também trabalhou na capacitação dos gestores municipais, para que os municípios pudessem desenvolver os seus projetos de energia solar fotovoltaica, seja na instalação de painéis solares em prédios públicos, ou na melhora dos ambiente de negócios para atração de empresas do setor.
“Algumas prefeituras lançaram também seus próprios programas de energia solar fotovoltaica. Hoje, dos 853 municípios do estado, todos eles têm um módulo solar fotovoltaico gerando energia. Ou seja, 100% do estado é coberto com energia solar fotovoltaica”
Nesta quinta-feira, nos Diálogos da Transição 2023, a agência epbr vai discutir novas tecnologias para renováveis no país, como baterias, usinas híbridas e solar flutuante
Rotas de descarbonização
Desde 2008, o governo mineiro realiza inventários de emissões de gases do efeito estufa, além de ser o primeiro estado da América Latina a aderir ao Race to Zero, um pacto global com objetivo de zerar as emissões de carbono até 2050.
“Temos hoje o Plano Estadual de Ação Climática, que leva em conta várias cadeias produtivas com foco na descarbonização, além da própria rota de descarbonização. A Rota de Descarbonização também é um programa que foi lançado pelo governo de Minas, que vai mostrar como atingir o Net Zero até mesmo antes de 2050”.
Segundo Sena, os programas pensam em priorizar o que é mais viável para conseguir descarbonizar a economia de forma mais rápida, considerando o menor custo e maior benefício em menos tempo.
Além da geração solar, o estado olha para o etanol, biometano e hidrogênio verde.
“Hoje o estado também olha para o hidrogênio. A gente tem um plano para o hidrogênio em curso. Também olha para o biometano. Biometano esse que, hoje, tem uma regra para que, tanto no mercado livre quanto no mercado cativo, vendido pela Gasmig aqui em Minas Gerais, possa ser distribuído em redes de gasodutos e chegar a todos os consumidores”, afirma o superintendente.
“Também temos iniciativas voltadas para a biomassa, que também é renovável, e também para o etanol. A alíquota de imposto de etanol aqui em Minas Gerais é a mais baixa do país, uma das mais baixas”, completa.
Minas de Hidrogênio
“Entendemos que o hidrogênio como fonte de energia é a fonte de energia do futuro”, afirma Sena.
Em agosto de 2021, o estado de Minas Gerais lançou um programa de incentivo ao H2V Minas do Hidrogênio, que se baseia em dois pilares.
O primeiro é o aproveitamento da grande oferta de energia fotovoltaica – necessária para eletrólise da água para produção de H2V –, e de biometano e etanol, que também podem ser fontes de hidrogênio limpo.
O segundo é a destinação desse H2V para consumo da indústria local, com o objetivo de descarbonizar as atividades das mineradoras, siderúrgicas e do agronegócio presentes no estado, além da malha viária, que é a maior do país.
“Estamos pensando em incentivos para o hidrogênio, assim como foi para a energia solar. Nossa ideia também é conseguir desonerar a cadeia produtiva do hidrogênio para que isso se torne barato de ser produzido”
“A gente também tem conversas com o governo federal, em especial a ANP, para que a gente consiga viabilizar, por exemplo, um regramento técnico, um regramento regulatório que permita que o hidrogênio possa ser injetado em redes de gasodutos para atender, por exemplo, a siderurgia, a indústria, que são os maiores consumidores de gás natural hoje e podem consumir hidrogênio”.
Sena também acredita que o estado possa atrair novas cadeias industriais com o hidrogênio.
“Todo o nosso viés para desenvolver aqui, viabilizar o hidrogênio, está não só na energia que é gerada por essa fonte, mas também em desenvolver toda a cadeia produtiva. E quando a gente fala de toda a cadeia produtiva, entramos um pouco na mineração também. Porque eletrolisadores, por exemplo, e outros equipamentos dependem de determinados minerais, como terras raras”, explica.
O grupo Neuman & Esser lançou este ano a pedra fundamental da primeira unidade dedicada à fabricação de eletrolisadores e reformadores de e etanol e biometano, para fabricação de hidrogênio verde da América Latina, localizada em Minas.
Mineração estratégica
Em relação a exploração de minerais estratégicos, Sena destaca o enfoque no minério de ferro, terras raras e lítio.
“O Plano Estadual de Mineração vai fornecer as diretrizes para que nós, gestores públicos, formulamos as políticas públicas para o desenvolvimento econômico sustentável e socialmente aceitável das cadeias produtivas das substâncias minerais para os próximos 20 anos.
“Outro projeto que a gente tem, que é um projeto muito importante da cadeia produtiva do setor mineral, é o Vale do Lítio, recentemente lançado em Nova York, que nós vamos agora colocar todos os esforços para desenvolver o Vale do Jequitinhonha, que é a região de menor IDH de Minas Gerais, e que é onde tem as maiores reservas do Brasil em termos de lítio”, conta Sena.
Segundo ele, a ideia do estado é desenvolver a cadeia produtiva do minério, na produção de baterias, ou seja, tudo.
“Ou seja, tudo, desde a extração até a indústria de transformação, gerando ali produtos de alto valor agregado, que tem tudo a ver, tem toda a sinergia com a mobilidade sustentável”.
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