Veto aos veículos a combustíveis fósseis no centro de plano de descarbonização na Califórnia

Veto aos veículos a combustíveis fósseis no centro de plano de descarbonização na Califórnia

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, publicou nesta quarta (23) decreto que proíbe a venda de veículos de passageiros e caminhões novos movidos a combustíveis fósseis no estado a partir de 2035. Até 2045, ficará proibida toda a venda de veículos pesados e médios que emitam gases do efeito estufa.

De acordo com o governo, a proibição a partir de 2035 provocaria uma redução de mais de 35% nas emissões de gases de efeito estufa e uma melhoria de 80% nas emissões de óxidos de nitrogênio dos veículos em todo o estado. O setor de transportes atualmente é responsável por mais de 50% das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) da Califórnia.

O estada americano também vai impor restrições à produção de óleo e gás no estado.

A Califórnia tem o objetivo de atingir a neutralidade nas emissões em 2045. Mas para isso busca guinar sua economia. Hoje a fabricação de veículos elétricos já é uma parte fundamental da economia limpa do estado, o segundo mercado mais relevante para as exportações do estado. Com plantas de fabricantes como Tesla e Faraday, a Califórnia também representa 50% das vendas de veículos elétricos nos EUA.

A medida surge em meio ao destaque que a emergência climática vem ganhando na disputa presidencial entre o presidente republicano Donald Trump e seu concorrente democrata, Joe Biden enquanto a costa oeste dos Estados Unidos – a Califórnia inclusive – enfrenta aquela que pode ser a pior onda de incêndios em décadas, superando até os recordes da temporada de queimadas de 2018, quando cerca de 2 milhões de acres foram queimados.

De acordo com o governado, a crise das mudanças climáticas impacta o estado “de forma sem precedentes, afetando a saúde e segurança da população”, o que demanda a aceleração de ações para mitigar e adaptar o estado à nova realidade, e “se mover mais rapidamente ao futuro resiliente, sustentável e de baixo carbono”.

Para viabilizar a transformação do setor automotivo na Califórnia, o decreto determina que as agências estaduais, em parceria com o setor privado, acelerem a implantação de opções de abastecimento e recarga – um dos principais gargalos à ampliação das vendas e motivo de críticas pela indústria e analistas graças à falta de uma política nacional para o setor por parte do governo federal.

O decreto também determina que agências estaduais desenvolvam estratégias para integrar as redes ferroviária e de estradas de rodagem na Califórnia. Além disso, também pede foco no desenvolvimento de projetos para apoiar o uso de bicicletas e a locomoção de pedestres.

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Eleição presidencial é crucial para futuro dos carros elétricos nos EUA

A nova postura do governo da Califórnia é baseada na perspectiva de redução dos custos de veículos elétricos para a paridade com automóveis movidos a combustíveis fósseis em um prazo de poucos anos. O ano de 2020, no entanto prejudicou os planos da indústria. Ainda no começo da pandemia, Ford, Volkswagen e GM anunciaram alterações nos planos de lançamentos no mercado em 2020.

Em abril a consultoria Wood Mackenzie publicou um estudo apontando que a venda de veículos elétricos no mundo deve cair 43%, para 1,3 milhão de unidades em 2020 na comparação com o ano anterior graças à pandemia do novo coronavírus.

Sobre o mercado norte-americano, o vice-presidente para as Américas da consultoria, Ed Crooks, afirmou que a recessão mais acentuada da economia norte-americana desde a década de 1930 atingiu empregos e rendas, alterando o ímpeto de compra dos consumidores. “Os compradores parecem ter decidido que não é o momento de pagar custos mais elevados para ter um carro elétrico”, disse.

Para ele, a falta de apoio governamental ao setor coloca em dúvidas até mesmo a recuperação após a crise econômica iniciada com a pandemia da covid-19. A Wood Mackenzie aponta a eleição presidencial de novembro como o fator crucial para o futuro dos carros elétricos nos EUA , onde as vendas devem permanecer atrás dos mercados da China e Europa pelo menos ao longo dos próximos cinco anos.

Como parte de seu plano de governo, o democrata Biden já prometeu que vai trabalhar com estados e cidades para implantar 500 mil pontos de recarga de veículos elétricos até o final de 2030.

Em maio a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) fez uma publicação com leitura oposta, prevendo que o mercado de carros elétricos poderia crescer 6% este ano e alcançar 3% de participação na venda global de automóveis. O setor de carros elétricos deve ter um desenvolvimento muito acima do mercado total de veículos, que poderá ter queda de 15% no ano.

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