Venda de veículos elétricos deve cair 43% em 2020, aponta Wood Mackenzie

Utilitário inspirado em obras de ficção científica dos anos 1980, Cybertruck é a mais recente aposta da Tesla para o mercado de veículos elétricos
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A venda de veículos elétricos no mundo deve cair 43%, para 1,3 milhão de unidades em 2020 na comparação com o ano anterior, aponta estudo publicado pela consultoria Wood Mackenzie. A queda é provocada pela pandemia da covid-19, associada à redução do preço do petróleo no mercado internacional.

De acordo com a consultoria, a queda nas vendas globais de veículos elétricos deve ser ainda mais acentuada no segundo trimestre do ano, com previsão de despencar acima de 70% na comparação com 2019. Pois nesse período a pandemia deve atingir seu ápice na Europa e Estados Unidos.

A queda nas vendas só deve apresentar uma recuperação significativa no último trimestre do ano. Ainda assim, a consultoria prevê que entre outubro e dezembro deste ano as vendas globais de veículos elétricos ainda estarão cerca de 10% abaixo das marcas de 2019.

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Queda de 90% nas vendas na China em fevereiro

O surto do novo coronavírus afetou primeiro a demanda da China, entre os principais consumidores globais. No final de janeiro, a venda total de carros no país caiu 21% sobre o mesmo mês de 2019. Em fevereiro, a queda foi de 80%.

Já as vendas de carros elétricos tiveram uma redução mais acentuada nas duas bases de comparação. Em janeiro a retração nas vendas foi de 54%. No mês seguinte a queda foi de 90%. Os veículos elétricos têm representado cerca de 5% da venda total de veículos na China nos últimos dois anos.

Nos EUA e na Europa os efeitos da pandemia sobre esse mercado começaram a aparecer apenas em março. Em janeiro, as vendas de veículos elétricos na Europa avançaram 121% na comparação com janeiro de 2019. No mesmo período, as vendas de automóveis no geral recuaram 7% no continente.

Em um movimento fora do padrão do setor, as montadoras tradicionais que atuam no mercado de veículos elétricos alteraram o ritmo de lançamentos e estão anunciando novidades para os próximos anos, e não para os próximos 12 meses.

A Ford lançou o Mustang Mach em novembro passado, mas o carro só estará disponível para compra no primeiro semestre de 2021. Já a Volkswagen não deve iniciar este ano as vendas do ID.3, sua aposta para ganhar mercado no segmento de carros elétricos.

Já a General Motors também não pretende iniciar a venda de novos modelos nos Estados Unidos ou Europa até o final de 2021.

Nos EUA, desde março a GM oferece um desconto de US$ 10 mil para compradores do modelo Chevrolet Bolt, o mais vendido da montadora no país. O modelo foi lançado no Brasil em novembro a preço de entrada de R$ 175 mil.

“A resposta das montadoras à pandemia – suspender a fabricação de carros para se concentrar na fabricação de equipamentos médicos – só atrasará ainda mais o lançamento de modelos”, diz Ram Chandrasekaran, analista sênior da Wood Mackenzie.

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Consumidores retraídos, mas com o mercado incentivado por investidores e governos

De acordo com a análise da Wood Mackenzie, as incertezas provocadas pela pandemia afetam o ímpeto de compra de quem pretende adquirir veículos elétricos, uma vez que são em sua maioria compradores pela primeira vez dessa tecnologia.

As apostas na transição para os veículos elétricos, no entanto, permanecem nos discursos das grandes montadoras. De acordo com a consultoria, o movimento de mudança é alicerçado pelo interesse das companhias em reduzir emissões, alinhado com pressões oriundas de políticas governamentais e de investidores.

Para Chandrasekaran, o foco na sustentabilidade é a força motriz por trás da eletrificação dos transportes e o momento atual tende a fortalecer essa convicção.

“A incerteza causada pela guerra de preços do petróleo e pelas catástrofes globais servirá apenas para fortalecer essa resolução, não para detê-la”, diz.

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