Diálogos da Transição

Veículos elétricos têm recorde de vendas no Brasil em 2021

Passa dos 30 mil número de veículos elétricos vendidos no Brasil em 2021. Em circulação, no total, são 73 mil

Carros elétricos têm recorde de vendas no Brasil em 2021. Na imagem: Carro elétrico preto conectado a ponto de recarga (Foto: Freepik)
Emplacamento de veículos elétricos atingiu recorde no Brasil em 2021 (Foto: Freepik)

newsletter

Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
[email protected]

Os veículos eletrificados vendidos no Brasil em 2021 superaram em novembro a marca dos 30 mil – um novo recorde de vendas de automóveis e comerciais leves desse segmento no mercado doméstico brasileiro, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Com isso, o total de automóveis e comerciais leves eletrificados já em circulação no Brasil chega a quase 73 mil.

Apenas em novembro, mais de 3,5 mil veículos elétricos foram emplacados no Brasil, um recorde também de 2,1% de market share sobre a venda mensal de veículos no mercado brasileiro (161.027, segundo a Fenabrave).

O resultado de novembro foi ainda 26% superior ao de outubro deste ano (2.787) e 57% superior ao de novembro de 2020 (2.231).

De acordo com a ABVE, o destaque ficou para o desempenho dos veículos totalmente a bateria (BEVs), que já venderam 2.137 unidades de janeiro a novembro e devem chegar a dezembro com o triplo de emplacamentos de 2020 (que foi de 801).

Os BEVs passaram da média de 5% para 7% do total de vendas de veículos eletrificados no Brasil.

Nicola Cotugno, gerente Nacional da Enel no Brasil, aponta que a próxima década será decisiva para a mobilidade elétrica em larga escala e o Brasil deverá assistir já em 2022 um avanço nesse sentido.

“Uma coisa que já estamos prontos a fazer é mobilidade elétrica. É uma realidade que vai se viabilizar já no final deste ano e início do próximo ano no Brasil com a mobilidade pública, que chegará a ser visível em medidas importantes”, conta.

Segundo o executivo, a pandemia de Covid-19 atrasou algumas decisões de governos e prefeituras, mas 2022 deve começar já com projetos de transporte público eletrificado, o que deve dar um impulso também nos elétricos particulares.

Na mobilidade particular, a companhia italiana tem desenvolvido acordos para infraestrutura de carregamento.

Advertisement

O crescimento acompanha uma tendência global…

Em 2020, os registros de carros elétricos aumentaram 41% em todo o mundo, apesar da desaceleração mundial nas vendas de automóveis por causa da pandemia de covid-19.

No final do ano passado, 10 milhões de carros elétricos transitavam no mundo, após uma década de rápido crescimento, mostra a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

Os gastos dos consumidores com a compra de carros elétricos também aumentaram. Em 2020, o mercado movimentou US$ 120 bilhões.

Paralelamente, os governos em todo o mundo gastaram US$ 14 bilhões para apoiar as vendas de carros elétricos, um aumento de 25% em relação a 2019, principalmente com incentivos mais fortes na Europa.

…E os acordos firmados durante a COP26, em Glasgow, colocam mais pressão na busca por alternativas para descarbonizar o transporte.

Além do documento final da conferência, onde países concordaram em agir para a redução gradual dos combustíveis fósseis, governos e fabricantes de veículos assinaram uma declaração para acelerar a transição para carros e vans com emissão zero.

Os signatários da declaração – que não define uma rota tecnológica – concordam em pressionar para que todas as vendas de carros e vans novos sejam zero emissões até 2035 para os mercados líderes e 2040 para o resto do mundo.

O que, segundo análise de instituições ligadas ao clima, fará com que um em cada três carros vendidos no mundo sejam de emissão zero, a partir desse acordo, impactando até mesmo os países que ainda não assinaram o compromisso.

O Brasil é um deles. Por aqui, a política nacional está mais focada no aproveitamento dos biocombustíveis – ainda que de forma controversa – e a agenda da eletrificação deve passar pelo etanol.

Ainda assim, o país não assinou o acordo. Apenas a cidade de São Paulo se comprometeu com o documento. Em seu Plano de Ação Climática lançado em junho, a cidade indica 43 ações prioritárias para alcançar a neutralidade de carbono até 2050 – e a eletrificação está entre elas.

Vale um destaque: Pesquisa do Centro Brasil no Clima indica que a eletrificação completa das frotas de ônibus de Porto Alegre em 2036, quando os atuais contratos de concessão se encerrarem, poderia gerar uma economia para os cofres públicos de R$ 1,5 bilhão até 2050.

A substituição de frotas a diesel por veículos elétricos também contribuiria para a redução das emissões de gases poluentes e dos impactos nocivos da poluição na saúde da população local.

A pesquisa apontou gastos elevados do sistema público de saúde de Porto Alegre na hospitalização para o tratamento de neoplasias, doenças respiratórias e circulatórias ligadas à poluição atmosférica da região.

Segundo o estudo, o tratamento dessas doenças custou para os cofres públicos R$ 793.906 em 2018 e R$ 656.503 em 2019 nos casos de internação.

E ainda: A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou na quarta (8) projeto de lei para conceder isenção de pagamento do IPVA aos veículos elétricos e híbridos.

A redação final foi aprovada em segundo turno com 17 votos a favor e nenhum contra. Segue agora para a sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB).