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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Os veículos eletrificados vendidos no Brasil em 2021 superaram em novembro a marca dos 30 mil – um novo recorde de vendas de automóveis e comerciais leves desse segmento no mercado doméstico brasileiro, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Com isso, o total de automóveis e comerciais leves eletrificados já em circulação no Brasil chega a quase 73 mil.
Apenas em novembro, mais de 3,5 mil veículos elétricos foram emplacados no Brasil, um recorde também de 2,1% de market share sobre a venda mensal de veículos no mercado brasileiro (161.027, segundo a Fenabrave).
O resultado de novembro foi ainda 26% superior ao de outubro deste ano (2.787) e 57% superior ao de novembro de 2020 (2.231).
De acordo com a ABVE, o destaque ficou para o desempenho dos veículos totalmente a bateria (BEVs), que já venderam 2.137 unidades de janeiro a novembro e devem chegar a dezembro com o triplo de emplacamentos de 2020 (que foi de 801).
Os BEVs passaram da média de 5% para 7% do total de vendas de veículos eletrificados no Brasil.
Nicola Cotugno, gerente Nacional da Enel no Brasil, aponta que a próxima década será decisiva para a mobilidade elétrica em larga escala e o Brasil deverá assistir já em 2022 um avanço nesse sentido.
“Uma coisa que já estamos prontos a fazer é mobilidade elétrica. É uma realidade que vai se viabilizar já no final deste ano e início do próximo ano no Brasil com a mobilidade pública, que chegará a ser visível em medidas importantes”, conta.
Segundo o executivo, a pandemia de Covid-19 atrasou algumas decisões de governos e prefeituras, mas 2022 deve começar já com projetos de transporte público eletrificado, o que deve dar um impulso também nos elétricos particulares.
Na mobilidade particular, a companhia italiana tem desenvolvido acordos para infraestrutura de carregamento.
O crescimento acompanha uma tendência global…
Em 2020, os registros de carros elétricos aumentaram 41% em todo o mundo, apesar da desaceleração mundial nas vendas de automóveis por causa da pandemia de covid-19.
No final do ano passado, 10 milhões de carros elétricos transitavam no mundo, após uma década de rápido crescimento, mostra a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
Os gastos dos consumidores com a compra de carros elétricos também aumentaram. Em 2020, o mercado movimentou US$ 120 bilhões.
Paralelamente, os governos em todo o mundo gastaram US$ 14 bilhões para apoiar as vendas de carros elétricos, um aumento de 25% em relação a 2019, principalmente com incentivos mais fortes na Europa.
…E os acordos firmados durante a COP26, em Glasgow, colocam mais pressão na busca por alternativas para descarbonizar o transporte.
Além do documento final da conferência, onde países concordaram em agir para a redução gradual dos combustíveis fósseis, governos e fabricantes de veículos assinaram uma declaração para acelerar a transição para carros e vans com emissão zero.
Os signatários da declaração – que não define uma rota tecnológica – concordam em pressionar para que todas as vendas de carros e vans novos sejam zero emissões até 2035 para os mercados líderes e 2040 para o resto do mundo.
O que, segundo análise de instituições ligadas ao clima, fará com que um em cada três carros vendidos no mundo sejam de emissão zero, a partir desse acordo, impactando até mesmo os países que ainda não assinaram o compromisso.
O Brasil é um deles. Por aqui, a política nacional está mais focada no aproveitamento dos biocombustíveis – ainda que de forma controversa – e a agenda da eletrificação deve passar pelo etanol.
Ainda assim, o país não assinou o acordo. Apenas a cidade de São Paulo se comprometeu com o documento. Em seu Plano de Ação Climática lançado em junho, a cidade indica 43 ações prioritárias para alcançar a neutralidade de carbono até 2050 – e a eletrificação está entre elas.
Vale um destaque: Pesquisa do Centro Brasil no Clima indica que a eletrificação completa das frotas de ônibus de Porto Alegre em 2036, quando os atuais contratos de concessão se encerrarem, poderia gerar uma economia para os cofres públicos de R$ 1,5 bilhão até 2050.
A substituição de frotas a diesel por veículos elétricos também contribuiria para a redução das emissões de gases poluentes e dos impactos nocivos da poluição na saúde da população local.
A pesquisa apontou gastos elevados do sistema público de saúde de Porto Alegre na hospitalização para o tratamento de neoplasias, doenças respiratórias e circulatórias ligadas à poluição atmosférica da região.
Segundo o estudo, o tratamento dessas doenças custou para os cofres públicos R$ 793.906 em 2018 e R$ 656.503 em 2019 nos casos de internação.
E ainda: A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou na quarta (8) projeto de lei para conceder isenção de pagamento do IPVA aos veículos elétricos e híbridos.
A redação final foi aprovada em segundo turno com 17 votos a favor e nenhum contra. Segue agora para a sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB).