O mercado de veículos elétricos tem potencial para atingir 14% da frota mundial até 2030, reduzindo a demanda por óleo em 1 milhão de barris por dia, de acordo com projeções da consultoria Wood Mackenzie. Nesse período, a participação de veículos a gasolina deverá cair de 79% para 66% e a de híbridos, subir dos 4% atuais para 9%.
A consultoria prevê que o aumento do volume de vendas de veículos elétricos provocará um efeito cascata em muitas indústrias. Acompanhando a queda da demanda por óleo, a produção de baterias deve consumir 69% da oferta mundial de lítio e 46% da produção de cobalto.
“Espera-se que a necessidade de infraestrutura de carregamento crie novas indústrias para a instalação e manutenção de estações de carregamento”, diz Ram Chandrasekaran, analista de Transporte e Mobilidade da consultoria.
Autonomia tem Tesla como exemplo
Para a Wood Mackenzie, a indústria de veículos elétricos está mudando de foco, com maior ênfase na densidade de energia produzida e na capacidade de carga das baterias, ao contrário do desafio da década de 2010, quando a ênfase da indústria era na necessidade de redução de preço dos veículos e na escala da produção.
O desenvolvimento das baterias tornará os veículos mais leves, econômicos e, consequentemente mais baratos e atraentes para o mercado, prevê a consultoria.
“O aumento na densidade de energia reduz o peso da bateria e, portanto, do veículo”, diz Chandrasekaran.
De acordo com Wood Mackenzie, a densidade de energia das baterias de íon-lítio deve aumentar de 25% a 35% na próxima década, sem considerar as tecnologias da próxima geração, como uso de baterias em estado sólido e do composto lítio-enxofre.
Chandrasekaran cita a fabricante norte-americana Tesla como exemplo a ser seguido por ter uma das baterias mais avançadas da indústria automotiva. O Tesla Model 3 tem uma densidade de energia de 160 Wh/kg. No modelo, o pacote de 75 kWh pesa aproximadamente 480 kg, cerca de um quarto do peso do veículo.
Desafio é capacidade de carregamento
A Wood Mackenzie aponta que a capacidade de carregamento das baterias está entrando em um momento de transformação. De acordo com a consultoria, a combinação de densidade de energia significativamente melhorada e uma rede de estações públicas de carregamento rápido tem o potencial de catapultar a adoção dos veículos elétricos dos 14%, projetados para 2030, para 30% a 40% do mercado global.
A tecnologia de carregamento rápido disponível hoje pode fornecer aproximadamente 64 km de alcance, após 10 minutos de carga, mas não soluciona o desafio de viagens mais longas, uma vez que um percurso de cerca de 300 km milhas exige um carregamento de 30 a 40 minutos.
Para superar o desafio do tempo de carregamento, a Wood Mackenzie aponta que tecnologias de carregamento dinâmico, capazes de carregar os veículos em deslocamento, poderão ser viáveis em larga escala no final da década. Caso isso aconteça, a penetração dos veículos elétricos no mercado mundial em 2030 poderá chegar a até 70% a 80% do mercado.
“Esta tecnologia é um divisor de águas. Isso incentivará os fabricantes a fabricar – e os clientes a comprar – veículos com baterias muito menores”, diz Chandrasekaran.
“Isso provocará um efeito de bola de neve no custo, peso e alcance. No entanto, há um longo caminho a percorrer antes que a tecnologia possa ser considerada comercialmente viável e escalável”, afirma.