Extremos climáticos

SP tem tarde de inverno com frio recorde; na Europa, verão 'sufoca'

Enquanto a capital paulista registra a menor máxima do ano, termômetros europeus passam dos 38 °C e reforçam alertas sobre eventos extremos impulsionados pela mudança climática

Chegada de frente fria no centro da cidade de São Paulo, com tarde chuvosa, em 4 de julho de 2019 (Foto Rovena Rosa/Agência Brasil)
Céu nublado durante a chegada de frente fria no centro da cidade de São Paulo (Foto Rovena Rosa/Agência Brasil)

A cidade de São Paulo registrou nesta quarta-feira (2/7) a temperatura máxima mais baixa do ano e uma das três menores já registradas.

Enquanto isso, o verão europeu continua a causar temperaturas bem acima da média, o que faz ressurgir os questionamentos de especialistas: estações típicas ou com elementos agravados pelas mudanças climáticas?

Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergência Climática da Prefeitura de São Paulo (CGE), a média da temperatura máxima foi de 12°C. Na zona sul, em Parelheiros, os termômetros chegaram a apontar 9ºC.

A média máxima de 12ºC estabeleceu um novo recorde de temperatura mais baixa do ano. O recorde anterior foi de terça-feira (1º), com 14,9ºC.

Segundo o CGE, os 12°C são a terceira mais baixa e já foi observada em outras ocasiões, sendo que a última foi em 21 de agosto de 2020. O primeiro lugar ainda fica para os 8,3ºC, registrados no dia 24 de julho de 2013.

A massa de ar polar que passa pelo centro-sul do país deve ficar sobre o estado até segunda-feira (7/7). Os valores nos termômetros só devem começar a subir na sexta-feira (4), mas em ritmo lento.

A Defesa Civil Municipal, com base nos dados meteorológicos do CGE da Prefeitura, mantém a capital em estado de alerta para baixas temperaturas desde o dia 22.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas amarelo e laranja, a depender da região, para declínio de temperatura. Todo o centro-oeste e litoral paulista, incluindo a capital São Paulo, estão com alerta amarelo, de “perigo potencial”.

Atendimento de rua

Ainda ontem (2/7), a Prefeitura de São Paulo, em uma medida excepcional, antecipou o início dos atendimentos nas dez tendas da Operação Baixas Temperaturas para às 17h.

As equipes do Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas), da SMADS, também realizam busca ativa diurna e noturna, abordando e encaminhando pessoas em situação de rua para os serviços da Prefeitura.

Pela central 156 (ligação gratuita), a população também pode solicitar a abordagem de pessoas em situação de rua. O serviço funciona 24 horas, sem exigência de identificação.

Europa

Grande parte da Europa, enquanto isso, tem sido sufocada pelo tempo quente nos últimos dias — em muitos lugares do sul do continente, as temperaturas se aproximam dos 38ºC e há poucos sinais de alívio.

Para especialistas, as ondas de calor ficam mais frequentes e chegam cada vez mais cedo, expondo impactos das mudanças climáticas. Para piorar, isso eleva o risco de incêndios.

Na Itália, houve alertas de calor para pelo menos 16 cidades. Paris chegou a fechar o topo da Torre Eiffel para visitantes e, no sul da França, um reator nuclear teve de ser desligado, porque a descarga de água aquecida em um rio ameaçaria a vida selvagem.

Em Londres, o torneio de tênis de Wimbledon teve o dia de abertura mais quente registrado — acima de 32ºC.

“Em alguns lugares na Europa, estamos experimentando temperaturas que nunca foram registradas antes, então é realmente incomum”, disse Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudança Climática Copernicus, com sede na Espanha.

A Europa Ocidental está sob influência de um forte sistema de alta pressão, aprisionando ar seco do norte da África, conforme informou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) na terça-feira (1º/7).

A onda de calor é o resultado do que é conhecido como domo de calor — uma poderosa área de alta pressão na atmosfera. Ela faz com que o ar desça, se comprima e aqueça, suprime a cobertura de nuvens e resulta em sol forte.

“O futuro próximo para a Europa é sombrio. Seca e calor impulsionados por combustíveis fósseis só vão piorar mais rapidamente. Não há volta nisso — apenas aumento contínuo”, disse, nas redes sociais, Peter Carter, diretor do Climate Emergency Institute.

Segundo especialistas, eventos climáticos extremos — como ondas de calor, fortes tempestades e estiagens severas — vão se tornar cada vez mais comuns em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.

O verão 2024/2025 foi o sexto mais quente no país desde 1961, com temperatura 0,34°C acima da média histórica do período de 1991 a 2020. O verão anterior já havia sido o mais quente da série histórica. Em 2023, o Brasil registrou nove ondas de calor e oito em 2024, conforme o Inmet.

Essas ondas se caracterizam, segundo critérios da OMM, por temperaturas máximas que ficam, no mínimo, entre 5ºC e 7ºC acima da média por ao menos cinco dias seguidos.

Por Ana Lourenço. Com informações dos jornais The New York Times e O Estado de S. Paulo.

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