Indústria automobilística

Produção de veículos cresce 9,7% em 2024, mas setor ainda sente aumento de importações, sobretudo da China

Montadoras brasileiras pedem aumento de tarifas de importação; exportações recuam 1,3% no ano, apesar de reação na reta final

BNDES libera R$ 500 milhões para pesquisa e desenvolvimento de carros elétricos e híbridos da Volkswagen. Na imagem: Trabalhadores em linha de produção automobilística da montadora Volkswagen (Foto: Divulgação)
Montadora vai estudar eletrificação da frota brasileira (Foto: Divulgação Volkswagen)

As montadoras tiveram no ano passado crescimento de 9,7% na produção, que foi puxada pelo aumento nas compras de veículos no Brasil. No total, 2,55 milhões de unidades foram montadas em 2024, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. O resultado só não foi melhor porque as exportações caíram e os brasileiros importaram mais carros, como automóveis híbridos e elétricos da China.

Os números finais do ano passado foram divulgados nesta terça-feira, 14, pela Anfavea, a associação das montadoras instaladas no Brasil. Apesar do crescimento em relação aos anos anteriores, a produção da indústria de veículos segue distante do patamar de antes da pandemia. Em 2019, ano anterior à crise sanitária no Brasil, a produção chegou a 2,94 milhões de veículos, 15% a mais do que o número de 2024.

A indústria aponta perda de espaço a concorrentes estrangeiros, sobretudo marcas chinesas, tanto no Brasil quanto em mercados vizinhos. Por isso, vem pedindo para o governo antecipar a volta das alíquotas cheias (35%) sobre as importações de carros eletrificados.

O consumo de veículos zero quilômetro no Brasil subiu 14,1% no ano passado, chegando a 2,63 milhões de unidades. A participação dos importados no total de veículos vendidos passou, no entanto, de 15,2% para 17,7%. Ainda que a maior parte dessas importações seja de marcas com fábricas no Brasil, as montadoras dizem que o crescimento mais expressivo vem da entrada de carros da China, origem de um a cada quatro automóveis importados licenciados no País.

As exportações, apesar da reação mostrada nos últimos meses, tiveram queda de 1,3% em 2024, somando 398,5 mil unidades. Embora tenham aumentado os embarques para a Argentina, principal destino do setor, e o Uruguai, as montadoras receberam menos encomendas do México, do Chile e do Peru.

Dezembro

Apenas em dezembro, a produção das montadoras, de 190,1 mil veículos, teve crescimento de 10,8% frente ao mesmo mês de 2023. Na comparação com novembro, no entanto, houve queda de 19,5% na produção. Já as vendas subiram 3,6% no comparativo interanual e 1,6% frente a novembro, somando 257,4 mil unidades.

Por fim, as exportações do mês passado mantiveram a trajetória de reação, chegando a 31,4 mil unidades, com alta de 22,1% em relação a dezembro de 2023. Na margem – ou seja, de novembro para dezembro -, as exportações de veículos produzidos no Brasil tiveram queda de 20,3%.

O balanço da Anfavea mostra ainda que 877 vagas de trabalho foram fechadas nas montadoras durante o mês passado. Apesar disso, 8,2 mil postos foram criados durante todo o ano. As fábricas de veículos empregam agora 107,2 mil pessoas.

Elétricos batem recorde de emplacamentos

O Brasil chegou ao final de 2024 com o recorde de 173,5 mil veículos elétricos vendidos, aumento de 85% em relação a 2023, de acordo com levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Quando considerados os 3.828 micro-híbridos recém-lançados no mercado no último trimestre, o número sobe para 177,4 mil unidades. A organização, no entanto questiona o enquadramento deste tipo de veículo entre os eletrificados, já que são equipados com baterias de apenas 12 volts e sem tração elétrica.

Excluindo os micro-híbridos, o mês de dezembro também foi de recordes, com quase 19 mil novos eletrificados entrando em circulação.

O montante inclui os 100% elétricos (BEV), híbridos plug-in (PHEV), híbridos puros (HEV), híbridos a gasolina/álcool (HEV Flex), e micro-híbridos e mild hybrid (MHEV).

No acumulado do ano, o estado de São Paulo lidera o mercado, com 32% das vendas (56,8 mil), seguido pelo Distrito Federal, com 9% (16 mil).

Plug-ins aumentam participação

Ainda de acordo com a ABVE, o ano de 2024 foi de grande evolução para o mercado de veículos elétricos plug-in, que incluem os BEV 100% elétricos e os PHEV híbridos com recarga externa.

De janeiro a dezembro, eles mantiveram participação de 71% nas vendas de eletrificados. Com 125,6 mil unidades emplacadas, o avanço foi de 140% em relação ao mercado de 2023.

Desse total, 64 mil eram híbridos (PHEV) e 61,6 mil a bateria (BEV).

Na análise da associação, a ampliação da rede de infraestrutura de recarga colaborou para reduzir as incertezas quanto ao uso de veículos elétricos em viagens mais longas.

Dados da Tupi Mobilidade, empresa associada à ABVE, apontam que no início de dezembro havia mais de 12 mil pontos de recarga públicos e semi-públicos no país.


Com informações do Estadão Conteúdo

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