Novo estudo identifica 117 GW de potência para geração eólica offshore no Ceará

Hywind Tampen, usina eólica offshore da Equinor na Noruega (Foto: Divulgação)
Hywind Tampen, usina eólica offshore da Equinor na Noruega (Foto: Divulgação)

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Diálogos da Transição

apresentada por

Quem faz
Felipe Maciel, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
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Ceará tem potencial para instalação de 117 GW em eólicas offshore

Novo estudo identificou no litoral do Ceará um potencial de 117 GW de capacidade para instalação de parques eólicos offshore, em águas rasas, no limite de 24 linhas náuticas. Com um fator de capacidade de 60% a 62%, seria possível gerar de 506 TWh a 520 TWh por ano.

As informações são do Atlas Eólico e Solar do Ceará (.pdf), lançado em conjunto pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), a FIEC e o Sebrae, e elaborado pela Camargo-Schubert. Um mapa interativo pode ser acessado aqui.

Para incorporar o desafio técnico de instalar eólicas offshore mais distantes da costa e em maiores profundidades, o estudo não considerou todo o mar territorial do estado, limitando-se a lâmina d´água entre 5 metros e 50 metros, e distâncias da costa entre 2 metros e 45 metros.

“O potencial tende a crescer dezenas de vezes caso seja considerada toda a zona econômica e exclusiva ao longo do litoral cearense. Porém, a maior profundidade, os custos de instalação, operação e manutenção, e as perdas por transmissão dificilmente justificariam a exploração do recurso em águas mais profundas (…)” 

O Atlas destaca oportunidades no litoral de Camocim, próximo de Sobral, com fator de capacidade mais elevado e aumento no período da tarde e início da noite…

…No litoral de Fortaleza, onde está o Porto de Pecém, dada a geração uniforme ao longo do dia, durante todo o ano…

…E no litoral de Icapuí, que faz fronteira com Rio Grande do Norte, onde o fator de capacidade é mais elevado no início da madrugada e no fim da noite, com menor potencial de geração próximo ao nos meses de março e abril, quando chove menos e o ventos reduzem, tanto na costa quanto no mar.

Aliás, na perspectiva do governo do Ceará, o Porto de Pecém pode se tornar uma referência para o setor de eólicas offshore no país, com a instalação de fábricas para a construção de torres e pás, bases de apoio offshore para embarcações, navios e balsas para operação e manutenção das atividades.

O desenvolvimento de projetos para produção de energia eólica offshore no Brasil ainda depende de um marco regulatório. O Ibama prepara uma agenda regulatória para projetos do tipo e realizou em meados do ano uma série de workshops para discutir licenciamento em outros países e usa  Portugal, Itália, Holanda e Bélgica como referência.

Também será preciso discutir a inclusão do setor no planejamento da expansão da oferta para garantir espaço para o setor no Sistema Interligado Nacional (SIN) ou à rede de distribuição de energia do país.

Na Câmara, tramita projeto do senador Fernando Collor (PTC/AL), que cria leilões de concessão para parques eólicos e usinas solares offshore

[imagem ampliada] Mapa do potencial eólico offshore identificado pelo Atlas Eólico e Solar do Ceará, segmentado por 100 metros (A) e 150 metros (B) de altura.

A metodologia do estudo levou em conta exclusão de área de proteção ambiental, com cabos submarinos, de pesca e concessões de exploração e produção de petróleo e gás…

… A região limitada a 24 milhas náuticas, profundidades (cotas batimétricas) de 5 a 50 metros e além de 2 km de linha de costa, considerando os efeitos de marés e para evitar processos erosivos próximos às praias…

… E as seguintes premissas para geração de energia: indisponibilidade de rede, turbinas e manutenção (5%), perdas até o ponto de conexão (3% a 4,5%), degradação de pás e perda de desempenho (1,3%) e perdas aerodinâmicas (8%).

Geração de energia no Ceará

No total, o Atlas indica um potencial instalável de 1.635,46 GW, com solar fotovoltaica e eólica, sendo 1,46 GW para geração distribuída em regiões urbanas. Também aponta espaço para 137 GW para projetos híbridos – solar e eólica – com capacidade para geração de 315 TWh/ano.

Atualmente, o estado é um dos principais mercados para as energias renováveis, com expansão contratada de 1,1 GW, totalizando 2,4 GW a partir de parques eólicos (EOL) e 1,1 GW, usinas solares (UFV).

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Economia de US$ 621 bilhões com descarbonização dos setores de energia e transporte

A América Latina e o Caribe podem reduzir em 1,1 bilhão de toneladas de carbono equivalente (CO2e) e economizar US$ 621 bilhões por ano até 2050, com políticas de descarbonização da matriz energética e um sistema de transporte eletrificado, com zero emissões líquidas – incluindo o transporte marítimo e o terrestre.

Os dados do Relatório Carbono Zero para a América Latina e o Caribe 2019, que será publicado em breve pelo  Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

A estimativa é que as emissões do setor de energia na região cresçam 140% até 2050, adicionando 1,2 bilhão de toneladas de emissões de CO2e. A transição para uma matriz 100% renovável demandaria US$ 800 bilhões até 2050, menos que os US$ 1.083 bilhões necessários para atender à demanda de energia projetada no cenário comercial atual. 

O Pnuma aponta que podem ser economizados US$ 300 bilhões no transporte terrestre de passageiros e outros US$ 222 bilhões nos custos de eletricidade. Além disso, o efeito da mobilidade elétrica na qualidade do ar urbano economizaria US$ 30 bilhões em custos com saúde.

Além de gerar 7,7 milhões de novos empregos permanentes e 28 milhões temporários, em tarefas relacionadas a tecnologias verdes, implantação de infraestrutura ou eletrificação de transportes.

Do diretor Regional do Pnuma, na América Latina e no Caribe, Leo Heileman: 

“Os setores de energia e transporte apresentam oportunidades para ações rápidas e de longo alcance, ambientalmente saudáveis ​​e financeiramente atraentes. Uma transição conjunta não visa apenas atingir zero emissões até 2050, mas contribuir para o crescimento econômico e a melhoria da saúde pública”.

Por aqui, mais sobre os os planos de descarbonização da Petrobras e o desafio global para eliminar o flaring

? Especialização no apoio offshore

O grupo DEME anunciou o início da construção da sua primeira embarcação dedicada integralmente para o apoio de operações de parques eólicos offshore – um Service Operation Vessel (SOV).

A embarcação foi projetada com a Vuyk Engineering Rotterdam and Marin e vai ser construída no Estaleiro CEMRE, na Turquia. Entra em operação em 2021, afretada pela Siemens Gamesa.

De acordo com a DEME, embarcação consome 50% menos combustíveis na comparação com SOVs com casco convencional.

Curtas

Foi só um susto. A ANP restabeleceu nesta segunda (16) os resultados do 70º leilão do biodiesel (L70), que havia sido suspenso na semana passada, pela Justiça de São Paulo, forçando a agência a remarcar o leilão, com urgência, para evitar um desabastecimento do mercado em 2020.

… A Aliança Biocombustíveis Eireli desistiu do processo: “o objetivo era apenas incluir as ofertas da usina no leilão, e não causar um dano tão grande ao mercado”, afirmou o advogado da empresa, segundo nota da Ubrabio, que, por sua vez, comemorou: “demonstra bom senso e evitará uma situação de desconforto para todo o setor”.

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) julgou ilegal a venda direta de etanol de produtores para postos de gasolina sem o intermédio de distribuidoras. O julgamento reafirma decisão de 1ª instância que impediu produtores de Pernambuco, Sergipe e Alagoas de vender o combustível diretamente.

Ministério de Minas e Energia formalizou nesta segunda (16) o cronograma para ampliação do mercado livre (DOU). Pelas regras atuais, podem atuar no mercado livre apenas consumidores com carga de energia a partir de 0,5 MW, mas apenas com fontes renováveis (a energia incentivada). Mercado abre para outras fontes, gradativamente, a partir de 2021…

… Na ReutersGoverno estudará até 2022 como abrir mercado livre de energia a consumidor residencial.

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