RIO – A mineradora australiana Meteoric Resources NL assinou, na última quarta-feira (9/8), um protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais para investimentos de cerca de R$ 1,2 bilhão na extração de argila iônica – do grupo das terras raras – em Poços de Caldas (MG).
“Tenho certeza que esse é o maior projeto de terras raras do mundo”, destacou o diretor executivo da Meteoric, Marcelo de Carvalho.
As terras raras são elementos vitais para a fabricação de turbinas eólicas e veículos elétricos, e devem ver sua demanda crescer em 40% nas próximas duas décadas, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Hoje, a República Democrática do Congo e a China são responsáveis por cerca de 60% da produção global desses minerais. Já seu processamento está altamente concentrado na China, que responde por 90% das operações.
Os estudos sobre a qualidade e a quantidade das reservas de terras raras em Poços de Caldas são feitos há 12 anos pela Togni, que atua na exploração de argilas na região. Segundo os ensaios, o material possui um alto potencial mercadológico.
“O projeto é o único do mundo que sobrevive com os preços atuais de terras raras fora da China”, pontuou Carvalho.
MG na rota dos minerais estratégicos
Para o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o estado deve se posicionar como grande fornecedor de minerais estratégicos para a transição energética, a exemplo do que vem se fazendo com o lítio, no Vale do Jequitinhonha, apelidado de Vale do Lítio.
“Temos essas terras raras que serão utilizadas e também o Vale do Lítio. Nós estamos provando que é possível ter mineração com responsabilidade ambiental e social”, disse o governador.
Em julho, a Sigma Lithium, empresa canadense que opera desde abril na exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, fez o primeiro embarque do mineral produzido na região, rumo à China.
A MG LIT, da também canadense Lithium Ionic, firmou um protocolo de intenções de investimentos de R$ 750 milhões para exploração de lítio, no Vale do Lítio.
A expectativa é que a MG LIT inicie as operações em 2025, nos municípios de Araçuaí, Itinga e Salinas. Até o fim deste ano, a empresa espera que R$ 160 milhões já sejam investidos no empreendimento
Com o anúncio, a empresa se juntou à Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e à Sigma Lithium na exploração do mineral na região. Além delas, Atlas Lithium (EUA) e Latin Resources (Austrália) também possuem projetos em andamento no Vale do Jequitinhonha.
No nível federal, as mineradoras cobram plano e investimentos federais para pesquisa e exploração de minerais estratégicos.
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), cujos associados respondem por 85% da produção mineral do Brasil, aguarda uma política nacional para estimular a produção de minerais críticos para a transição energética.
A associação também cobra do governo federal investimentos para fortalecimento da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB).