BRASÍLIA – Relatório Riscos Globais de 2024 do Fórum Económico Mundial (WEF, em inglês) publicado nesta quarta (10/1) traz os eventos climáticos extremos no topo da lista dos 10 principais riscos que as populações globais enfrentarão no longo prazo.
De acordo com a análise, as nações permanecem despreparadas para o “desencadeamento de mudanças de longo prazo, potencialmente irreversíveis e autoperpetuantes, em sistemas planetários selecionados [que] poderiam ser ultrapassados em ou antes de 1,5°C de aquecimento global, atualmente previsto para ser alcançado no início da década de 2030”.
A pesquisa reúne percepções de quase 1.500 especialistas globais do meio acadêmico, empresarial, governamental, da comunidade internacional e da sociedade civil.
Embora a ameaça de condições meteorológicas extremas seja vista como imediata, houve desacordo sobre a urgência de outros riscos relacionados com o clima, como a perda de biodiversidade e o colapso dos ecossistemas.
A preocupação com estes riscos foi significativamente maior entre os entrevistados mais jovens, aumentando a preocupação de que a mitigação seja postergada a ponto de perdermos o prazo frear as mudanças climáticas.
Os 10 maiores riscos em 10 anos:
- Eventos climáticos extremos
- Mudanças críticas nos sistemas da Terra
- Perda de biodiversidade e colapso de ecossistemas
- Escassez de recursos naturais
- Desinformação
- Resultados adversos das tecnologias de IA
- Migração involuntária
- Insegurança cibernética
- Polarização da sociedade
- Poluição
Desinformação, IA e eleições
No curto prazo, o relatório da WEF classifica a desinformação como o maior fator de risco para as economias, com destaque para os efeitos potenciais do mau uso da inteligência artificial para inundar os sistemas de informação com narrativas falsas.
Na visão dos especialistas, nos próximos dois anos, o mundo deve ser inundado de informações confusas e enganosas plantadas com o objetivo de ampliar divisões sociais e políticas.
“Este risco é reforçado por um grande número de eleições num futuro próximo, com mais de 3 bilhões de pessoas indo às urnas em 2024 e 2025, incluindo em grandes economias como os Estados Unidos, a Índia e o Reino Unido”, alerta o documento.
O relatório sugere que a propagação da desinformação em todo o mundo poderá resultar em agitação civil, mas também poderá levar à censura conduzida pelos governos, à propaganda interna e ao controle do fluxo de informação.
Os 10 maiores riscos em 2 anos:
- Desinformação
- Eventos climáticos extremos
- Polarização da sociedade
- Insegurança cibernética
- Conflitos armados
- Falta de oportunidade econômica
- Inflação
- Migração involuntária
- Desaceleração econômica
- Poluição
Além disso, dois terços dos especialistas globais preveem que uma ordem multipolar ou fragmentada tomará forma durante a próxima década.
Mais da metade (54%) antecipa um grau significativo de instabilidade e um risco moderado de catástrofes globais. Outros 30% veem as coisas piorando ainda mais, imaginando iminentes catástrofes globais e um período “tempestuoso” ou “turbulento” nos próximos dois anos.
Ao ampliar essa visão para 10 anos, o pessimismo entre os entrevistados aumenta. Até 2034, quase dois terços (63%) preveem uma ordem mundial tempestuosa ou turbulenta.
Escolaridade impacta percepções sobre aquecimento global
No Brasil, uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) conclui que há relação direta entre o nível de escolaridade e a percepção do brasileiro sobre a gravidade do aquecimento global.
De acordo com o estudo Sustentabilidade e Opinião Pública, entre os analfabetos, 40% consideram a questão como sendo muito grave. O índice cresce substancialmente entre as pessoas que concluíram o ensino médio (64%) e chega a 73% entre as que têm ensino superior.
Além disso, cresceu o percentual de pessoas que consideram o aquecimento global uma questão grave: de 85%, em 2022, para 91%, em 2023.