O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, divulgou nesta semana o nome do primeiro integrante da cúpula do futuro governo ao anunciar o advogado e ex-assessor do Senado, Ron Klain, como seu chefe de gabinete na Casa Branca. O nome agradou à ala mais progressista do Partido Democrata que vê Klain como um aliado para lidar com o combate à pandemia da Covid-19 e as mudanças climáticas, dois dos maiores desafios do começo da gestão de Biden.
Klain é considerado uma liderança importante na área de saúde pública dentro do partido por ter liderado o combate ao vírus Ebola em solo americano em 2014. Em 2017 publicou no Washington Post um artigo apontando a propagação de pandemias como mais uma das consequências mortais das mudanças climáticas.
O site político.com levantou alguns os nome dos mais cotados para a área de Energia e Transporte para o governo Biden, pastas que serão fundamentais no retorno dos EUA ao Acordo de Paris e para que o país possa cumprir as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa prometidas pelo presidente eleito.
Quem são os cotados para o governo Joe Biden
- Ron Klain foi anunciado como chefe de gabinete na Casa Branca
- Ernest Moniz, Elizabeth Sherwood-Randall e Arun Majumdar são cotados para a Secretaria de Energia
- O ex-prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, é o mais cotado para Secretaria de Transportes
Secretária de Energia
Seja quem for o escolhido, Biden terá na Secretaria de Energia alguém que acredita que atingir as metas de redução de emissões prometidas pelo novo presidente dependerá, sobretudo, de acelerar os investimentos em tecnologias avançadas do setor de energia, como definiu um estudo coordenado por Moniz e divulgado no ano passado. A posição é compartilhada pelos três possíveis indicados.
Ernest Moniz
As apostas na imprensa norte-americana indicam o retorno do ex-secretário de Energia de Barack Obama, Ernest Moniz, ao cargo. O físico nuclear e professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (MIT) foi assessor informal da campanha de Biden.
Elizabeth Sherwood-Randall
Ex- secretária adjunta de Energia de Obama, que também foi coordenadora do governo para política de Defesa e Combate às Armas de Destruição em Massa. Defende a necessidade de mais investimentos em pesquisa e tecnologia para encontrar maneiras eficazes de trazer as novas tecnologias para o mercado o mais rápido possível.
Arun Majumdar
Professor de Stanford e ex-vice-presidente de Energia do Google, que também já foi subsecretário interino de Energia do governo federal. Defensor do aumento de subsídios federais para novas tecnologias em energia.
Secretaria de Transporte
Uma das principais promessas de campanha de Biden para a transição energética, a eletrificação da frota, vai ser diretamente influenciada pela escolha do novo secretário de Transporte.
Eric Garcetti
O nome mais cotado é o do ex-prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, um dos principais aliados de Biden dentro do Partido Democrata desde sua fracassada disputa à eleição presidencial de 2016.
Em 2018 Garcetti lançou um plano ambicioso para tornar a cidade de Los Angeles neutra em emissões de carbono até 2050. Na proposta estava a instalação de 1.500 estações de recarga de veículos elétricos em cinco anos. O número seria acrescido de outras 10 mil estações em dez anos.
Los Angeles também adotou, na sua gestão, uma das políticas de restrição a combustíveis fósseis mais agressivas do país, exigindo que todos os veículos zero quilômetro comprados na cidade sejam, pelo menos, 50% elétricos com bateria.
Como prefeito, Garcetti ainda assinou a “Declaração das Ruas Livres de Combustíveis Fósseis”, proposta pelo C40, com a qual a prefeitura se comprometeu a adquirir apenas ônibus com emissão zero até 2025. O objetivo do compromisso visa garantir que uma grande área de Los Angeles terá emissão zero em 2030.
A proposta do governo Biden para a eletrificação da frota também é ousada. Ele promete instalar meio milhão de postos de recarga de automóveis em todo o país em dez anos. O projeto demandará até US$ 5 bilhões em investimentos federais ao longo dos cinco anos de sua gestão.
Geração sem emissões
Joe Biden pretende tomar posse em 20 de janeiro com uma pauta desafiadora para o setor de energia: zerar as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) na geração de energia até 2035, aplicar quase US$ 2 trilhões para o avanço de energias renováveis nos setores de infraestrutura, transporte e construção e acelerar a eletrificação da frota americana.
Tudo isso aliado ao desafio político imediato de gerar empregos e recuperar a economia americana dos impactos da covid-19. A promessa de campanha que parece particularmente desafiadora em estados como a Pensilvânia, onde a desregulamentação do setor de óleo e gás promovida pelo governo de Donald Trump favoreceu a produção de gás natural. O estado foi um dos palcos da disputa apertada entre Biden e Trump.
Além da crise política atual – criada por Trump, que coloca em xeque o processo eleitoral e continua afirmando que venceu as eleições – os republicanos lideram a corrida pelo controle do Senado e o melhor cenário para os democratas é garantir metade das cadeiras se conquistarem os dois assentos da Geórgia no segundo turno da eleição no estado, marcado para janeiro.
[sc name=”newsletter” ]