COP30 como vitrine

Maioria da indústria aposta na COP30 para melhorar reputação — e biocombustíveis embarcam junto

75% dos empresários acreditam que a COP30 pode fortalecer a imagem da indústria brasileira no exterior, posicionando o país como fornecedor de soluções

Vista aérea de emissões poluentes sendo lançadas na atmosfera em complexo industrial, em uma grande cidade (Foto Marcin Jozwiak/Pixabay)
Complexo industrial lança grande volume de emissões poluentes na atmosfera (Foto Marcin Jozwiak/Pixabay)

BRASÍLIA — Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta quarta (13/8) indica que a maior parte dos industriais brasileiros está apostando na COP30 como uma oportunidade para fortalecer sua imagem no exterior, ampliando o protagonismo do país na agenda climática.

O levantamento entrevistou 1000 executivos de pequenas, médias e grandes empresas entre maio e junho de 2025, e identificou que 54% considera a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro, em Belém (PA), relevante para os negócios.

A mesma proporção avalia que o evento trará impacto positivo ou muito positivo para o setor. As maiores taxas de expectativa estão nas regiões Norte-Centro-Oeste (64%) e Nordeste (60%).

Além disso, 75% dos empresários acreditam que a COP30 pode fortalecer a imagem da indústria brasileira no exterior, especialmente como fornecedora de soluções para lidar com a crise climática global.

Energias renováveis, hidrogênio verde e biocombustíveis são alguns exemplos.

“Biocombustíveis é um dos pilares que levaremos para a COP30”, conta à agência eixos o chair da Sustainable Business COP30 (SB COP), Ricardo Mussa.

“Quando olhamos transição energética, é algo que já está pronto, utiliza a infraestrutura atual e, principalmente para os [setores] difíceis de abater, como marítimo e aviação, é a solução e o Brasil tem algo concreto para levar”, completa.

Iniciativa criada pela CNI, a SB COP é um fórum empresarial que está reunindo propostas do setor privado global com foco na transição para uma economia de baixo carbono.

A intenção é fazer uma curadoria de experiências e soluções desenvolvidas pela indústria em diferentes países que poderiam ser escaladas e priorizadas em estratégias nacionais. Até meados de setembro, o fórum espera divulgar 40 projetos selecionados.

Eles serão levados a Belém, como parte da contribuição do setor privado à agenda de ação climática.

Desafio do financiamento

“O dado de que mais da metade da indústria vê a COP30 com otimismo confirma o que já sabemos: o setor produtivo está comprometido com a agenda climática”, avalia Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.

No entanto, o custo de capital ainda impõe desafios aos investimentos para a transição industrial.

A pesquisa da CNI aponta que apenas 12% enxerga o ambiente regulatório brasileiro favorável aos investimentos em sustentabilidade e baixo carbono.

Houve também uma queda em relação a 2024 no percentual dos interessados em crédito para financiar ações sustentáveis: recuou para 66% em 2025, ante 72% no ano passado.

A COP30 deve retomar as negociações da COP29, de Baku, no Azerbaijão, em torno do financiamento climático.

A conferência terminou com a aprovação da Nova Meta Coletiva Quantificada de Financiamento Climático (NCQG, em inglês) prevendo alcançar US$ 300 bilhões anuais até 2035, com uma aspiração de chegar a US$ 1,3 trilhão por ano.

Em Belém, os países devem avançar na definição dos caminhos para mobilizar os recursos necessários à implementação da nova meta, estabelecendo mecanismos, fontes e instrumentos financeiros.

“A COP30 é uma oportunidade para transformar ambição em ação. É preciso garantir mecanismos de financiamento que viabilizem os compromissos assumidos e apoiem, especialmente, os países em desenvolvimento”, comenta Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.

“Para a indústria brasileira, isso significa ampliar investimentos em inovação e descarbonização”, pontua.

Nesta terça (12/8), o presidente Lula disse que o Brasil irá propor, na COP30, que países ricos paguem uma tarifa para conter as mudanças climáticas. Deve enfrentar resistências, no entanto, diante do clima de incertezas globais e inflação.

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