Transição na frota

Consumo de gasolina deve atingir pico em 2025, com etanol e elétricos ganhando mercado

Projeções da EPE sugerem tendência de redução de emissões de gases de efeito estufa no transporte rodoviário leve

Veículo preto conectado a carregador elétrico em primeiro posto 100% elétrico do país, da Vibra, EZVolt e 99, localizado no Jardim Anália Franco, Zona Leste de São Paulo (Foto Divulgação)
Posto 100% elétrico no Jardim Anália Franco, Zona Leste de São Paulo | Foto Divulgação Vibra/EZVolt/99)

BRASÍLIA – O consumo de gasolina na frota brasileira pode atingir seu pico em 2025 e entrar em trajetória de queda nos anos seguintes, na medida em que o etanol e a eletrificação ampliam sua participação na matriz de transportes.

Estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), publicado nesta quinta (19/12), estima que a demanda de energia para veículos leves atingirá 65,9 bilhões de litros de gasolina equivalente em 2034, considerando gasolina C, etanol hidratado e eletricidade.

Neste cenário, a demanda de gasolina A (sem etanol anidro) atinge seu pico em 2025, chegando ao fim do horizonte decenal com o volume anual de 30,9 bilhões de litros – em 2023, o consumo foi de foi de 33,6 bilhões de litros.

O mesmo ocorre com a gasolina C, vendida nos postos com a adição de 27% de etanol anidro. O consumo é estimado em 42,4 bilhões de litros em 2034, ante 46,6 bilhões de litros em 2023.

Esses volumes representam uma queda de aproximadamente 12% entre 2025 e 2034, com reflexos semelhantes na demanda por etanol anidro, caso o percentual de mistura obrigatória se mantenha em 27%. Vale dizer que está em discussão no governo o aumento para 30%.

Mantido o E27, o consumo de anidro em 2034 seria de 11,4 bilhões de litros, ligeiramente abaixo dos 12,9 bilhões de litros em 2023.

“Essa projeção sugere uma tendência de redução de emissões de gases de efeito estufa no transporte rodoviário leve, resultado que pode ser impulsionado nos próximos anos com a implementação das medidas da Lei do Combustível do Futuro e do Programa Mover“, explica o documento.

Mais etanol nos carros flex

As vendas de veículos leves estão previstas para crescer e atingir a marca de 3,9 milhões de veículos novos em 2034, com a frota brasileira chegando a 47 milhões de veículos em circulação no período analisado.

Apesar do licenciamento crescente de veículos eletrificados, a EPE projeta que a categoria flex continuará com a maior participação na frota, com uma janela otimista para o etanol hidratado, concorrente da gasolina.

A expectativa é de um salto dos 18,1 bilhões de litros registrados em 2023, para cerca de 33 bilhões de litros em 2034, um crescimento médio de 5,9% a.a. entre 2025 e 2034.

Há desafios, no entanto. A EPE analisa dois cenários, considerando a capacidade de políticas como o RenovaBio e produtividade do setor de biocombustíveis para incentivar o consumo de etanol.

No cenário de oferta elevada, a tendência é de que uma parcela maior de etanol hidratado seja direcionada ao mercado, o que pode influenciar os preços e melhorar a atratividade em comparação à gasolina C.

Já no cenário com menor oferta de etanol, o movimento é inverso: a demanda e gasolina C aumenta em relação ao cenário de referência, fazendo com que um maior volume de etanol anidro seja demandado e, consequentemente, a oferta de etanol hidratado no mercado seja reduzida.

Eletrificação turbo

Com a eletrificação ganhando cada vez mais espaço, é esperado um crescimento de seis vezes na demanda de eletricidade para carregamento de veículos a bateria e híbridos plug-in entre 2025 e 2034, alcançando 3,8 GWh.

A EPE também propôs dois cenários para a tecnologia que, entre janeiro e novembro de 2024, registrou 155,7 mil modelos vendidos, de acordo com levantamento do setor.

Pelas projeções, a participação de eletrificados no licenciamento de veículos leves alcança 55,4% em 2034, sendo 39,4% de híbridos, 8% de híbridos plug-in e 8,1% elétricos puros.

A EPE considerara a mesma quantidade de unidades licenciadas na trajetória de referência do Plano Decenal de Energia (PDE 2034), que indica 1,5 milhão veículos híbridos, 316 mil híbridos plug-in e 318 mil elétricos, em meados da próxima década, contra 400 mil híbridos, 122 mil plug-in e os 172 mil elétricos na trajetória de referência.

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