RIO – Durante o Brazil Climate Summit, em Nova York, nesta quarta (18/9), o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, disse que falta participação de companhias dos Estados Unidos em setores cruciais como mineração, baterias para veículos elétricos e hidrogênio verde no Brasil.
Segundo Viana, enquanto China e Europa têm aumentado significativamente seus investimentos em transição energética no Brasil, os Estados Unidos, apesar de serem os maiores investidores diretos no país, ainda não participam de setores-chave como hidrogênio verde e minerais críticos.
“Quando falamos sobre o avanço que precisamos ter da transição energética, de bateria de carro elétrico, por exemplo, quem está investindo no Brasil? A China, montando fábricas (…) E os Estados Unidos com a Bravo, mas muito pequeno”.
“Nos minerais críticos, temos o Canadá, mas não os Estados Unidos. No hidrogênio verde, por exemplo, temos França, Austrália, Espanha, mas não os EUA”, afirmou.
A Bravo, com sede nos Estados Unidos, tem um projeto de produção de baterias elétricas na Bahia com investimento de R$ 1,27 bilhão.
Os EUA respondem por 25% do estoque de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil, somando US$ 246,3 bilhões, e posicionando o EUA como principal investidor estrangeiro no país, de acordo com dados do Banco Central. Somente no ano passado, o Brasil recebeu US$ 10 bilhões de investimentos diretos dos EUA.
Levantamento da Apex em parceria com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), mostra que os anúncios de investimentos greenfield dos EUA no Brasil, entre 2013 e 2023, foram de US$ 41,5 bilhões, distribuídos principalmente nos setores de software (24,8%), fabricação de veículos (17%) e armazenagem e transporte” (10,3%).
Brasil na vanguarda
Para Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, o Brasil está à frente de outras grandes economias do G20 em termos de transição energética, sendo uma das únicas nações com capacidade de alcançar o net-zero antes de 2050 sem a necessidade de novas tecnologias.
“O Brasil é o único do G20 que pode atingir o net-zero antes de 2050 sem precisar de inovações tecnológicas. Temos recursos abundantes e uma matriz energética limpa e interconectada, com um custo de energia renovável competitivo no cenário global”, afirmou.
Ela apontou, no entanto, as limitações fiscais que impedem o país de competir em incentivos financeiros com potências como os Estados Unidos, Europa e China.
Apesar disso, Costa observa que o Brasil possui reservas de minerais críticos para a transição energética e um vasto potencial para produção de biocombustíveis como etanol e biometano, além de uma política pública focada na redução do desmatamento.
Segundo a diretora do BNDES, o país está construindo um “ecossistema sustentável” e que será um ator-chave nas discussões globais sobre mudança climática na COP30.
- Para aprofundar: Brasil precisa entrar na segunda onda da transição energética