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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Colaboração em biofertilizantes, criação de um fundo para financiar projetos de energia limpa no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB); elaboração de carteira de projetos prioritários de infraestrutura para financiamento; e investimentos em portos de pequeno porte, ferrovias e transporte marítimo de curta distância para diminuir a pegada de carbono.
Essas são quatro das dez prioridades elencadas pela indústria brasileira para discussão na reunião dos Brics, bloco econômico entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, marcada para a próxima quarta (23/8), em Joanesburgo, na África do Sul.
Antes do encontro de líderes, o setor privado terá uma extensa agenda a partir do dia 19, no Conselho Empresarial do Brics (Cebrics).
O objetivo é que, ao final, o Cebrics consolide e entregue aos chefes de Estado um documento com recomendações dos setores privados dos países envolvidos, explica a Confederação Nacional da Indústria (CNI), secretária-executiva do mecanismo.
“O Brasil reúne grandes condições para atrair cada vez mais investimentos internacionais. A revitalização da indústria no Brasil é relevante por este ser o setor que mais move o desenvolvimento da economia pela inovação e pelo avanço tecnológico”, diz o presidente eleito da CNI, Ricardo Alban.
E o país está mesmo de olho em assumir a liderança da agenda desenvolvimentista do Sul global. A estratégia é enfrentar o movimento de eletrificação dos países ricos com a bioenergia – produto do agronegócio.
Durante evento do BTG Pactual nesta manhã, o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), defendeu o potencial do Brasil de fornecer biocombustíveis para descarbonizar o mercado doméstico e o transporte internacional, a exemplo dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês).
O MME tenta fazer avançar o projeto de lei do Combustível do Futuro, que traz mandatos de corte de emissões para a aviação civil com uso do SAF e eleva o percentual de etanol na gasolina para 30%.
O PL ficou parado na Casa Civil e Ministério da Fazenda, mas, segundo Silveira, a pasta comandada por Fernando Haddad já entendeu o potencial dessa nova indústria para a economia brasileira.
Transição Sul-Sul
Criado em 2011, o Brics atua para construir uma agenda de cooperação em diversos setores.
O comércio bilateral dos países do Brics com o Brasil é de US$ 177,8 bilhões. O país tem a China como primeira parceira comercial e a Índia como quinta. Além disso, em 2020, quase 400 empresas do bloco econômico operavam no Brasil, de acordo com a CNI.
A transição energética promete dominar uma parte das discussões este ano – após o julho mais quente da história e incêndios florestais consumirem o Hemisfério Norte.
Contribui para a discussão os incentivos que países ricos estão dando para formar cadeias de suprimentos para tecnologias de transição e o ajuste de fronteira de carbono estabelecido pela Europa.
Ontem, fez um ano desde que o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou a Lei de Redução da Inflação (IRA) para investir US$ 369 bilhões em energia de baixo carbono no país.
Entre os governos que estão prestando atenção às lições da nova lei dos EUA, estão Reino Unido, Canadá, União Europeia, Índia e Austrália, que adotaram ou estão considerando políticas para subsidiar a indústria renovável e priorizar a fabricação nacional.
“O grande desafio do mundo, e essa hora está chegando, é monetizar as nossas potencialidades. Que a gente possa liderar o Sul global na relação com os países industrializados para que a gente possa monetizar isso a favor do combate à desigualdade”, disse Silveira nesta quinta.
“Estamos vivendo um ambiente de muitas oportunidades, o desafio é enorme”.
África deve industrializar seus minerais críticos
Assim como a América Latina discute como agregar valor às suas cadeias de matérias-primas estratégicas, as nações africanas ricas em metais críticos para baterias e veículos elétricos devem evitar exportar apenas minério bruto, alerta um novo relatório das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
“Embora a necessidade de a África integrar as cadeias de abastecimento globais não seja nova, pedimos aos países africanos que evitem ficar presos ao fornecimento de ‘apenas’ matérias-primas, o que resulta em integração de valor muito baixo nas cadeias de abastecimento globais”, disse a secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan.
De acordo com o documento, os países africanos têm potencial para serem os principais fornecedores de peças e componentes automotivos.
O continente contém 48% das reservas globais de cobalto, 47,6% das reservas de manganês e mais de 80% das reservas de rocha fosfática, bem como metais do grupo da platina.
Cobrimos por aqui:
- Países amazônicos querem trocar dívida por ação climática
- Divergências no G20 deixam decisões climáticas difíceis para COP28
- Faltam US$ 2 tri para transição energética de emergentes
Curtas
Irrealista
Análise da Wood Mackenzie aponta que a meta de expansão eólica offshore ‘irrealista’ dos governos exigiria US$ 27 bilhões até 2026 em investimentos na cadeia de suprimentos.
Publicado pela Reuters, o estudo prevê que a capacidade anual provavelmente aumentará em 30 gigawatts (GW) por ano até 2030, bem abaixo da meta de 80 GW por ano definida por governos em todo o mundo.
Pantanal sem desmatamento
O governo de Mato Grosso do Sul publicou na quarta (16/8) decreto que suspende a concessão de licenças ou autorizações de supressão de vegetação nativa no Pantanal sul-mato-grossense. A medida será válida até a edição de legislação estadual sobre o uso do solo pantaneiro e abrange tanto novos processos como também os pedidos de licença que já estão em andamento.
É o primeiro passo para a construção da Lei do Pantanal, que será elaborada ouvindo setores produtivo, ambiental, moradores e setor público, afirma o governador Eduardo Riedel (PSDB).
Litígio climático
Um grupo de 16 jovens ativistas climáticos venceu um processo nos EUA contra o estado de Montana, por sua legislação que limita as avaliações sobre mudanças climáticas no licenciamento de projetos de combustíveis fósseis.
A decisão também pode influenciar outros casos climáticos em andamento. “Acho que esta é a decisão mais forte sobre mudança climática já emitida por qualquer tribunal”, disse um advogado ambiental à Bloomberg.
Índice de diversidade
A Azul, única representante aérea no Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo, ingressou nesta quinta (17/8) no recém lançado IDiversa, o Índice de Diversidade da B3.
É o primeiro índice latino-americano a combinar critérios de gênero e raça para avaliar as estratégias ESG das companhias listadas.
Comerc Energia conclui aquisição da cearense Soma
Empresa passa a oferecer, na região Nordeste, sua maior plataforma de soluções em energias renováveis. Com a operação, a Comerc mira a expansão do mercado livre de energia no Brasil.
Segundo a CCEE, mais de 106 mil unidades consumidoras passarão a se enquadrar nesse mercado em 2024, sendo quase 27 mil apenas no Nordeste, região onde a Soma tem grande parte de seus clientes.
Mulheres no mercado de hidrogênio
O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) está com inscrições abertas para o minicurso Power-2-You: Mulheres no mercado de hidrogênio verde. Conduzido pela pesquisadora Fabíola Correia, o curso é gratuito e apresentará um panorama do setor no Brasil e no mundo.
O projeto integra o H2Brasil, da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela agência alemã de cooperação internacional GIZ e Ministério de Minas e Energia (MME). Informações e inscrições no site do ISI-ER
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